"Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra". (Reuven Feuerstein)

domingo, 14 de setembro de 2014

Autismo: Diagnóstico precoce é fundamental para estimular crianças na comunicação e socialização

"Quando a intervenção é realizada em crianças menores de 3 anos, a melhora é de 80%. Aos 5 anos cai para 70% e acima disso fica muito prejudicada" - Fábio Barbirato, coordenador do Serviço de Atendimento e Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro

Deiseone Matilde Verônica tem 34 anos e há sete ganhou sua primeira e única filha, Thaiane Fernanda Verônica. Quando a garotinha completou seis meses de vida, a mãe começou a desconfiar que havia algo errado em seu desenvolvimento. O primeiro temor era de que o bebê fosse surdo, já que Thaiane era muito parada e quase não se mexia. O exame de audição não apontou problemas, mas por outro lado os pais descobriram que a moleira da criança já estava fechada e a pediatra pediu que a mãe esperasse para monitorar a evolução da filha. Deiseone esperou até que ela completasse nove meses e voltou a procurar especialistas. Quase com 2 anos, Thaiane deu os primeiros passos. Mas só aos 3 foi encaminhada ao Sistema Único de Saúde (SUS), onde um psiquiatra deu o diagnóstico: a menina sofria do transtorno do espectro autista.

“O diagnóstico precoce foi muito bom para minha relação com Thaiane, pois o contato físico e visual dela melhorou e acho que isso também ajudou na socialização”, diz Deiseone. Ela conta que tem uma boa comunicação com a filha. Ela me pede água, pede copo e anda normalmente. Tento proporcionar um bom ambiente para minha filha. Vou com ela à terapia comportamental-cognitiva, fonoterapia e terapia ocupacional. Levo Thaiane na escola e, como é longe, fico lá esperando”, conta a dona de casa, que vive em função da filha. 

Tema constantemente debatido por especialistas, o diagnóstico precoce do autismo – que, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, atinge 70 milhões de pessoas no mundo e no Brasil cerca de 2 milhões –, ainda não é consenso entre os profissionais da área médica. Vem ganhando força porém a tese de que iniciar uma intervenção o quanto antes, quando a criança apresenta os primeiros possíveis sintomas, ajuda os pais a ganhar um tempo precioso para estimular o cérebro de seus filhos portadores do problema. De acordo com Fábio Barbirato, psiquiatra da infância e da adolescência e coordenador do Serviço de Atendimento e Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, hoje é possível detectar o autismo numa criança entre 12 meses e 18 meses de vida. Para isso, porém, é preciso profissionais treinados.

“Há 20 anos, quando comecei a conhecer a psiquiatria da infância, não se falava em diagnósticos antes dos 5 anos de vida”, lembra o psiquiatra. Segundo ele, há 10 anos, apenas uma criança de até cinco anos era atendida por mês em seu consultório e no serviço de saúde. Hoje são em média 20 crianças por semana no consultório e outras 20 no serviço de saúde. Para Barbirato, isso ocorre porque os pais estão perdendo o medo de encarar o problema e levando seus filhos mais cedo ao consultório psiquiátrico.

O autismo, de fato, é uma doença de diagnóstico difícil, que apresenta sinais raramente conclusivos. Quanto antes os pais levarem seus filhos para avaliação médica, melhor. Uma abordagem desse tipo adotada por pesquisadores do Davis Health System, ligado à Universidade da Califórnia (EUA), vem, aparentemente, eliminando sintomas e atrasos no desenvolvimento de crianças autistas que receberam estímulos específicos a partir dos seis meses.

Publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders, o estudo aplicou a terapia chamada infant start (início da infância) em sete crianças diagnosticadas com o transtorno. De acordo com os pesquisadores, o programa busca alterar seis comportamentos que podem ser observados nos primeiros meses de vida: fixação visual em objetos, repetição anormal de movimentos, ausência de atos intencionais de comunicação, desinteresse na interação social, desenvolvimento da fala abaixo do esperado e baixa resposta a interações afetivas pelo olhar e pela voz.

Para implementar a estratégia, os médicos contaram com a participação de importantes aliados, os próprios pais dos pequenos pacientes, que se transformaram em verdadeiros terapeutas dos bebês que tinham entre seis e 10 meses quando começaram a ser tratados. “A mãe e o pai estão ao lado das crianças todos os dias e é nos pequenos momentos, como a troca de fraldas, a hora de comer, os passeios e as brincadeiras, que eles influenciam no aprendizado dos bebês”, explica Sally Rogres, uma das autoras do artigo.

Arthur Kummer, psiquiatra de crianças e adolescentes e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que “o conceito de autismo vem sendo lapidado. A definição atual ressalta que a principal alteração provocada pelo autismo é na habilidade comunicativa. Essa observação vem permitindo a definição de diagnósticos com mais frequência e de casos mais leves.”
Alteração da habilidade comunicativa é um dos principais sintomas que ajudam a definir os casos, segundo o psiquiatra Arthur Kummer.

Comportamento 

Pesquisa do governo americano mostra que o número de casos de autismo em 2010 (últimos dados disponíveis) aumentou quase 30% em relação aos dados anteriores (de 2008), quando se apontava que havia um caso para cada 88 crianças e quase 60% em comparação com 2006, quando foi registrado um caso para 110 crianças normais. A maioria das crianças foi diagnosticada após os 4 anos. Em 2010, essa relação subiu para uma em cada 68 crianças com 8 anos de idade. Os números são do CDC (Center of Diseases Control and Prevention), órgão máximo do governo americano para a saúde. Segundo Barbirato, o espectro autista tem basicamente duas características: na socialização e na comunicação (a criança não fala, nem aponta o que quer, ou fala mas não tem reciprocidade social; algumas podem melhorar a linguagem, mas não conseguem manter um diálogo) e as alterações de comportamento. Entre elas, pode haver uma inflexibilidade com mudanças na rotina, movimentos estereotipados (repetitivos com as mãos ou mexer o corpo de forma anormal), e um interesse não usual na intensidade ou no foco (por exemplo, ficar aficcionado por palitos de picolé). “Quando a intervenção é realizada em crianças menores de 3 anos, a melhora é de 80%. Aos 5 anos, cai para 70%, e acima disso fica muito prejudicada”, observa
.
Risperidona
 
Na última sexta-feira, o Ministério da Saúde anunciou que vai disponibilizar, pela primeira vez no Sistema Único de Saúde (SUS), o medicamento risperidona. A substância age na irritabilidade e agressividade, sintomas comuns no autismo. O ministério estima que a medida será capaz de beneficiar 19 mil pacientes ao ano.

Fonte: http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/09/14/noticia_saudeplena,150355/autismo-diagnostico-precoce-mostra-se-fundamental-para-que-pais-possa.shtml



terça-feira, 9 de setembro de 2014

Fé Jegede: O que eu aprendi com meus irmãos autistas


Hoje, tenho apenas um pedido. Por favor, não digam que sou normal.

Agora, gostaria de apresentar-lhes meus dois irmãos. Remi tem 22 anos, é alto e muito bonito. Ele não fala, mas comunica alegria de uma forma que poucos dos melhores oradores conseguem. Remi sabe o que é o amor. Ele o partilha incondicionalmente e ele o compartilha independentemente, Ele não é mesquinho. Ele não vê a cor da pele. Ele não liga para diferenças religiosas, e ouçam essa: Ele jamais contou uma mentira. Quando ele canta as canções da nossa infância, tentando usar palavras que nem eu consigo recordar. ele me faz lembrar duma coisa: do quão pouco conhecemos a mente, e do quão maravilhoso deve ser o desconhecido.

Samuel tem 16 anos. Ele é alto. É muito bonito. Ele tem uma memória impecável. Contudo, sua memória é seletiva. Ele não se lembra se roubou minha barra de chocolate, mas se lembra do ano de lançamento de cada música no meu iPod, de conversas que tivemos quando ele tinha quatro anos, de ter feito xixi no meu braço durante o primeiro episódio dos Teletubbies, e do dia do aniversário da Lady Gaga.

Não são incríveis? Mas, a maioria das pessoas não concorda. E, porque suas mentes não encaixam na versão que a sociedade tem sobre normalidade, eles são frequentemente deixados de lado e mal compreendidos.

Mas o que me deu ânimo e fortaleceu minha alma é que embora esse fosse o caso, embora eles não sejam considerados pessoas comuns, isto só pode significar uma coisa: que eles são extraordinários -autistas e extraordinários.

Para quem não esteja muito familiarizado com o termo "autismo". trata-se de um distúrbio cerebral que afeta a comunicação social, as habilidades de aprendizado e, às vezes, as habilidades físicas. Ele se manifesta de forma diferente em cada indivíduo. e é por isso que Remi é diferente do Sam. Em todo o mundo, a cada 20 minutos, alguém é diagnosticado com autismo. E, embora seja um dos transtornos dedesenvolvimento que mais cresce no mundo, não se conhece causa ou cura.

Nem consigo lembrar-me do primeiro momento em que me defrontei com autismo, mas não posso me lembrar de um dia sequer sem ele. Eu tinha apenas três anos quando meu irmão nasceu, e eu estava tão entusiasmada por ter um novo ser em minha vida. Depois de alguns meses, percebi que ele era diferente. Ele gritava muito. Ele não queria brincar como os outros bebes, e, de fato, ele não parecia nem um pouco interessado em mim. Remi vivia e reinava no seu próprio mundo, com suas próprias regras, e encontrava prazer nas mínimas coisas, como colocar carros em fila ao redor do quarto e ficar olhando a máquina de lavar, e comer qualquer coisa que estivesse no seu caminho. À medida que foi crescendo, ele era cada vez mais diferente, e as diferenças tornaram-se mais óbvias. Porém, além das birras e das frustrações e da hiperatividade incessante havia algo realmente único: uma natureza pura e inocente, um garoto que via o mundo sem preconceito, um ser humano que jamais mentiu. Extraordinário.

Agora, não posso negar que houve alguns momentos bem desafiadores na minha família, momentos nos quais eu desejava que eles fossem como eu. Mas, eu me recordo das coisas que eles me ensinaram sobre individualidade, comunicação e amor, e percebo que estas são coisas que eu não gostaria de mudar com a normalidade. A normalidade desconsidera a beleza que as diferenças nos traz, e que o fato de sermos diferentes não significa que um de nós esteja errado. Significa apenas que há um tipo diferente de certo. E se eu puder dizer ao Remi apenas uma coisa e ao Sam e para vocês é que vocês não precisam ser normais. Vocês podem ser extraordinários. Porque sendo ou não autista as nossas diferenças - Temos um dom! Todos temos um dom dentro de nós mesmos, e para ser totalmente honesta, a busca da normalidade é o sacrifício extremo da potencialidade. A oportunidade de crescimento, de progresso e mudança morre no momento em que tentamos ser como alguma outra pessoa.

Por favor, não me digam que sou normal. Obrigada.


BAILE DE COMEMORAÇÃO 40 ANOS APAE ITABIRA

60 ANOS APAE NO BRASIL - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais comemora 60 anos da fundação da primeira entidade no Brasil. A APAE é a maior rede que atende à pessoa com deficiência intelectual e múltipla

40 ANOS APAE ITABIRA - é preciso conhecer o papel que as APAES no Brasil vêm desempenhando frente à defesa de direitos e no exercício dos deveres cidadãos das pessoas com deficiência. O foco reside no favorecimento da aprendizagem e do integral desenvolvimento das pessoas com deficiência intelectual e múltipla que atendem.

Muito temos a comemorar e o Sistema Único de Saúde - SUS, credencia a APAE de Itabira, com a interveniência da Secretaria Municipal de Saúde de Itabira, com o Programa do SERDI, que define os serviços Especializados de Reabilitação em Deficiência Intelectual e Transtornos do Espectro Autista (TEA).



























segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Depressão - pode acontecer com você!

 A figura de um cão preto foi usada pelo escritor inglês Samuel Johnson, em 1780, para descrever sua própria depressão e popularizada pelo primeiro-ministro britânico Sir Winston Churchill, que também enfrentou o problema. Usando a metáfora do “grande cão negro”, que é utilizada desde o século 16, o vídeo explica alguns dos sintomas e como a depressão prejudica a vida de uma pessoa. O diálogo, a aceitação, o tratamento e até mesmo o exercício físico são grandes aliados na missão de transformar a assustadora fera em cão domesticado, por mais impossível que isso, às vezes, possa parecer.


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

SAÚDE X APAE

   O Estado de Minas Gerais, por intermédio da Secretaria do Estado da Saúde, órgão Gestor do Sistema Único de Saúde, credencia a APAE de Itabira, com a interveniência da Secretaria Municipal de Saúde de Itabira, com o Programa do SERDI, que define os serviços Especializados de Reabilitação em Deficiência Intelectual e Transtornos do Espectro Autista (TEA).

  Entende-se por SERDI - Tipo I: Realizar avaliação diagnóstica por equipe multidisciplinar com descrição das potencialidades e dificuldades:
  •  Realizar atendimento interdisciplinar para o desenvolvimento de habilidades essenciais para execução de atividades que favorecem a autonomia pessoal, familiar e profissional;
  • Realizar atendimento interdisciplinar para prevenção das alterações comuns ao envelhecimento;
  •  Elaborar o Projeto Terapêutico Individual – PTI para todos usuários;
  • Realizar e registrar em ata reuniões mensais com a equipe para acompanhamento e discussão dos casos clínicos;
  • Promover capacitação e articulação com outros serviços de saúde e as políticas de assistência social e educação;
  • Registrar as informações corretamente no prontuário.

  O SERDI - Tipo II:  
  • Realizar as mesmas atividades descritas para o SERDI - Tipo I;
  • Ter abrangência macro regional;
  • Fornecer supervisão técnica/teórica para o SERDI tipo I;
  • Realizar capacitação dos profissionais do SERDI tipo I;
  • Elaborar materiais de capacitação;
  • Estabelecer parcerias com as empresas visando a inclusão dos usuários no mercado de trabalho;
  •  Promover o uso de tecnologias assistivas para habilitação/reabilitação dos usuários;
  • Estimular a realização de estudos e pesquisas na área de Deficiência Intelectual e Autismo.

  Desde Março de 2014, a APAE está implantando este serviço, sendo Itabira, a cidade pólo em referência e excelência para atender Itabira e Região, mediante a disponibilidade de vaga.

 A APAE conta com duas equipes de profissionais nas áreas de Fisioterapia,Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Psicologia e Serviço Social. O horário de funcionamento da APAE é de 7:00 às 13:00 h e outra equipe de 13:00 ás 19:00 h

  A APAE também oferece atendimento especializado nas áreas de Nutrição e Enfermagem.

 O olhar da reabilitação no contexto da funcionalidade, amplia os horizontes e contextualiza o indivíduo, a família, a comunidade em uma perspectiva mais social, privilegiando aspectos relacionados à inclusão social, o desempenho das atividades e a participação do indivíduo na família, comunidade e sociedade.



Equipe da APAE Itabira: Andréa (psicóloga), Gabriela (fonoaudióloga), Raquel (fonoaudióloga), Naiana (fisioterapeuta), Eliane (assist. social), France Jane (psicóloga e coordenadora Programa Autismo), Miriam (fisioterapeuta), Ana Daniela (assist. social), Luana (nutricionista), Aritânia (terapeuta ocupacional), Sayonara (fisioterapeuta e coordenadora da equipe), Ana Carolina (terapeuta ocupacional), Lorena (enfermeira)


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Software aumenta precisão na triagem de crianças com autismo


Profissionais da área da Psicologia poderão contar em alguns anos com uma ferramenta de análise computacional para realizar a triagem de crianças com transtorno do espectro autista (TEA) com maior precisão.

Um grupo de pesquisadores da University of Minnesota e da Duke University, nos Estados Unidos, em colaboração com colegas do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolveu um software para análise automatizada de vídeos de testes de triagem de autismo.
Alguns dos resultados das análises dos testes feitas pelo software foram descritos na edição de junho da revista Autism Research and Treatment.

"A ideia é que o software possa contribuir para aumentar a acurácia da triagem de crianças com autismo", disse Thiago Vallin Spina, estudante de doutorado no Instituto de Computação da Unicamp e um dos autores do projeto, à Agência FAPESP.

"Nossa meta é ter uma versão do software que possa ser utilizada em escolas de educação infantil, por exemplo, para realizar a triagem de crianças com suspeita de autismo com maior precisão e encaminhá-las para a realização do diagnóstico por especialistas o mais cedo possível", afirmou Spina, que faz doutorado com Bolsa da FAPESP e orientação do professor Alexandre Xavier Falcão.

De acordo com Spina, estudos recentes apontam que muitas crianças com TEA apresentam marcadores comportamentais indicativos de autismo logo no primeiro ano de vida, tais como a dificuldade de desviar o olhar de um determinado ponto para rastrear um estímulo visual.

A fim de tentar detectar mais precocemente esses distúrbios no desenvolvimento infantil - e iniciar uma intervenção clínica intensiva - são feitos comumente três tipos de testes comportamentais, baseados na Escala de Observação de Autismo para Lactentes (AOSI, na sigla em inglês), para avaliar a atenção visual da criança.

No primeiro teste, um brinquedo sonoro é chacoalhado ao lado esquerdo da criança e, em seguida, outro brinquedo é balançado ao lado direito, a fim de avaliar o tempo que ela leva para responder ao segundo estímulo por meio do desvio do olhar.

Já no segundo teste, um brinquedo é movido horizontalmente próximo ao rosto e no campo de visão da criança, para verificar se há algum atraso em rastrear o movimento do objeto.
E no terceiro teste, uma bola é rolada em direção à criança com intuito de verificar se a criança pega a bola e estabelece contato visual e interação social com o especialista.

O problema é que esses testes ocorrem em tempo real e durante sua realização o profissional precisa não apenas controlar o estímulo, como também contar o tempo que a criança leva para reagir, o que torna o diagnóstico impreciso, segundo Spina. "O tempo de atraso da criança para reagir aos estímulos considerado nestas medidas de atenção visual é de um a dois segundos", disse.

"Por isso, o diagnóstico de TEA por meio desses testes depende em grande parte da experiência e acurácia do especialista em identificar com precisão o tempo de atraso na resposta da criança ao estímulo", disse Spina.

Medições automáticas

Para tentar aumentar a precisão dos resultados, os pesquisadores desenvolveram algoritmos (sequências de comandos) de processamento de imagens e de visão computacional, que fazem medições automáticas da atenção visual de crianças durante os testes comportamentais de triagem de TEA a partir da gravação de vídeos das sessões de avaliação.

Para isso, utilizaram gravações de vídeos de testes comportamentais durante sessões de avaliação de TEA realizados por Amy Esler, professora de Pediatria na University of Minnesota, com um grupo de 12 crianças, com idade entre 5 e 18 meses, indicadas para realização dos testes. As gravações foram feitas durante o estágio de pesquisa de Spina na universidade norte-americana, no grupo do professor Guillermo Sapiro.

"Colocamos duas câmeras convencionais de alta resolução na sala onde foram realizadas as sessões de avaliação, sendo uma posicionada no centro da mesa da professora Esler e com foco direcionado para a lateral das crianças, e outra em um canto da sala, para obter uma visão geral do comportamento das crianças durante as sessões", contou Spina.

O software foi capaz de rastrear a direção do rosto das crianças participantes dos testes comportamentais de atenção visual. Para fazer isso, o sistema computacional identificou, inicialmente, a direção dos olhos e do nariz das crianças no primeiro quadro (frame) do vídeo dos testes em relação ao objeto apresentado a elas.
Por meio de algoritmos de visão computacional, o software avaliou se a direção dos olhos e do nariz das crianças se repetia ou mudava nos quadros seguintes do vídeo.

Dessa forma, conseguiu estabelecer vetores de movimento dos olhos e do nariz da criança de um quadro para outro e, por meio de medidas geométricas, estimar em que direção ela estava olhando durante os testes em relação aos objetos - se em direção a eles ou não.

"Como sabia em que direção a criança estava olhando no primeiro quadro do vídeo e qual a posição do objeto, o software foi capaz de rastrear os movimentos dos olhos da criança e indicar se apresentavam ou não um correlação com a direção do brinquedo", explicou Spina.

Os resultados das análises dos vídeos feitas pelo software foram comparados com a avaliação clínica feita por Esler com base na observação em tempo real dos testes e nos próprios vídeos - sem terem passado pelas análises do software - e com as de dois estudantes de graduação em Psicologia e uma psicóloga não especializada em autismo.

A comparação mostrou que o programa foi capaz de detectar sinais comportamentais indicativos de autismo tão bem quanto a especialista e melhor do que a psicóloga e os estudantes de Psicologia.
"O programa permite registrar os tempos de reação da criança a um estímulo visual com até décimos de segundo, uma vez que cada segundo de um vídeo tem 30 quadros", explicou Spina.

Possíveis contribuições

O software representa uma primeira etapa de um projeto de longo prazo, desenvolvido por um grupo multidisciplinar de pesquisadores das áreas de Psicologia, visão computacional e aprendizado de máquina, que visa desenvolver ferramentas de baixo custo, automáticas e de análise quantitativa de dados, que podem ser úteis para identificar crianças com TEA mais precocemente.

Apesar de os sintomas do autismo surgirem muitas vezes cedo e o distúrbio comportamental poder ser diagnosticado nos primeiros anos de vida, a idade média de diagnóstico de TEA em países como os Estados Unidos é próxima aos 5 anos, apontam os autores do artigo.

"O software poderá contribuir para os profissionais da área de Psicologia e pesquisadores em TEA na identificação de marcadores de risco de autismo por meio de análises de grandes quantidades de vídeos do comportamento natural da criança em casa ou na escola ou das próprias sessões de avaliação clínica", disse Spina.

"Além disso, abre portas para a melhoria dos protocolos de avaliação em curso e para descoberta de novas características de comportamento de crianças com TEA, aumentando a granularidade das análises e fornecendo dados em uma escala mais fina", avaliou.

Em sua pesquisa de doutorado, Spina utiliza algoritmos para analisar a partir de vídeos um comportamento motor de posicionamento e movimento de braços identificado como um possível novo sinal característico de autismo.

Denominada assimetria dos braços, o comportamento foi identificado durante estudos realizados nos últimos anos com crianças com autismo com entre 18 meses e 24 meses de idade.
Os autores do estudo identificaram que, diferentemente do andar de crianças sem autismo - cujos braços tendem a ficar ao lado do corpo, em uma posição simétrica e com movimento de balanço - as crianças com autismo apresentam uma posicionamento assimétrico dos braços, com um estendido e outro flexionado na horizontal e para frente.

"Desenvolvemos um software para medir esse comportamento motor específico. A ideia é expandir sua aplicação para medir outros movimentos que também são bastante característicos de crianças com TEA, como o balanço do tronco para frente e para trás", contou Spina.

Já o grupo de pesquisadores da Duke University desenvolve um aplicativo para tablet que pretende substituir a forma como os testes de atenção visual são feitos hoje. O objetivo é imitar os mesmos tipos de interações que os testes com brinquedos e bolas medem, mas sem a necessidade de utilizar os objetos.

"Eles estão discutindo quais tipos de comportamentos indicativos de autismo poderiam ser identificados por esse aplicativo para tablet", contou Spina, que não participa diretamente do projeto. "Pretendemos dar continuidade à cooperação com o Sapiro na Duke University em projeto conjunto após o fim do meu doutorado."

O artigo Computer vision tools for low-cost and noninvasive measurement of autism-related behaviors in infants (doi: 10.1155/2014/935686), de Spina e outros, pode ser lido na revista Autism Research and Treatment em www.hindawi.com/journals/aurt/2014/935686.

domingo, 17 de agosto de 2014

Curso Perfil Psicoeducacional Revisado: PEP-R na AMA de São Paulo

    A  AMA de São Paulo,   ofereceu o curso PEP-R,  dia 16/08/14, na Unidade   Lavapés    em Cambuci. 
  Ministrada pela coordenadora da unidade Lavapés,    a   psicopedagoga Carolina Ramos e Franciny Mancini, o curso foi um sucesso e a  oportunidade de aprendizagem, interação e suporte durante o curso, não poderia ter sido melhor. Parabéns a toda a equipe!

   O Perfil Psicoeducacional Revisado (PEP-R), é um instrumento de avaliação da idade de desenvolvimento de crianças com autismo ou com outros transtornos da comunicação. Serve como alicerce para a elaboração de um planejamento psicoeducacional de acordo com os pressupostos teóricos do modelo TEACCH. Foi concebido para identificar padrões de aprendizagem irregulares e idiossincráticos, destinando-se a crianças cuja faixa etária vai de um a doze anos. As áreas avaliadas são: coordenação motora ampla, coordenação motora fina, coordenação visuo-motora, percepção, imitação, performance cognitiva e cognição verbal. Para cada área foi desenvolvida um escala específica com tarefas a serem realizadas (Schopler, Reichler, Bashford, Lansing & Marcus, 1990).






Susy e Fran

Carolina Ramos



France Jane, Franciny Mancini e Carolina


quinta-feira, 31 de julho de 2014

O Aluno Autista e o Processo de Aprendizagem

A educação do autista é dificultada pela dificuldade de socialização, que faz com que o autista tenha uma consciência pobre da outra pessoa e é responsável, em muitos casos, pela falta ou diminuição da capacidade de imitar, que uns dos pré-requisitos cruciais para o aprendizado, e também pela dificuldade de se colocar no lugar de outro e de compreender os fatos a partir da perspectiva do outro.
Pesquisas mostraram que mesmo nos primeiros dias de vida um bebê típico prefere olhar para rostos do que para objetos. Através das informações obtidas pela observação do rosto dos pais, o bebê aprende e encontra motivação para aprender. Já o bebê com autismo dirige sua atenção indistintamente para pessoas e para objetos, e sua falha em perceber pessoas faz com que perca oportunidades de aprendizado, refletindo em um atraso do desenvolvimento.

Os pais e os profissionais estão bem cientes das dificuldades que as crianças com autismo têm em muitos ambientes educacionais. Em resposta têm desenvolvido programas alternativos e estratégias de intervenção. Embora alguns destes sejam úteis, a maioria enfatiza a correção das dificuldades comportamentais para melhorar o rendimento educacional. Entretanto, um outro aspecto do problema tem recebido menos atenção: as necessidades específicas de aprendizagem desta população especial. As necessidades envolvidas incluem dificuldades organizacionais, distração, problemas em sequenciar, falta de habilidade em generalizar, e padrões irregulares de pontos fortes e pontos fracos. Embora nenhum destes se aplique à população inteira dos alunos com autismo, estes problemas de aprendizagem são vistos em um grau significativo em uma porcentagem grande destes alunos.

A organização é difícil para alunos com autismo. Requer uma compreensão do se quer fazer e um plano para a execução. Estas exigências são suficientemente complexas, inter-relacionadas e abstratas para apresentar obstáculos incríveis para alunos com autismo. Quando fica cara a cara com demandas organizacionais complexas, eles ficam frequentemente imobilizados e muitas vezes nunca não são capazes de executar as tarefas pedidas.

O desenvolvimento de hábitos sistemáticos e rotinas de trabalho tem sido uma estratégia eficaz para minimizar estas dificuldades organizacionais. Os alunos com rotinas de trabalho estabelecidas da esquerda para a direita, de cima para baixo, não param de trabalhar para planejar onde começar e como prosseguir. As dificuldades organizacionais são minimizadas também com as listas de verificação, programações e instruções visuais mostrando concretamente aos alunos autistas o que foi completado, o que precisa ser terminado e como prosseguir.

A distração é outro problema comum dos alunos com autismo. Ela toma diversas formas na sala de aula: reagindo aos ruídos externos de carro, acompanhando visualmente os movimentos na sala de aula, ou “estudando” o lápis do professor na mesa ao invés de terminar o trabalho pedido. Embora a maioria de alunos autistas seja distraída por alguma coisa específica, as distrações divergem consideravelmente de uma criança para outra.

A identificação do que distrai cada aluno é o primeiro passo para ajudá-los. Para alguns podem ser estímulos visuais, enquanto para outros podem ser auditivos. As distrações podem estar respondendo a ruídos externos ou a movimentos visuais como também podem não se concentrar em aspectos centrais de tarefas pedidas. As avaliações cuidadosas das distrações individuais são cruciais. Depois destas avaliações as modificações ambientais podem ser feitas: podem envolver a disposição física da área de trabalho do aluno, a apresentação de tarefas relacionadas ao trabalho, ou muitas outras possibilidades.

A sequenciação é outra área de dificuldade. Estes alunos frequentemente não podem se lembram da ordem precisa das tarefas, porque se atém de forma concreta a detalhes específicos e nem sempre vêm relação entre elas. Porque as sequências implicam nestas relações, são frequentemente desconsideradas.

As rotinas consistentes de trabalho e as instruções visuais compensam essas dificuldades. As instruções visuais podem destacar sequências de eventos e fazer com que os alunos autistas se lembrem da ordem adequada a seguir. A figura visual permanece atual e concreta, ajudando o aluno seguir a sequência desejada. O estabelecimento de hábitos sistemáticos de trabalho é também útil; um aluno que trabalhe sempre da esquerda para a direita pode ter o trabalho apresentado na sequência correta.

As dificuldades com generalização são bem conhecidas no autismo e têm implicações importantes para práticas educacionais. Os alunos com autismo frequentemente não podem aplicar o que aprenderam em uma situação específica a ambientes/contextos semelhantes. A generalização adequada requer uma compreensão dos princípios fundamentais nas sequências aprendidas e nas maneiras sutis pelas quais elas são aplicáveis a outras situações. Atendo-se a detalhes específicos, os alunos com autismo frequentemente perdem esses princípios centrais e suas aplicações.

A colaboração entre os pais e profissionais e a instrução de base comunitária são maneiras importantes para melhorar a generalização nos alunos com autismo. Quanto maior for o empenho pela coordenação entre a casa e a escola, maior a probabilidade dos alunos aplicarem o que aprenderam a situações/contextos/ambientes diferentes. O uso de abordagens semelhantes e a ênfase em habilidades semelhantes são as maneiras pelas quais os pais e os profissionais podem colaborar para melhorar as habilidades da generalização das habilidades de seus alunos.

Um ensino de base comunitária é também importante para melhorar as habilidades de generalização. Porque o objetivo final é um treinamento bem sucedido de base comunitária, as atividades devem estar disponíveis em todos os programas educacionais. Isto deveria incluir passeios regulares ao campo real de atuação com uma freqüência crescente à medida que os alunos ficam mais velhos, oferecer oportunidades de trabalhos na comunidade em contextos “reais”, e atividades de lazer na comunidade.

Dentre os modelos educacionais para o autista, um dos mais importantes é o método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication Handicapped Children, em português, Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Desvantagens na Comunicação), desenvolvido pela Universidade da Carolina do Norte e que tem como postulados básicos de sua filosofia: 

  • propiciar o desenvolvimento adequado e compatível com as potencialidades e a faixa etária do paciente;
  • funcionalidade (aquisição de habilidades que tenham função prática);
  • independência (desenvolvimento de capacidades que permitam maior autonomia possível);
  • integração de prioridades entre família e programa, ou seja, objetivos a serem alcançados devem ser únicos e a estratégias adotadas devem ser uniformes.
Dentro desse modelo, é estabelecido um plano terapêutico individual, onde é definida uma programação diária para a criança autista. O aprendizado parte de objetos concretos e passa gradativamente para modelos representacionais e simbólicos, de acordo com as possibilidades do paciente.

O papel do professor

A escola oferece um ambiente propício para a avaliação emocional das crianças e adolescentes por ser um espaço social relativamente fechado, intermediário entre a família e a sociedade. É na escola onde a performance dos alunos pode ser avaliada e onde eles podem ser comparados estatisticamente com seus pares, com seu grupo etário e social.

Dentro da sala de aula há situações psíquicas significativas, nas quais os professores podem atuar tanto beneficamente quanto, consciente ou inconscientemente, agravando condições emocionais problemáticas dos alunos. Por exemplo, as crianças autistas não compreendem como se estabelecem as relações de amizade. Algumas não têm amigos, enquanto outras pensam que todos em sua sala de aula são seus amigos. Os alunos podem trazer consigo um conjunto de situações emocionais intrínsecas ou extrínsecas, ou seja, podem trazer para escola alguns problemas de sua própria constituição emocional (ou personalidade) e, extrinsecamente, podem apresentar as conseqüências emocionais de suas vivências sociais e familiares.

Os perfis irregulares das habilidades e dos déficits são características bem documentadas nos alunos com autismo. Também estão entre os mais difíceis para se desenvolver programas específicos. Um aluno autista pode ter a habilidade extraordinária de estabelecer relações espaciais ou de entender conceitos numéricos, mas ser incapaz de usar estes pontos fortes por causa das limitações organizacionais e de comunicação. São necessários professores com habilidade e com experiência, em ensinar na presença destes pontos fortes e fracos tão singulares.

Ensinar alunos com esta ampla gama de habilidades requer avaliações completas de todos os aspectos de seu funcionamento. Isto não pode se restringir às habilidades acadêmicas, mas deve também incluir os estilos de aprendizagem, distratibilidade, funcionamento em situações de grupo, em habilidades independentes, e em tudo mais que possa ter impacto sobre a situação de aprendizagem. Os estilos de aprendizagem são especialmente importantes para o processo da avaliação porque são essenciais para liberar o potencial de aprendizagem.

Como cada criança com autismo processa a informação e quais são as melhores estratégias de ensino devido à singularidade de seus pontos fortes, interesses e habilidades em potencial? Um professor hábil pode abrir a porta para várias oportunidades. Os adultos com o autismo que trabalham em bibliotecas, com computadores, em restaurantes, e muitos outros ambientes; são evidências de que, se tiverem instrução adequada, podem se tornar adultos produtivos. Porém, um número excessivo de programas de educação não reconhece os pontos fortes e déficits singulares deste grupo enigmático de aprendizes.

A principal possibilidade para uma melhoria constante é uma maior consideração das suas singularidades e mais treinamento para profissionais para ajudá-los a entender seus estilos de aprendizagem.


quarta-feira, 30 de julho de 2014

PALESTRA NA APAE

Mais uma palestra para pais e profissionais da APAE de Itabira, sobre o ¨Transtorno do Espectro Autista. 

O conhecimento só se torna imprescindível e recompensador quando compartilhado.






ranstorno do Espectro Autista

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A ligação entre autismo e canabinóides

Este poderia ser o tratamento para o autismo?
Estudos recentes indicam que os compostos encontrados na marijuana pode ser usado para tratar com êxito o autismo.


http://www.the-scientist.com/?articles.view/articleNo/35088/title/A-Link-Between-Autism-and-Cannabinoids/

domingo, 29 de junho de 2014

Muitas crianças autistas não verbais superam atrasos severos de linguagem

Imagem: Autism Speaks

Imagem: Autism Speaks

Muitos pais de crianças autistas ouviram que, se seus filhos não estivessem falando por volta dos 4 ou 5 anos, eles ou elas, provavelmente, não iriam mais fazer isso. Alguns pesquisadores contrariaram essa visão – citando casos de crianças que desenvolveram linguagem durante o ensino fundamental ou até na adolescência. Hoje, um estudo com mais de 500 crianças confirma esses relatos promissores.
   
Cientistas do Centro para Autismo e Transtornos Relacionados, em Baltimore, pesquisaram informações de 535 crianças, entre os 8 e 17 anos de idade, diagnosticadas com autismo e com atraso severo de linguagem aos 4 anos. Nessa idade, os atrasos de fala dessas crianças variavam do totalmente não verbal até o uso de palavras isoladas ou frases sem verbos.

Os pesquisadores descobriram que, de fato, muitas dessas crianças progrediram no sentido de adquirir linguagem. Quase metade (47%) se tornaram fluentes na fala. E quase dois terços (70%) podiam falar usando frases simples.

Os pesquisadores também queriam entender os fatores que poderiam prever se uma criança autista com atraso severo de linguagem poderia, eventualmente, desenvolver a fala. Eles descobriram que a maioria das crianças que desenvolveu linguagem tinha QIs mais altos (avaliados em testes não verbais) e grau de comprometimento social mais baixo. E o que é mais surpreendente: os pesquisadores descobriram que o nível de comportamentos repetitivos e interesses restritos da criança NÃO afetou a probabilidade de desenvolver linguagem.


“Essas descobertas dão esperança aos pais, de que seus filhos com atrasos de linguagem vão desenvolver-se no sentido de adquirir a fala no ensino fundamental ou até na adolescência”, disse Geraldine Dawson, Ph.D e líder da divisão de Ciência da Autism Speaks. “O destacamento de premissas importantes na aquisição da linguagem – especialmente o papel das habilidades cognitivas e sociais não verbais – também sugere que focar nessas áreas na intervenção precoce irá ajudar a promover a linguagem.”


sábado, 21 de junho de 2014

Dá pra educar sem palmada. É o que ensina uma cartilha

Dá pra educar sem palmada. É o que ensina uma cartilha

A polêmica sobre a Lei Menino Bernardo, aprovada em maio de 2014, e que proíbe a aplicação de castigos físicos em crianças, continua aquecendo muitas discussões. Mas, se você, que atua na Primeira Infância, acredita que é possível educar e estabelecer limites sem o uso de tapas, palmadas e afins, vai gostar deste post, que traz uma novidade importante ao seu trabalho com famílias de crianças pequenas.

Este post foi inspirado na matéria publicada no site Uai, de autoria de Valéria Mendes. A introdução dele é tão didática, que resolvemos publicá-la aqui:
“O raciocínio é simples. Digamos que algum parente ou o seu melhor amigo derramasse uma taça de vinho na toalha branquinha que você escolheu para estrear naquele  almoço especial. Você gritaria ou bateria em algum deles? Agora suponhamos que um ou outro não comesse todo o alimento que eles próprios colocaram no prato. Você insistiria, tentaria forçar a comida goela abaixo, perderia e paciência e se exaltaria? E se algum deles começasse a chorar? Sua reação seria tentar entender o motivo ou simplesmente ignorar a reação?”.
A repórter ilustra situações cotidianas de famílias e faz essa reflexão sobre como lidar com elas, lembrando que crianças são bem mais frágeis que os adultos, também mais passíveis de cometer erros, afinal, estão aprendendo. Por isso, é que precisam de mais paciência e compaixão dos adultos.
Ela também explora a bandeira de muitos adultos que, contra a Lei, argumentam que sem tapas ou palmadas estaremos criando uma geração de crianças mimadas. Mas, ela mesma rebate esse argumento, lembrando os números alarmantes dos 85% dos casos de abuso físico violento que começam com uma palmada.
É claro que quando um adulto bate na criança, por mais “leve” que seja, ele está irritado, mesmo que minimamente. Diante dos desafios dos pequenos à sua autoridade (que é uma dinâmica natural entre pais e filhos e faz parte do desenvolvimento infantil), ele pode ficar mais bravo e aumentar a potência da palmada… E assim por diante. O que se sabe é que as agressões contra a criança são a quarta causa de óbito entre meninos e meninas de zero a nove anos no País. E isso tem de acabar.
Ao invés de mostrar o que é bom e o que não é, a palmada, e qualquer outro artifício desse tipo, pode virar agressão mais grave, longe de ser educativa.
Pensando em mostrar aos pais que sem palmada é possível criar crianças saudáveis, educadas, sabedoras de seus limites, o grupo ‘Crescer sem violência’ e seus parceiros elaboraram uma cartilha sobre por que e como educar sem agressão física.
O documento foi traduzido de um projeto da autoria de Al Crowell que, no seu estudo, mostra as diferentes reações de meninos e meninas às palmadas. Também comenta que dificuldades de aprendizado, de relacionamento, isolamento podem ser consequências dessas agressões.
A cartilha é um instrumento de conscientização de famílias no seu trabalho pela Primeira Infância. Além de ter uma linguagem simples, ela explora os cinco estágios do desenvolvimento infantil e a importância de cada um deles na formação do indivíduo.
Todos os conceitos partem da experiência de um casal e sua criança pequena, em diálogos e narrativas como os de histórias em quadrinhos. Há questões para reflexão, sugestões de leitura e algumas orientações de como agir em determinadas situações.
Vale a pena fazer o download, que é gratuito, e usar mais esta ferramenta para seu trabalho em favor de um saudável e pleno desenvolvimento infantil.

Fonte:http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/da-pra-educar-sem-palmada-e-o-que-ensina-uma-cartilha/