"Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra". (Reuven Feuerstein)

domingo, 29 de junho de 2014

Muitas crianças autistas não verbais superam atrasos severos de linguagem

Imagem: Autism Speaks

Imagem: Autism Speaks

Muitos pais de crianças autistas ouviram que, se seus filhos não estivessem falando por volta dos 4 ou 5 anos, eles ou elas, provavelmente, não iriam mais fazer isso. Alguns pesquisadores contrariaram essa visão – citando casos de crianças que desenvolveram linguagem durante o ensino fundamental ou até na adolescência. Hoje, um estudo com mais de 500 crianças confirma esses relatos promissores.
   
Cientistas do Centro para Autismo e Transtornos Relacionados, em Baltimore, pesquisaram informações de 535 crianças, entre os 8 e 17 anos de idade, diagnosticadas com autismo e com atraso severo de linguagem aos 4 anos. Nessa idade, os atrasos de fala dessas crianças variavam do totalmente não verbal até o uso de palavras isoladas ou frases sem verbos.

Os pesquisadores descobriram que, de fato, muitas dessas crianças progrediram no sentido de adquirir linguagem. Quase metade (47%) se tornaram fluentes na fala. E quase dois terços (70%) podiam falar usando frases simples.

Os pesquisadores também queriam entender os fatores que poderiam prever se uma criança autista com atraso severo de linguagem poderia, eventualmente, desenvolver a fala. Eles descobriram que a maioria das crianças que desenvolveu linguagem tinha QIs mais altos (avaliados em testes não verbais) e grau de comprometimento social mais baixo. E o que é mais surpreendente: os pesquisadores descobriram que o nível de comportamentos repetitivos e interesses restritos da criança NÃO afetou a probabilidade de desenvolver linguagem.


“Essas descobertas dão esperança aos pais, de que seus filhos com atrasos de linguagem vão desenvolver-se no sentido de adquirir a fala no ensino fundamental ou até na adolescência”, disse Geraldine Dawson, Ph.D e líder da divisão de Ciência da Autism Speaks. “O destacamento de premissas importantes na aquisição da linguagem – especialmente o papel das habilidades cognitivas e sociais não verbais – também sugere que focar nessas áreas na intervenção precoce irá ajudar a promover a linguagem.”


sábado, 21 de junho de 2014

Dá pra educar sem palmada. É o que ensina uma cartilha

Dá pra educar sem palmada. É o que ensina uma cartilha

A polêmica sobre a Lei Menino Bernardo, aprovada em maio de 2014, e que proíbe a aplicação de castigos físicos em crianças, continua aquecendo muitas discussões. Mas, se você, que atua na Primeira Infância, acredita que é possível educar e estabelecer limites sem o uso de tapas, palmadas e afins, vai gostar deste post, que traz uma novidade importante ao seu trabalho com famílias de crianças pequenas.

Este post foi inspirado na matéria publicada no site Uai, de autoria de Valéria Mendes. A introdução dele é tão didática, que resolvemos publicá-la aqui:
“O raciocínio é simples. Digamos que algum parente ou o seu melhor amigo derramasse uma taça de vinho na toalha branquinha que você escolheu para estrear naquele  almoço especial. Você gritaria ou bateria em algum deles? Agora suponhamos que um ou outro não comesse todo o alimento que eles próprios colocaram no prato. Você insistiria, tentaria forçar a comida goela abaixo, perderia e paciência e se exaltaria? E se algum deles começasse a chorar? Sua reação seria tentar entender o motivo ou simplesmente ignorar a reação?”.
A repórter ilustra situações cotidianas de famílias e faz essa reflexão sobre como lidar com elas, lembrando que crianças são bem mais frágeis que os adultos, também mais passíveis de cometer erros, afinal, estão aprendendo. Por isso, é que precisam de mais paciência e compaixão dos adultos.
Ela também explora a bandeira de muitos adultos que, contra a Lei, argumentam que sem tapas ou palmadas estaremos criando uma geração de crianças mimadas. Mas, ela mesma rebate esse argumento, lembrando os números alarmantes dos 85% dos casos de abuso físico violento que começam com uma palmada.
É claro que quando um adulto bate na criança, por mais “leve” que seja, ele está irritado, mesmo que minimamente. Diante dos desafios dos pequenos à sua autoridade (que é uma dinâmica natural entre pais e filhos e faz parte do desenvolvimento infantil), ele pode ficar mais bravo e aumentar a potência da palmada… E assim por diante. O que se sabe é que as agressões contra a criança são a quarta causa de óbito entre meninos e meninas de zero a nove anos no País. E isso tem de acabar.
Ao invés de mostrar o que é bom e o que não é, a palmada, e qualquer outro artifício desse tipo, pode virar agressão mais grave, longe de ser educativa.
Pensando em mostrar aos pais que sem palmada é possível criar crianças saudáveis, educadas, sabedoras de seus limites, o grupo ‘Crescer sem violência’ e seus parceiros elaboraram uma cartilha sobre por que e como educar sem agressão física.
O documento foi traduzido de um projeto da autoria de Al Crowell que, no seu estudo, mostra as diferentes reações de meninos e meninas às palmadas. Também comenta que dificuldades de aprendizado, de relacionamento, isolamento podem ser consequências dessas agressões.
A cartilha é um instrumento de conscientização de famílias no seu trabalho pela Primeira Infância. Além de ter uma linguagem simples, ela explora os cinco estágios do desenvolvimento infantil e a importância de cada um deles na formação do indivíduo.
Todos os conceitos partem da experiência de um casal e sua criança pequena, em diálogos e narrativas como os de histórias em quadrinhos. Há questões para reflexão, sugestões de leitura e algumas orientações de como agir em determinadas situações.
Vale a pena fazer o download, que é gratuito, e usar mais esta ferramenta para seu trabalho em favor de um saudável e pleno desenvolvimento infantil.

Fonte:http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/da-pra-educar-sem-palmada-e-o-que-ensina-uma-cartilha/

domingo, 1 de junho de 2014

PROJETO FADA DO DENTE

Modelando autismo com neurônios humanos: Alysson Muotri at TEDxFortaleza

Menino com autismo vira contador de histórias em escola de Itanhaém, SP

Diego Escada foi diagnosticado com o transtorno aos três anos de idade.
Na escola, ele acompanha a turma, faz desenhos e conta histórias.

Diego mostra os desenhos que utiliza para contar histórias para a classe  (Foto: Mariane Rossi/G1)

Diego mostra os desenhos que utiliza para contar histórias para a classe
Um menino autista de 10 anos virou o contador de histórias de sua classe em uma escola municipal de Itanhaém, no litoral de São Paulo. Diego Escada Louzada apresentou, desde pequeno, as características do transtorno, mas a convivência com outras pessoas na escola lhe trouxe mais conhecimento do mundo e de si. O jeito inibido, característico do autismo, é pouco perceptível em Diego enquanto ele brinca de contar histórias para a turma e é aplaudido pelas outras crianças. O que poderia ser considerado um desafio para qualquer autista, é um prazer para ele.

Tatiana, mãe de Diego, durante uma visita a escola do menino (Foto: Mariane Rossi/G1)Tatiana, mãe de Diego, durante uma visita a
escola do menino (Foto: Mariane Rossi/G1)
















Tatiana Escada descobriu que o filho tinha autismo quando o menino estava com três anos. Ela começou a notar algumas atitudes estranhas do filho. “Ele apontava as coisas, não falava o que queria, tinha resistência à dor. Com um barulho muito estridente, ele colocava as mãos nos ouvidos. A gente foi reunindo os fatos e fomos a um neurologista”, conta ela.
Segundo o Ministério da Saúde, o autismo é considerado uma síndrome neuropsiquiátrica. Embora seja uma etiologia específica que não tenha sido identificada, estudos sugerem a presença de alguns fatores genéticos e neurobiológicos que podem estar associados ao autismo. Diversos sinais e sintomas podem estar ou não presentes, mas as características de isolamento e imutabilidade de condutas estão sempre presentes. Tatiana diz que a notícia foi um baque para ela e a família. “Você se questiona muito. Até entrei em uma depressão. Depois, li muito sobre o assunto e comecei a entender e foi fluindo. Hoje eu trato ele como uma criança normal”, fala. Após o diagnóstico, Diego iniciou o tratamento com fonoaudióloga, pedagoga e neuropsicóloga.

Tatiana e o Diego saíram de Santos, onde moravam com o pai do garoto, e foram viver em Itanhaém. Mesmo com o transtorno, Diego foi matriculado na escola municipal Maria Graciette Dias, pelo sistema de inclusão. “O Diego é um autista. Todos os autistas têm direito a um estagiário. Eles são estudantes e ficam com essas crianças de inclusão. Na nossa escola, a gente tem uma média de 13 crianças especiais.”, explica a diretora Rita de Cássia Brandão Gouvêa.
A professora  Marlene Carraro Mucsi, de 50 anos, diz que Diego chegou na escola muito arredio e não gostava muito de ter contato com as pessoas.  Ela só acompanhava o menino de longe, mas, neste ano, começou a dar aulas para Diego. “Já tinha trabalhado com outras deficiências, mas com autismo foi a primeira vez”, diz. A professora foi aprendendo a lidar com o menino no dia a dia. “O grau do autismo dele é leve, não há necessidade de trabalhar atividades diferenciadas com ele, o que precisamos é respeitar o tempo. A gente conhece outros autistas que são agressivos, inquietos, não param sentados em sala de aula. Não é o caso dele”, explica a professora. Ela ressalta que Diego acompanha as lições na classe do 5º ano como qualquer outro aluno. Segundo Marlene, o menino lê muito bem, é alfabético, consegue fazer contas e resolver os problemas de matemática.

Professora Marlene, Diego e a estagiária Carol (Foto: Mariane Rossi/G1)Professora Marlene, Diego e a estagiária Carol
A convivência com outras crianças e os cuidados das professoras fez o menino melhorar de comportamento e também a ganhar mais conhecimento. Na escola, ele também descobriu, principalmente, a aptidão para o desenho e animação. A mãe dele conta que o menino adora ficar no computador, vendo vídeos, fazendo desenhos e criando histórias, principalmente, com o Mickey, o personagem preferido de Diego.
Na sala de aula, ele coloca os desenhos na lousa digital e vira um contador de histórias, interpretando os personagens. “Eu faço a narradora e ele o Mickey. Na verdade, ele não lê a história, ele decora as falas. De vez em quando, é no início da aula, às vezes, é no final”, explica a professora. Do outro lado da sala, estão diversos outros alunos com a mesma idade de Diego. Eles riem com a interpretação do menino, entendem a história e, no final, batem palmas pela apresentação do colega de classe. “Para ele é bom. A questão de ele desenhar bem também motiva as outras crianças a quererem desenhar como ele. Já cria um convívio, uma proximidade”, diz a mãe do menino.

Diego e a professora contando histórias para a classe
Por causa da contação de histórias, Diego também passou a ter mais comunicação com as pessoas, mesmo que, assim como outros autistas, não goste de muito contato físico. Tatiane vê o quanto o filho melhorou no âmbito social. “Ele começou a evoluir de uma maneira tão rápida, até na questão de amizade, tem mais carinho, mais afeto das outras crianças, tem a estagiária que fica direto com ele. Eu me arrependi de não ter colocado antes nessa escola”, admite.

Já Diego mostra orgulhoso os desenhos do Mickey, expostos em um painel que foi colocado em um dos corredores da escola. Para a mãe, o futuro do filho sempre estará ligado ao mundo da animação. “Ele fala que quer trabalhar na parte de animação de estúdios. Eu acho que é o que ele vai acabar seguindo”, diz Tatiana.

Fonte: http://g1.globo.com