É o sonho de
consumo de todos os médicos e da população em geral pois não existe nenhum
exame laboratorial capaz de confirmar uma hipótese diagnóstica de autismo.
O
diagnóstico de autismo continua sendo clínico, baseado no histórico e na
observação do paciente e dependendo dos poucos especialistas disponíveis no
Brasil para realizá-lo. O processo pode levar anos (filas de espera)
beneficiando poucos e garantindo que milhares de centenas de autistas jamais
receberão seu diagnóstico ou alguma forma de tratamento.
Eis que
surge um grupo de pesquisadores da Clarkson e da State University of New York,
liderados pelos Drs. Armand Wetie e Alis Woods propondo um método inédito,
rápido e eficaz para realizar o diagnóstico de autismo: um simples exame de
saliva.
Examinando a
saliva de 6 jovens autistas na faixa de 6 a 16 anos e comparando a um grupo
controle constituído por jovens neurotipicos (normais) os pesquisadores
dectectaram na saliva dos jovens autistas um aumento significativo de nove
proteínas e a diminuição ou ausência de outras três. As proteínas identificadas
tinham uma função diretamente relacionadas ao sistema imunológico e a
distúrbios digestivos.
Para a
realização deste ensaio científico os pesquisadores lançaram mão de uma
tecnologia sofisticada: a espectrometria de massa apoiada por conhecimentos
fornecidos por um novo ramo da ciência: a proteômica que tem por objetivo
estudar a estrutura e função de milhares de proteínas produzidas em nosso
organismo obedecendo instruções fornecidas pelos nossos genes.
A notícia é
alvissareira, se confirmada por outros grupos de pesquisadores, pois, em tese,
poderá oferecer um diagnóstico rápido do autismo permitindo uma intervenção
terapêutica precoce, garantindo um bom prognóstico para os pacientes.
No Brasil receio
que recursos diagnósticos, como o proposto por estes cientistas, tragam mais
angústia do que alívio ou esperança. Imaginem as famílias dos 2.000.000 de
autistas que vivem entre nós cientes do transtorno que acomete seus filhos,
netos, sobrinhos ou outros agregados sem ter a disposição nenhum recurso
público a recorrer. É desesperador.
Referência:
“A Pilot Proteomic Analysis of Salivary Biomarkers in Autism Spectrum
Disorder'' – Journal of Autism Research.