"Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra". (Reuven Feuerstein)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Programas de ensino: Sentar e Levantar

ADAPTAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA AUTISTAS

Adaptação de Material Didático para Autistas - Parte #2/5

Adaptação de Material Didático para Autistas - Parte #3/5

Adaptação de Material Didático para Autistas - Parte #4/5

Adaptação de Material Didático para Autistas - Parte #5/5

Dicas de ensino para crianças e adultos com autismo


"Bons professores me ajudaram a atingir o sucesso. Eu estava pronto para superar o autismo porque eu tive bons professores. Na idade de dois anos e meio, eu fui colocado num berçário estruturado com professores experientes. Desde a idade de muito cedo, fui ensinado a ter boas maneiras e a me comportar a mesa do jantar. Crianças com autismo precisam ter o dia estruturado e professores que saibam ser firmes, mas humanos."

1) Muitas pessoas com autismo são pensadores visuais.

"Eu penso por imagens. Eu não penso por linguagem. Todos os meus pensamentos são como vídeo-tapes correndo em minha imaginação. Imagens são minha primeira linguagem. Os substantivos foram as palavras mais fáceis de aprender, porque eu podia formar uma imagem em minha mente.
Para aprender palavras como "embaixo" e "em cima", o professor pode mostrá-las para a criança. Por exemplo: Pegar o avião de brinquedo e dize: "em cima", enquanto faz o avião levantar da cadeira."


2) Deve-se evitar séries de instruções verbais longas.

"Eu sou inábil em lembrar seqüências. Se eu pergunto a localização de um posto de gasolina, eu posso lembrar apenas três passos. Localização com mais de três instruções tem que ser escritas. Eu ainda tenho dificuldade de lembrar números de telefones, porque eu não posso formar uma
imagem em minha mente.
Pessoas com autismo têm problemas de lembrar seqüências. Se a criança sabe ler, escreva as instruções no papel. "

3) Muitas crianças com autismo são bons desenhistas, artistas e programadores de computador.

"Estes tipos de talento poderiam ser encorajados. Eu penso que há necessidade de dar mais ênfase no desenvolvimento dos talentos das crianças."

4) Muitas crianças autistas têm fixação em um assunto, como trens ou mapas.

"A melhor forma de trabalhar com essas fixações é usá-las como motivos de trabalhos escolares. Ex.: Se uma criança gosta de trens, então use trens para ensiná-la a ler e fazer cálculos. Leia um livro sobre trens e faça problemas matemáticos com trens. Por exemplo: calcule a distância que um trem percorre para ir de Nova Iorque a Washington."

5) Use métodos visuais concretos para ensinar números e conceitos.

"Meus pais me deram um brinquedo matemático que me ajudou a aprender números. Ele consistia em um jogo de blocos que tinha comprimentos diferentes e cores diferentes para os números de uma a dez. Com isto, eu aprendi a adicionar e subtrair. Para aprender frações, meu professor tinha uma maçã de madeira cortada em quatro partes e uma pêra cortada ao meio. A partir daí, eu aprendi o conceito de quatro e metades."


6) "Eu tinha a pior letra da minha classe", o que fazer?

Muitas crianças autistas têm problemas com controle motor de suas mãos. Letra bonita é algumas vezes muito difícil. Isto pode frustrar totalmente a criança. Para reduzir a frustração e ajudar a criança a adquirir escrita, deixe-a digitar no computador. Digitar é, as vezes, muito mais fácil."

7) O desafio de aprender a ler.

"Algumas crianças autistas aprenderão a ler mais facilmente por métodos fônicos, e outras aprenderão com a memorização das palavras. Eu aprendi pelo método fônico."


8) O incômodo com sons altos.

" Quando eu era uma criança, sons altos como o da campainha da escola, feriam os meus ouvidos como uma broca de dentista fere um nervo. Crianças com autismo precisam ser protegidas de sons que ferem seus ouvidos. Os sons que causam os maiores problemas são: campainhas de escola, zumbidos no quadro de pontuação dos ginásios, som de cadeiras se arrastando pelo chão. Em muitos casos a criança estará pronta para tolerar o sino ou zumbido se ele for abafado simplesmente pelo recheio de um tecido, papel ou um tipo de cadarço ou cordão. O arrastar de cadeiras pode ser silenciado com colocação de borrachas de tênis ou carpetes. A criança pode temer uma determinada sala, porque tem medo que de repente possa ser submetida ao agudo do microfone vindo do sistema amplificador. O medo de um som horrível pode causar péssimo comportamento."

9) Algumas pessoas autistas são importunadas por distrações visuais ou luzes fluorescentes.

"Elas podem ver a centelha do ciclo 60 de eletricidade. Para evitar este problema, coloque a carteira da criança perto da janela ou tente evitar usar luzes fluorescentes. Se as luzes não podem ser evitadas, use as lâmpadas mais novas que você puder conseguir. Lâmpadas mais novas tremem menos."


10) Algumas crianças autistas hiperativas serão por vezes acalmadas se elas forem vestidas com um colete com enchimento.

"A pressão da roupa ajuda a acalmar o sistema nervoso. Eu fui grandemente acalmado por pressão. Para melhores resultados, a roupa poderia ser vestida por vinte minutos e então retirada por alguns minutos. Isto previne o sistema nervoso de se adaptar a ela."

11) Interação para melhorar o contato visual e a fala.

"Algumas pessoas com autismo em particular, responderão melhor e terão melhorado o contato visual e a fala se o professor interagir com elas enquanto estiverem nadando ou rolando em uma esteira. A introdução sensória pelo balanço ou a pressão de esteira algumas vezes ajuda a melhorar a fala. O balanço pode ser feito como um jogo divertido. Ele NUNCA deve ser forçado."


12) Algumas crianças e adultos podem cantar melhor que falar.

"Eles podem responder melhor se as palavras forem cantadas para eles. Algumas crianças com extrema sensibilidade sonora responderão melhor se o professor falar com elas em um leve sussurro."


13) Algumas crianças e adultos não-verbais podem não processar estímulos visuais e auditivos ao mesmo tempo.

"Elas são monocanais. Elas podem não ver ou ouvir ao mesmo tempo, e não podem ser chamadas a ver e ouvir ao mesmo tempo. A elas poderá ser dada ou uma tarefa auditiva ou uma tarefa visual. Seu sistema nervoso imaturo não está apto a processar simultaneamente estímulos visuais e auditivos."


14) Em crianças não-verbais mais velhas e adultos, o tato é algumas vezes seu senso mais confiável.

"Letras podem ser ensinadas ao deixá-las tatear letras plásticas. Crianças autistas podem aprender sua rotina diária, sentindo objetos alguns minutos antes da atividade programada. Por exemplo: 15 minutos antes do almoço, dê a elas uma colher para segurar. Alguns minutos antes de sair de carro, deixe-as pegar um carrinho de brinquedo."

Fonte: Autism.org | Traduzido por Kathia, Delegada regional – MG
Texto adaptado para publicação no site do Instituto Indianópolis.


A Terapia de Integração Sensorial: Aspectos Práticos


A  aprendizagem depende da habilidade do indivíduo receber informações sensoriais do meio ambiente e dos movimentos de seu corpo, de processar e integrar essas informações no SNC e usá-las para planejar e organizar o comportamento.

2. Quando o indivíduo tem déficits no processamento e integração de informação provenientes do corpo e do ambiente, isso pode interferir na aprendizagem motora e também de conceitos.

3. Ao se dar oportunidade para obtenção de informação sensorial mais rica, dentro de um contexto de atividades significativas, promovemos o planejamento e organização de respostas adaptativas, que vão melhorar a habilidade do SNC de processar e integrar informação sensorial e, através desse processo, aumentar aprendizagem conceitual e motora.

Princípios Básicos da Terapia de Integração Sensorial

1. Participação ativa: nunca se força a criança a fazer uma atividade. A participação tem de ser espontânea.

2. Dirigida pela criança. A verdadeira arte da terapia está em conseguir atingir os objetivos sem impor atividades ou estruturar demais a sessão de terapia.

3. Tratamento individualizado. As necessidades específicas de cada criança têm de ser tomadas em consideração e revistas constantemente.

4. Atividade com objetivo: a sessão de IS nunca é composta de exercícios para se aprender uma habilidade; as atividades acontecem dentro de um contexto.

5. Necessidade de resposta adaptativa: Bundy fala no “desafio na medida certa” (Just right).

6. O estimulo varia de acordo com a resposta da criança; deve haver uma constante reorganização do plano da sessão em função da necessidade da criança naquele momento.

7. Foco no ambiente, pensar em maneiras de “alimentar” os sistemas nervoso e emocional da criança via organização do ambiente. Motivar e dar liberdade para explorar.

8. Atividade ricas em estímulos proprioceptivos e vestibular: esses dois componentes são considerados fundamentais para caracterizar tratamento com base em IS.

9. A terapia tem o objetivo implícito ou declarado de melhorar processamento e organização das sensações (não ensinar uma habilidade específica).

10. A observação é seu melhor guia – observar atentamente a criança, suas atividades preferidas e padrão de resposta a certos estímulos ou situações.

11. Lembrar: a terapia só faz sentido quando os sinais de disfunção de integração sensorial tem impacto no desempenho funcional diário da criança. O plano de tratamento e relatório evolutivo devem sempre refletir ganhos funcionais que se espera obter com terapia.

12. Apesar da ênfase na intervenção direta, não se deve desconsiderar os efeitos da intervenção indireta e consultoria com pais e professores, que vão expandir os efeitos da trabalho realizado individualmente com a criança ( = nova forma de “ver” a criança).

13. Esse tipo de tratamento só deve ser administrado por terapeuta com treinamento adicional na área.

O que guia a sessão de terapia é o postulado que “podemos facilitar o desempenho do SNC (e consequentemente as bases da aprendizagem motora ou acadêmica) dando ao cliente oportunidades para receber informação sensorial enriquecida no contexto da participação ativa.”
Koomar e Bundy, descrevem de maneira perfeita o que é o trabalho do terapeuta:

“ Quando o cliente entra na sala de terapia, precisamos estar preparados de uma variedade de maneiras ao mesmo tempo. Imediatamente entramos em um “diálogo” com o cliente durante o qual ouvimos, observamos e comunicamos. Aprendemos sobre a prontidão do cliente para começar a sessão e o estado de seu SNC. Estabelecemos uma interação “lúdica” em que tecemos a confiança do cliente através de sinais que asseguram que não se exigirá mais do que ele pode dar. Colaboramos com o cliente para criar atividades que tocam sua motivação interna para explorar e dominar e que promovem auto-direção e crescimento. Habilmente ajustamos as atividades de modo que promovem o desafio “Just right” e facilitamos o fluir de uma atividade para outra conforme a sessão progride. Esta é a arte da terapia, que depende em grande parte de nossa experiência clínica e treinamento, nossa habilidade de observação e comunicação, além de intuição. Também criamos uma sequência de atividades que a) refletem logicamente a teoria de integração sensorial, b) as necessidades do cliente e c) facilitam a aquisição dos objetivos. Esta é a ciência da terapia. Deriva-se de nossa compreensão da teoria de integração sensorial e nosso conhecimento de como a teoria se aplica a esse cliente em particular.” ( Lívia Magalhães e Heloíza Goodrich)

Fonte: Pró Auti

              

Dicas de Acomodações Sensoriais


  • Se seu filho anda muito depressa, coloque uma mochila com um peso que não o prejudique, mas que faça ele sentir o peso. Ajuda a acomodar o sistema proprioceptivo
  • Se seu filho não consegue perceber o limite de água a colocar no copo, tente um copo colorido, ele pode ter dificuldade em perceber o que é água e o que é vidro. No copo colorido ele vê a água
  • Se seu filho anda nas pontas dos pés, um calçado pesado e que fazem a curvatura do pé, podem ativar os propriocepvios plantares ajudando na consciência corporal e adequando a postura
  • Se se filho não para sentado para comer ou fazer alguma atividade, alguns pesinhos de porta como aquela cobrinhas no colo dele, podem acalmar e organizar
  • Escovas elétricas ajudam na escovação
  • Para dormir, luz apagada, uma coberta pesada por cima dele e cds com músicas suaves ou uma pequena fonte ajuda a acalmar. Já ondas eletromagnéticas de Tvs, computadores e também tic-tac de relógios, pode ficar de fora nesse momento
  • Abajur com luz azul pode ajudar se seu filho não gosta de escuro e luzes normais podem incomodar
  • Trocar as lâmpadas fluorescentes, podem agradar seu filho;
  • Se você mapear o ambiente da criança, você pode ajudá-la a se acalmar e se organizar, como por exemplo no banho utilizar um tapetinho de borracha para ele ficar em cima, na hora de se enxugar, um tapetinho bem felpudo, somente alguns exemplos
  • Realizar brincadeiras com lanternas no escuro, estimula o sistema visual e vestibular
  • Brincar com feijão, espuma de barbear, na areia, na grama, estimula o estímulo tátil
  • Brincar com Walk-Talkie, estimula o auditivo
  • Fazer brincadeiras de circuitos, obstáculos para ele passar, almofadas, estimula o proprioceptivo, vestibular e coordenação motora
  • Explorar brincadeiras em parques é um ótimo estimulo vestibular!

 Fonte: Patrícia Piacentinni                

ENCONTRANDO UM MÉDICO E INICIANDO O TRATAMENTO


Encontrar um médico que entenda o autismo poderá ser um obstáculo, mas que você terá que ultrapassar. Porquê? Ao menos que o médico tenha tido experiência com autismo, é muito improvável que ele seja capaz efetivamente de ajudá-lo e tratar essa condição.
Autismo não é um simples transtorno invasivo do comportamento que pode ser melhorado ou curado com uma simples medicação ou algumas poucas visitas ao psiquiatra. É uma desordem muito séria que afeta cada pessoa diferentemente, tornando cada caso específico e único.
Contudo se você ou o pediatra de seu filho suspeitam de autismo, é decisivo para a sua criança e o futuro dela, que ela seja encaminhada à um especialista em diagnosticar e tratar as desordens do espectro autista. Isto significa que sua criança pode necessitar mais do que um médico ou profissinal especializado em autismo.
 O tratamento efetivo do autismo consiste em um tratamento global, envolvendo vários profissionais, trabalhando em conjunto e com avaliações periódicas visando o desenvolvimento pleno do indivíduo com a síndrome.

 A lista de profissionais especialistas que devem fazer parte da equipe multidisciplinar que uma criança autista:
- Psiquiatra infantil: Pode ajudar a determinar o diagnóstico inicial, prescrever medicações e ajudar o autista a lidar com as relações sociais e a desenvolver o seu comportamento emocional.
- Psicólogo clínico: Especialista que entenda sobre a natureza e o impacto do autismo. Esse profissional deve conduzi-lo a um teste psicológico e assistí-lo no treino de habilidades sociais e modificação de conduta.
- Pediatra especialista em desenvolvimento infantil: Trata os problemas de saúde e os problemas relacionados a defasagens e atrasos do desenvolvimento.
- Fonoaudiólogo: Ajuda a desenvolver a comunicação, focalizando na linguagem e no uso da fala.
- Terapeuta ocupacional: Foca em ajudar o autista a desenvolver a prática da vida diária e autocuidados, como comer e se vestir adequadamente. Esse profissional pode ajudar ainda a adquirir habilidades na coordenação motora grossa e fina e na integração sensorial.
   A terapia ocupacional tem duas vertentes importantes: os trabalhos que desenvolvem as habilidades para atividades de vida diária e, os trabalhos de integração sensorial.
- Fisioterapeuta: Ajuda a criança a se desenvolver motoramente através de exercícios para os músculos, nervos e ossos.

A partir do momento que você encontrar os profissionais que precisa,é essencial que você trabalhe junto com eles. A razão para isso é que embora o profissional tenha experiência com autismo, você é a pessoa mais experiente quando se trata de informações específicas relacionadas às habilidades e necessidades do seu filho.
Para você efetivamente colaborar e trabalhar junto com um profissional, você precisa:
 - Educar-se: aprender o máximo possível sobre autismo;
- Preparar-se: Escrever qualquer questão ou assunto relacionado a sua criança, ao autismo ou ao tratamento e debatê-lo com o profissional;
- Libertar-se: Você não tem que concordar com tudo que o profissional fala. Se você não concorda com uma recomendação, faça-se ouvir.

Se você está com dificuldades de saber aonde você pode encontrar especialistas em autismo, temos sugestões a seguir:
- Na sua comunidade: Visite o seu convênio médico, hospital, farmacêutico e pergunte se eles conhecem alguém especialista em diagnosticar e tratar o autismo. Mas lembre-se, mesmo que você seja indicado à um especialista, ele pode não ser a pessoa que você esteja procurando e deseja. Não tenha receio de questioná-lo sobre sua experiência.
- Na internet: A internet é um fantástico meio de pesquisa e tem inúmeras e valiosas informações sobre autismo, como entender e ajudar efetivamente um autista.
- Nos grupos de suporte: Se envolver e fazer parte de um grupo de suporte criado para apoiar o autista e seus familiares, pode ser extremamente favorável para encontrar os profissionais, já que você pode pedir por recomendações. Os grupos de suporte também dão encorajamento nos momentos difíceis e te permite a oportunidade de discutir o autismo com outras pessoas que conhecem e sabem pelo o que você está passando.