"Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra". (Reuven Feuerstein)

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Infância não é carreira e filho não é troféu

Nesse mundo contemporâneo, ter, ser, saber, parecem fazer parte de uma competição. Nesse mundo, alguns pais e algumas mães acabam acreditando que é preciso que seus filhos saibam sempre mais que os filhos de outros. E isso sim seria então sinal de adequação e o mais importante: de sucesso.

O que uma criança deve saber aos 4 anos de idade? Essa foi a pergunta feita por uma mãe, em um fórum de discussão sobre educação de filhos, preocupada em saber se seu filho sabia o suficiente para a sua idade.
Segundo Alicia Bayer, no artigo publicado em um conhecido portal de notícias americano – The Huffngton Post -, o que não só a entristeceu mas também a irritou foram as respostas, pois ao invés de ajudarem a diminuir a angústia dessa mãe, outras mães indicavam o que seus filhos faziam, numa clara expressão de competição para ver quem tinha o filho que sabia mais coisas com 4 anos. Só algumas poucas indicavam que cada criança possuía um ritmo próprio e que não precisava se preocupar.

Para contrapor às listas indicadas pelas mães, em que constavam itens como: saber o nome dos planetas, escrever o nome e sobrenome, saber contar até 100, Bayer organizou uma lista bem mais interessante para que pais e mães considerem que uma criança deve saber.
Veja alguns exemplos abaixo:

  • Deve saber que a querem por completo, incondicionalmente e em todos os momentos.
  • Deve saber que está segura e deve saber como manter-se a salvo em lugares públicos, com outras pessoas e em distintas situações.
  • Deve saber seus direitos e que sua família sempre a apoiará.
  • Deve saber rir, fazer-se de boba, ser vilão e utilizar sua imaginação.
  • Deve saber que nunca acontecerá nada se pintar o céu de laranja ou desenhar gatos com seis patas.
  • Deve saber que o mundo é mágico e ela também.
  • Deve saber que é fantástica, inteligente, criativa, compassiva e maravilhosa.
  • Deve saber que passar o dia ao ar livre fazendo colares de flores, bolos de barro e casinhas de contos de fadas é tão importante como praticar fonética. Melhor dizendo, muito mais importante.

E ainda acrescenta uma lista que considera mais importante. A lista do que os pais devem saber:

  • Que cada criança aprende a andar, falar, ler e fazer cálculos a seu próprio ritmo, e que isso não tem qualquer influência na forma como irá andar, falar, ler ou fazer cálculos posteriormente.
  • Que o fator de maior impacto no bom desempenho escolar e boas notas no futuro é que se leia às crianças desde pequenas. Sem tecnologias modernas, nem creches elegantes, nem jogos e computadores chamativos, se não que a mãe ou o pai dediquem um tempo a cada dia ou a cada noite (ou ambos) para sentar-se e ler com ela bons livros.
  • Que ser a criança mais inteligente ou a mais estudiosa da turma nunca significou ser a mais feliz. Estamos tão obstinados em garantir a nossos filhos todas as “oportunidades” que o que estamos dando são vidas com múltiplas atividades e cheias de tensão como as nossas. Uma das melhores coisas que podemos oferecer a nossos filhos é uma infância simples e despreocupada.
  • Que nossas crianças merecem viver rodeadas de livros, natureza, materiais artísticos e a liberdade para explorá-los. A maioria de nós poderia se desfazer de 90% dos brinquedos de nossos filhos e eles nem sentiriam falta.
  • Que nossos filhos necessitam nos ter mais. Vivemos em uma época em que as revistas para pais recomendam que tratemos de dedicar 10 minutos diários a cada filho e prever um sábado ao mês dedicado à família. Que horror! Nossos filhos necessitam do Nintendo, dos computadores, das atividades extraescolares, das aulas de balé, do grupo para jogar futebol muito menos do que necessitam de nós. Necessitam de pais que se sentem para escutar seus relatos do que fizeram durante o dia, de mães que se sentem e façam trabalhos manuais com eles. Necessitam que passeiem com eles nas noites de primavera sem se importar que se ande a 150 metros por hora. Têm direito a ajudar-nos a fazer o jantar mesmo que tardemos o dobro de tempo e tenhamos o dobro de trabalho. Têm o direito de saber que para nós são uma prioridade e que nos encanta verdadeiramente estar com eles.

Então, o que precisa mesmo – de verdade – uma criança de 4 anos?
Muito menos do que pensamos e muito mais!


Como introduzir atividades de integração sensorial em casa

As crianças são atraídas pelos estímulos ambientais

Atividades de integração sensorial são necessárias para o desenvolvimento da criança, independente de ter ou não transtorno de processamento sensorial (TPS). As crianças são atraídas pelos estímulos ambientais, então satisfaça este desejo delas! Essas atividades são bem fáceis e divertidas, além de promoverem o adequado desenvolvimento neurológico nas crianças. Sua criatividade é o limite, então mãos à obra!

Nível de Dificuldade:
Moderadamente desafiante

Introduza atividades de integração sensorial com uma mente aberta. Dê a seu filho escolhas, e permita que preferências dele guiem as atividades, assim ele participa e coopera com o que foi proposto.
Crie uma rotina de atividades com as crianças, deixe que elas saibam o que vem a seguir. Isto ajuda a mantê-las calmas e no controle, pois não serão "surpreendidas" pelo estímulo extra sensorial.
O trabalho com texturas é super agradável e gratificante, e as crianças gostam de explorar atividades diferentes com o estímulo tátil. Tocar e brincar com uma variedade de texturas é fácil e divertido. O uso de massas de modelar cria na criança a capacidade de manipular e fazer experiências com texturas. Deixe-as colocarem brinquedos como pauzinhos, palitos ou cotonetes na massa para testar as diferentes formas e texturas - quem tal brincar de fazer um bolo de aniversário de massinha?

Mexa-se! Crianças que têm dificuldade para administrar seus níveis de energia desfrutam de atividades de força e movimento, que ajudam elas a se acalmarem. As melhores atividades são aquelas em que a criança está em constante movimento, usando seus músculos. Isso inclui empurrar, puxar, bambolear, balançar, pular e cavar terra ou areia. Antes de atividades que requerem energia e movimento, faça sempre uma atividade sentada no chão, como contar uma estória, ler um livro.
Brincar na areia e surfe. Outra grande atividade tátil é brincar com água e areia. As crianças podem brincar por um período longo, criando e testando diversas texturas. Seja criativo e divirta-se com a bagunça. Use areia, água, arroz, milho, creme de barbear e qualquer outra textura que você imaginar. As crianças vão adorar, e a bagunça é fácil de limpar.

Tente usar os brinquedos de corda ou a pilhas. Muitas crianças adoram a experiência sensorial de brinquedos que vibram, uma escova elétrica, cadeiras ou almofadas vibratórias. Estes objetos podem ser usados para acalmar ou estimular a criança com problemas sensoriais.
Se você não tem tempo para bagunça ou para se dedicar a uma atividade em particular, permita que a criança a ajude com as tarefas domésticas. Cozinhar, assar, lavar roupas, varrer a casa e fazer limpeza são grandes atividades de integração sensorial. Você faz seu trabalho e ainda conta com uma ajuda. Olha que bela troca!

.Dicas & Advertências

Atividades de integração sensorial não se parecem com "terapia", elas são como una brincadeira normal e as crianças adoram!
Essas atividades não precisam ser caras e nem compradas, embora existam muitos brinquedos e atividades para uso na integração sensorial disponíveis para aquisição. Tudo o que você precisa é usar sua criatividade e os materiais que tem em casa. Prepare-se para muita diversão!

Você conhece os gostos de seu filho, então não o force a fazer uma atividade. Dê a ele escolhas e deixe as preferências dele te guiarem.
Se ele se distrai com facilidade, é super desastrado ou hiperativo, pare a atividade e faça outra mais relaxante para acalmá-lo.
Se ele apresenta medo ou desconforto, pare a atividade imediatamente. Isto é o sistema nervoso da criança reagindo ao estímulo, e ela não tem controle sobre ele.



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Em crianças com autismo, imagens e sons estão dissociados

Em crianças com autismo, imagens e sons estão dissociados (com videos)

O mundo para crianças com autismo pode assemelhar-se a assistir a um filme com áudio dessincronizado, sugere um novo estudo.
A nova pesquisa mostra que essas crianças têm dificuldade em juntar o que vêm com o que ouvem, e que esses déficits podem estar por trás dos seus problemas de fala e comunicação.
Para a maioria das pessoas, os sinais que chegam ao cérebro dos ouvidos e dos olhos movem-se dentro de uma janela de tempo de 100 a 200 milissegundos, sendo colocados juntos, para formar uma percepção. 
Por exemplo, ao ouvir o som de uma palavra e ao ver o movimento dos lábios cria-se a percepção de uma palavra falada. O novo estudo mostrou que em crianças com autismo, a janela de tempo para os sinais que une é mais ampla. 
Tal fato significa que o cérebro integra os eventos que aconteceram com discrepâncias de 500 milissegundos, e que deveriam ter sido percebidos como eventos separados, de acordo com o estudo. Os resultados foram publicados a 14 de janeiro no Journal of Neuroscience.
"Crianças com autismo têm dificuldade na integração de informações simultâneas dos seus olhos e ouvidos", disse o pesquisador Stephen Camarata, da Universidade de Vanderbilt, em Nashville, EUA. "É como se estivessem a assistir a um filme estrangeiro que foi mal dobrado", acrescentou.
Além disso, os pesquisadores descobriram que quanto maior a janela de tempo, mais pobre é a capacidade da criança a ligar corretamente os movimentos labiais à expressão - um mecanismo importante na aprendizagem de línguas.
O novo estudo incluiu 32 crianças típicas e 32 crianças com autismo de alto funcionamento, com idades entre 6 e 18 anos. Os pesquisadores usaram estímulos simples auditivos e visuais, como flashes e beeps disparados por um computador, e também estímulos ambientais mais complexos, tais como palavras faladas e um martelo a bater um prego. 
Os cientistas pediram aos participantes para dizer se os acontecimentos visuais e auditivos ocorriam ao mesmo tempo. Numa série de experiência, os pesquisadores usaram uma ilusão de flash induzida pelo som, em que o ouvir dois bips engana a maioria das pessoas a pensar que viram dois flashes quando apenas um clarão apareceu na tela.

Para a ilusão funcionar, os sinais sonoros devem ocorrer quase simultaneamente com o flash, dentro de uma janela de 200 milissegundos. Se os bipes e flash ocorrem a uma maior distância, os eventos auditivos e visuais permanecem separados na mente.
No entanto, "no autismo, se o flash e os sinais sonoros forem dessincronizados até metade de um segundo de intervalo, as pessoas continuam a dizer que há dois flashes", disse Camarata. Em seguida, os pesquisadores usaram uma outra ilusão bem conhecida, chamado de efeito McGurk.
Nesta ilusão audiovisual, em que o componente visual de um som está acoplada com o componente auditivo de outro som, as pessoas ligam ambos os sinais e percebem um terceiro som. Por exemplo, quando um ator diz "ga-ga", mas o áudio dobrado sobre a sua voz diz "ba-ba", as pessoas relatam ouvir "da-da".

No novo estudo, para as crianças com autismo era menos provável ​​juntar ambas as informações e relatar um terceiro som. Além disso, quanto mais pobre a sua acuidade na primeira tarefa flash- beep, menor era a sua capacidade em combinar a informação auditiva e visual na segunda ilusão.
Insights a partir dos resultados podem ajudar a melhorar as terapias para crianças com autismo que têm dificuldades de comunicação, disseram os pesquisadores. "Se conseguirmos corrigir mais cedo esse défice na função sensorial, então talvez possamos ver os benefícios na linguagem e comunicação e interações sociais", disse o pesquisador Mark Wallace, diretor do Instituto do Cérebro de Vanderbilt.
Terapias possíveis podem incluir o treino do cérebro para reduzir a janela de conexão, ou, ao ensinar a linguagem, apresentar as palavras de uma forma que elas sejam muito salientes, disse Camarata.
"Por outras palavras, quando eu aponto para a minha xícara de café, eu poderia fazê-lo uma e outra vez, num ambiente claro, aumentando as chances de que a palavra copo fosse vinculada à imagem da taça", concluiu.