"Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra". (Reuven Feuerstein)

terça-feira, 27 de julho de 2010

3D PARA AUTISTAS

Washington, DC
3DVinci, o primeiro produtor de design em 3D para projetos de 12 K-mercado, colocou dois projetos para utilização no autismo Aspergers comunidades /. Os objetivos do projeto são promover a comunicação, colaboração e alívio da ansiedade. Os projetos são distribuídos gratuitamente, e são baseados em aplicações livres, incluindo o Google SketchUp (TM), o Google 3D Warehouse (TM), o Google Earth (TM), eo 3DVIA Scenes (TM). Os projetos estão disponíveis na página do Project Spectrum do site 3DVinci.
Projeto de escritor Bonnie Roskes trabalhou com o Google (TM) de pessoal e especialistas em autismo para desenvolver os projetos e, recentemente, demonstrou os projetos para uma platéia entusiasmada durante uma palestra na conferência anual da Sociedade de Autismo da América. Num futuro próximo, os projetos também será incluído nos materiais disponíveis a partir do Project Spectrum site Google.
Bonnie diz: "Alguns anos atrás eu estava no escritório do Google em Boulder e notei uma parede chamada" Project Spectrum ", com fotos de 'projetos de modelagem 3D crianças. Project Spectrum surgiu quando as crianças na sociedade do autismo de Boulder começou a usar o SketchUp, e foram capazes de criar incríveis, intrincados modelos 3D, mesmo quando eles não foram capazes de expressar suas idéias verbalmente. Esta jived com o que eu tinha ouvido ao longo dos anos, incluindo um cliente autista que me enviaram a dizer quão feliz ele era por ter encontrado SketchUp, pois imitou o seu caminho próprio cérebro funcionava. "
Para os indivíduos do espectro, SketchUp pode ajudar a melhorar as habilidades de comunicação, facilitar a colaboração (e mais divertido), e preparar o caminho para carreiras que não poderia ter outra forma considerada, como game design, mobiliário e design de produto, cinema e teatro, interior design, engenharia, arquitetura - as possibilidades são infinitas.
Bonnie diz: "Eu pedi para me envolver com o Project Spectrum porque eu escrevo matérias para as crianças de qualquer maneira, mais eu tenho um filho autista. Então, o Google me pediu para criar alguns projetos para a comunidade do autismo, e os dois primeiros já estão disponíveis. "
O "Toy Shop" projeto recebe um grupo de crianças trabalhando juntos para preencher uma loja de brinquedos vazio. Os alunos decidem entre si quem será o responsável para cada categoria de brinquedo. Cada aluno encontra seu modelo no Armazém 3D, em seguida, o grupo volta em conjunto para colocar seus modelos para a loja. Comentários e opiniões de cada aluno ajudar a promover uma experiência colaborativa.
Na seção "Consultório Odontológico projecto", pode "treinar" a nomeação dental antes do tempo, ajudando a tornar a experiência real mais fácil. O espaço físico pode ser modelado usando quartos básicos, em seguida, os quartos podem ser preenchidos com os modelos disponíveis no Google 3D Warehouse. Este projeto mostra dois modos de "andar através" do modelo, dá sugestões para conversas sobre o que acontecerá no gabinete do dentista, e ainda mostra como a experiência pode ser bem-humorado.

Fonte: http://www.eschoolnews.com/2010/07/20/3dvinci-releases-3d-design-projects-for-the-autism-community

ULTRASONOGRAFIA E AUTISMO

Louisville, Kentucky - A Universidade de Louisville cientista que está fazendo avanços na pesquisa e tratamento do autismo está soando um alarme novo.
Dr. Manuel Casanova acredita que algo muito comum para todas as mulheres grávidas podem estar contribuindo para o crescente número de casos de autismo.
Suas razões para soar o alarme e ambos são científicos e profundamente pessoal.
WHAS11's Swan Melissa tem mais sobre a pesquisa que as mães grávidas pode querer considerar.
Quase toda mulher grávida fica um ultra-som - ou dois ou três.
Estes dias, os pais de publicar as fotos em sites, tudo do YouTube, onde você encontrará imagens de bebês no útero, com música de fundo, com as suas próprias blogsites pessoal.
Na ultra-sons, ondas sonoras de alta freqüência obter imagens do bebê, as medidas são tomadas, as anomalias detectadas e do sexo do bebê é aprendida.
Agora, porém, o Dr. Manuel Casanova, um cientista observou na Universidade de Louisville, faz soar um aviso sobre a ultra-sonografias.
"Não se trata apenas de tirar uma foto de seu bebê", disse ele. "Isto tem efeitos físicos e químicos e é mal regulados pelo governo."
Casanova publicou um relatório no início deste ano na revista "Medical Hypothesis", soletrando as suas preocupações de ultra-sonografias.
Nela, ele observou as crescentes taxas de autismo coincidente com o aumento da utilização de ultra-som em obstetrícia, e exigiu novas investigações.
Atualmente pensa-se que 1 em cada 110 crianças têm alguma forma de autismo. Alguns desses casos têm características mais subtis, outras são mais pronunciadas.
Dr. Casanova acredita que uma combinação de fatores genéticos e ambientais tem levado ao aumento do autismo, e não há nada agora nem mesmo no horizonte, que pode provir essa ascensão.
Ele acha que a ultra-sons são um fator de risco que precisam ser olhados.
"Mesmo se ele não tem nada a ver com o autismo, ela precisa ser regulamentada", disse ele.
Dr. Jeffrey King é o diretor do Maternal Fetal Medicine em U de L. Ele vê gestações de alto risco todos os dias e usa a tecnologia de ultra-som. Clique aqui para ver toda a entrevista com o Dr. King Melissa.
Enquanto ele não acredita que ultra-sonografias são relacionados ao autismo, ele também alertou, não é um brinquedo.
"Ultrasons não deve ser feito apenas por diversão", disse Dr. King. "Não deve haver imagens keepsake feito. Lá não deve ser feito ultra-som para ter um olhar do bebê para dizer se é menino ou menina."
Dr. Casanova admitiu o autismo não é apenas um exercício profissional. Para ele, também é uma questão pessoal. Seu neto é autista.
Bertrand é o primeiro neto Dr. Casanova. Até que ele tinha 18 meses de idade, Bertrand jogado, balbuciou, e se desenvolveram normalmente.
Em seguida, ele foi diagnosticado com Síndrome de Retts, uma forma rara de autismo em que o desenvolvimento regride.
Dr. Casanova começou a soar seu alerta sobre ultra-som depois de ver fotos de Bertrand na filha a sua casa.
"Ela tinha em sua mesa um livro que resume o primeiro ano de vida meu neto", disse ele. "Para cada ano, temos fotos. A primeira foto de primeira página, de que o primeiro ano de vida, você sabe o que foi a sua primeira foto? Ultra-som."
Dr. Casanova é um cientista que se baseia em anos de pesquisas exaustivas para tirar conclusões, mas desta vez, ele está aumentando suas preocupações iniciais.
"Minha filha, quando eu lhe disse sobre ultra-som, ela me disse: 'Por que, papai, por que você não me diga que você sempre suspeitou que poderia ser um fator de risco? Por que você não me contou?", Disse. "Eu disse, nós temos que ser cautelosos. Agora talvez isso tenha cor minha perspectiva, e eu não sou tão cauteloso, mas sei que se eu puder evitar isso, mesmo em um paciente, que terá feito a vida de meu trabalho. "

Comercial APAE

Vídeo: O Mundo Adaptado.

VALE JUVENTUDE APAExonar (AFETIVIDADE E SEXUALIDADE) - 2º parte4.mpg

VALE JUVENTUDE APAExonar (AFETIVIDADE E SEXUALIDADE) APAE DE ITABIRA/MG

AMOR INCONDICIONAL

http://daleth.cjf.jus.br/vialegal/materia.asp?CodMateria=1478

Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla.wmv

O FUTURO DA ESCOLA INCLUSIVA PASSA PELA APAE

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA ENSINANDO OS CAMINHOS PARA ESCOLA INCLUSIVA

O “outro” é um termo usado para designar aquele que é diferente de si, considerando que pode-se tratar os seres humanos dentro de âmbito de semelhança, incorporando como características para critério de semelhança capacidades, determinações físicas ou psicológicas, concepções políticas, em fim tudo aquilo que é identificado como sendo ponto comum entre duas pessoas, dessa maneira até os semelhante são diferentes. A palavra diversidade tem seu sentido dentro da multiplicidade de diferenças que possam ser reconhecidas, então diverso é aquilo que é múltiplo de diferenças, a humanidade até na própria forma de compreensão de humanidade é diversa. Por mais que se executem padrões ou tentativas de favorecimento de uns em detrimento de outros, dentro do estado, as pessoas se organizam em grupos com pessoas que se assemelham dentro de características que são comuns aqueles com quem estão se relacionando. O padrão de normalidade existe levando-se em consideração as semelhanças mais comuns entre os indivíduos. Não é uma maneira justa identificar como vigorantes estereótipos de normalidade vigentes de maneira universal, pois os grupos humanos são muito diversos e cada um tem seus padrões culturais, noções éticas, morais e outras séries de juízos que moldam uma sociedade, que servem como modelo para suas comunidades especificas, sendo assim uma visão bem saudável e politicamente real disso, é pensar a sociedade nos âmbitos das diversidades e assimilação, reconhecimento e adaptação dessas diversidades, e não como já se fundou e se funda em muitas defesas a perspectivas de uma sociedade segregadora apontando como culpado a diversidade de grupos sociais organizados. Blaiser Pascal afirmou que o humano é carente em suas emoções e sentimentos que são parte fundamental para qualidade de vida humana, Essa afirmativa se sustenta, quando conseguimos identificar os grupos sociais mais diversos, desde comunidades de amigos com interesses comuns na internet a partidos políticos e movimentos de lutas sóciais, motivados pela carência de apoios pela necessidade de sentir-se incluídos, em algum meio da nossa sociedade. Em um arquétipo natural podemos demonstrar também que os semelhantes se agrupam para garantir a sobrevivência e bem estar do grupo, visando que o bem estar do grupo é fundamental para qualidade de vida individual. A exclusão ocorre quando alguém não está bem adaptado ao seu meio de convívio e acaba sendo deixado de lado ficando despercebido, e dessa forma não conseguindo amenizar suas carências emocionais, sentimentais e profissionais, assim deixando de conquistar sua autonomia e não ficando integrado ao meio, mas sim a margem dele.

Os seres humanos são ligados por sentimentos que podem ser os mais diversos possíveis, raiva, amor, apatia... Assim é possível pensar que é importante que as pessoas tenham a possibilidade de viver de uma maneira mais autônoma dentro de um ambiente que verdadeiramente os acolha, sentido-se assim estimulados e à vontade para se arriscar tendo a oportunidade de experimentar realidades diversas verdadeiramente incluídos partilhando das mesmas atividades em nível de igualdade, podendo socializar-se com aqueles que partilham das mesmas necessidades, tendo muito mais que um cooperativismo ou um tipo de ajuda humanitária, mas educar a pessoa com deficiência para um socialização de fato para que esteja preparada para saber se portar diante das diversidades sociais, e assuma o papel de protagonista de sua própria vida. É preciso esse espaço de socialização. Um espaço adequado para pessoas que precisam de adequação, a vida do humano no mundo implica em luta pela sobrevivência e socialização, que implicam em processos cruéis de adaptação que cada um tem que passar para si formar como ser humano. O que podemos fazer para amenizar esse sofrimento é educar essas pessoas de modo a demonstrar os espaços de lutas por direitos, ajudando a criar consciências transformadoras da realidade vigente.

É fato que desde que foi criada pela comunidade civil a Apae atende uma demanda enorme de pessoas com deficiência intelectual, prestando serviços gratuitos, nas áreas de educação, formação profissional e saúde, e ainda é possível apontar uma série de programas implantados nas Apaes em todo o Brasil cada uma com sucesso em uma, duas e até mais áreas de aplicação em sua região. Podemos citar como exemplos de sucesso o programa de envelhecimento saudável que busca prestar assistência para as pessoas com deficiência que chegam a idade avançada, e a muitos que sofrem com envelhecimento precoce, com acompanhamento, assistência e preocupação com a saúde da pessoa com deficiência, sendo respeitada em todo o mundo como um grande expoente dessa luta, prestando um serviço social a 56 anos no Brasil, realizando festivais de arte, competições esportivas e capacitações nessas atividades, antes mesmo da existência das paraolimpíadas, criando ainda espaços para debates para ouvir as essas pessoas e poder pautar a luta em seus anseios.

A luta pelo espaço da pessoa com deficiência intelectual através das Apaes foi desde o inicio, muito bem estruturada, contando com profissionais capacitados com formação especializada na área de atuação, conseguindo fazer a diferença nas comunidades de todas as regiões do Brasil, prestando assistência e serviço para essa população, conseguindo oferecer um preparo para vida e cuidando da pessoa com deficiência durante todas as fases de sua existência, promovendo assistência necessária para o melhor bem estar dessas pessoas.

A partir das perspectivas de pensadores como John Loke e David Hume, que afirmam que o ser humano se desenvolve em seu meio de convivência, assim podemos afirmar que o cooperativismo que a pessoa com deficiência pode desenvolver a nível de experiência na escolas inclusivas do governo é uma assistência interessante, porém a escola tradicional pode se tornar um ambiente de exclusão e traumas para pessoa com deficiência intelectual, pois ao contrário dos demais tipos de deficiência como a cegueira, a física e a surdez que contam com aparelhos de apoio para aprendizagem, auxiliando a assimilação mais proveitosa dos conteúdos, o deficiente intelectual necessita de mais. Assim políticas de apoio pedagógico diferenciado também não representam de forma total a solução para uma educação inclusiva nesse caso, pois a forma de apreender de todas as pessoas é a mesma no que diz respeito a processos físicos que levam a aprendizagem, e quando esses processos cognitivos são comprometidos por algum motivo, ainda não é através de aparelhos de apoio que a pessoa terá suprida suas necessidades provenientes desse comprometimento. Dessa maneira as políticas de apoio pedagógico conseguem apenas dar suporte para a aprendizagem de alguns conteúdos não conseguindo um aproveitamento a nível de igualdade com os demais alunos. A média mundial de progresso escolar das pessoas com deficiência intelectual média e grave, é até a 2º série do ensino fundamental, então a escola inclusiva deveria assumir um papel de complemento, sem excluir a escola especial que garante uma formação para vida baseada na pesquisa profunda das necessidades da pessoa com deficiência e com uma vasta experiência e bons resultados nessas áreas. É importante que as pessoas com deficiência convivam com outras pessoas que tem necessidades comuns às suas, no sentido de se unir para se fortalecer, assim como toda grande luta por direitos nas grandes sociedades do mundo, e nesse sentido a Apae é esse lugar de fortalecimento da pessoa com deficiência, é o lugar onde ela pode se socializar com as pessoas que tem necessidades bem próximas, assim então contribuindo para o fortalecimento da luta por melhores direitos e condições da pessoa com deficiência.

O mundo contemporâneo mostra-se muito imediatista, dependendo de resultados rápidos e projetos que se mostrem promissores tanto na idéia como na prática, mas, é possível perceber que a coisa é mais importante que a idéia, pois de nada adianta a idéia se não há meios para que ela seja desenvolvida na prática. Sendo assim a escola inclusiva desponta como uma idéia revolucionaria e com uma perspectiva favorável para as pessoas com deficiência, mas não sozinha, pois por mais adaptada que a escola seja e mesmo que as promessas de capacitação da rede de professores das escolas publicas sejam cumpridas, sem um atendimento especializado de educação e um processo continuo de inclusão, abordando todas as fases da vida dessas pessoas e as diferentes carências que essas pessoas tem nos diferentes períodos de sua vida, é impossível cumprir com os objetivos da educação inclusiva, tão é que os países que são referências no processo educacional no mundo, contam com escolas especiais. Tanto que o nome da Apae ecoa de uma maneira bem forte no cenário internacional como sendo um expoente das conquistas na parte de direitos e inclusão da pessoa com deficiência nos campos da saúde, educação, esporte, atividades artísticas, incentivando a autonomia. Isso fica muito claro ao listarmos os prêmios internacionais recebidos pelas Apaes, como o mais recente recebido por Maria Amélia Vampré Xavier diretora de assuntos internacionais da FENAPAEs que foi homenageada no 15º Congresso Mundial da Organização Mundial de Famílias – Inclusion International, em Berlim, Alemanha, pelo reconhecimento do trabalho feito pelas Apaes no Brasil.

A proposta pedagógica implantada nas Apaes para pessoa com deficiência é uma educação continuada para vida. O acompanhamento da pessoa com deficiência em todos os períodos da sua vida pautando sua educação, e tendo como principal objetivo a autogestão e autodefensoria sendo exercida em todos os âmbitos de suas vida.Apoiado no modelo social de diagnóstico da pessoa com deficiência que tem como fundamento o aprimoramento das habilidades do individuo durante toda sua existência, garantindo assim uma qualidade de vida, criando espaços para inclusões de novas propostas visando sempre um futuro mais rico de perspectivas, de crescimento profissional e intelectual dentro de suas limitações, prezando sempre pela autonomia e participação ativa do sujeito em seu meio de convívio social, buscando instruí-lo sobre os meios de convívio para que possa usar deste para somar experiências de aprendizado para si que venham contribuir para sua construção como ser humano.

Como processo político pedagógico, pode ser somado os meios de locomoção garantindo a acessibilidade da pessoa com deficiência para chegar até a escola, equipamentos de apoio do processo pedagógico assessorando nas necessidades, assistência e conscientização do papel da família no processo da educação especial, formação especializada dos profissionais da educação e reciclagem continua nos moldes de educação, baseada nas novas propostas que surgem no mundo.

Em 2006, a Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou o período de 2006 a 2016 como a “Década das Américas: pelos Direitos e pela Dignidade das Pessoas com Deficiência” e escolheu o lema "Igualdade, Dignidade e Participação” para a ocasião.

A Declaração da OEA, propõe-se a conquistar o reconhecimento e o pleno exercício dos direitos e da dignidade da pessoa com deficiência. Isto implica em seu direito de participar plenamente da vida econômica, social, cultural, política e no desenvolvimento de uma sociedade sem discriminação. Assim a escola deve servir ao aluno com deficiência como grande motivadora criando oportunidades e formas para que o aluno consiga formar princípios ideais, e tenha voz ativa sobre sua causa. Só teremos uma escola inclusiva se esta estiver aberta a criar espaço para os autodefensores, possibilitando um ambiente de discussão, não de uma maneira protegida ou fantasiosa tentando convencer esses alunos que eles têm capacidades iguais e que eles podem aprender da mesma maneira que os demais, mas tentando demonstrar para eles que dentro das suas limitações podem ser desenvolvidas habilidades de maior destaque e essas habilidades podem garantir sua autonomia profissional e até mesmo como estudante.

Erivaldo Fernandes Neto

Brasileiro dirige peça sobre o autismo em Nova Iorque

Brasileiro dirige peça sobre o autismo em Nova Iorque

Alien Child é o nome da peça que aborda a luta de uma família para lidar com o autismo, e mostra um garoto de 16 anos que tenta se afastar da irmã doente para viver a própria vida.

Publicada em 27 de julho de 2010 - 10:15

Estreou em 22 de julho, no T. Schreiber Studio & Theatre em Nova Iorque a peça "Alien Child", dirigida por Guilherme Parreiras. A história aborda a luta de uma família para lidar com o autismo, e mostra um garoto de 16 anos que tenta se afastar da irmã doente para viver a própria vida.

Escrita por Jim Shankman, a peça mostra um casal já cansado de cuidar de Charlie (Olivia Killingsworth), a garota autista que é irmã gêmea de Jonah (Ken Jansen). A contratação de um terapeuta devolve ao pai, Ben (Michael W. Murray), a esperança de cura, enquanto Sarah (Kelly Haran), a mãe, acredita mais na própria capacidade para cuidar da filha.

Em entrevista por telefone, Guilherme Parreiras falou sobre a peça e a abordagem do tema autismo. Convidado pela T. Schreiber, onde já estudou, o diretor disse que o trabalho antes da estreia foi uma oficina, onde todos trabalham o roteiro e desenvolvem os personagens aos poucos. A intenção é fazer uma produção completa no futuro, segundo ele. O autor, de acordo com Guilherme, está presente de vez em quando.

Sobre o tema, o brasileiro disse que o autismo está despertando o interesse público. "Está se tornando uma espécie de epidemia nos Estados Unidos", disse ele. Segundo estatísticas do Centro de Prevenção e Controle de Doenças, uma em cada 110 crianças americanas nasce com autismo. "Não existe cura, eles (os cientistas) ainda não sabem o que está causando isto".

O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento, que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo e de estabelecer relacionamentos. Os cientistas acreditam que a doença seja causada por fatores genéticos e ambientais. Segundo uma pesquisa, se um dos gêmeos idênticos tiver autismo, o outro tem de 60% a 90% de chance de também ter a doença.

Conflitos

De acordo com Parreiras, a peça aborda as dificuldades do dia a dia da família, em relação ao autismo, bem como questões morais. "O que deve ser feito, o que é melhor para a Charlie. Existem opiniões diferentes. A família entra em conflito. Assim como os cientistas ainda não sabem as causas, as pessoas que vivem com isso às vezes também tem dificuldade de lidar com isso".

O diretor explicou que a peça não tem a intenção de oferecer sugestões de como lidar com o autismo ou uma resposta, e sim mostrar como é a vida de uma família que convive com o autismo. Para dirigir "Alien Child", Guilherme leu artigos e assistiu a vários documentários. Nos filmes, teve a oportunidade de ver os diferentes tipos de autismo. "Assisti cerca de 10 documentários".

Através da dramatização do assunto, Parreiras e o elenco esperam abrir mais debates entre o público.O elenco de "Alien Child" conta com ainda com Pat Patterson, no papel de Ms. Ravitch, e Meghan Wilson, que interpreta Sally. A exibição vai de 22 a 25 de julho, e de 30 de julho a 1° de agosto. Os ingressos custam $5 (admissão geral). Reservas através do e-mail Theatre@tschreiber.org. O T. Schreiber Studio & Theatre fica no 151 W 26th Street, telefone (212) 741-0209.

Fonte: http://www.comunidadenews.com/

Pesquisadores testam medicamentos para combater sintomas de autismo

http://tinyurl.com/38s3ptz

Um projeto para melhorar o difícil dia a dia de quem tem filho autista

Só pais ou parentes próximos sabem quantos cuidados exige uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O autismo – termo pelo qual o problema é mais conhecido – é um transtorno invasivo do desenvolvimento, ou seja, algo que faz parte da constituição do ser humano e afeta a sua evolução. Caracteriza-se por alterações na interação social, na comunicação e no comportamento.
Apresentei à Câmara o Projeto de Lei PL 492/09 que, entre outras ações, propõe a abertura de vagas nas instituições públicas municipais de saúde especializada para todos que dela necessitarem e a utilização de métodos pedagógicos mais adequados para o aprendizado dessas crianças.
A superintendente da AMA – Associação de Amigos do Autista, Ana Maria Serrajordia Ros de Mello, afirma que “a proposta deste projeto está de parabéns por ser uma iniciativa de apoio a uma causa que necessita mesmo de apoio, pois está ainda bastante desamparada. O autismo necessita de tratamento individualizado e especializado e, portanto, requer capacitação de profissionais e recursos financeiros. Isto faz com que existam poucas instituições privadas de atendimento ao autismo. Ultimamente, o governo tem dado passos que geraram importantes avanços”.

Um projeto para melhorar o difícil dia a dia de quem tem filho autista

Um projeto para melhorar o difícil dia a dia de quem tem filho autista

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Inclusão

10 motivos para a escola ser de todas as crianças juntas

Durante os últimos 400 anos, a escola foi sempre do mesmo jeito. Como assim? Após quatro séculos, a escola continua sendo um lugar que decide tudo: o que os alunos precisam estudar, como eles precisam comportar-se para conseguir aprender o que os professores ensinam, quais atividades os alunos devem realizar, como será avaliado o aprendizado para a escola saber quem aprendeu e quem não aprendeu. A fim de poder cumprir essas decisões, a escola sempre foi um lugar que somente aceitava a matrícula das crianças que supostamente tinham capacidade intelectual para aprender.

Este tipo de escola sempre acreditou que não poderia matricular crianças consideradas, por algum critério, incapazes de aprender como a maioria dos alunos. Professores que trabalhavam neste tipo de escola sempre acreditaram que não era obrigação deles ensinar crianças que não se encaixavam no perfil de alunos capazes intelectual, visual, auditiva e fisicamente.

A escola e a sociedade copiavam uma da outra esse modelo de valorizar os alunos capazes e excluir os alunos considerados incapazes.

Mas, felizmente, nos últimos 15 anos, o mundo começou a mudar radicalmente contra este tipo de escola e de sociedade. Um número cada vez maior de pais, educadores e outras pessoas sinceramente preocupadas com os direitos de todos os seres humanos defende uma escola que receba e ensine todos os tipos de criança. Uma escola que encoraje todas as crianças a aprenderem juntas, colaborando e cooperando mutuamente. Uma escola que discorde da prática de separar as crianças em capazes e incapazes. Uma escola que concorde que todas as crianças são capazes e que cada criança é capaz a seu modo. Uma escola que admite que cada criança aprende de um jeito só dela e, por isso, tem o direito de aprender do jeito dela. Uma escola que ensina o que as crianças querem e precisam aprender em função da situação de vida de cada criança.

Os profissionais da educação deram o nome de “educação inclusiva” a esta nova e revolucionária forma de ensino e aprendizagem. As escolas que adotam o modelo inclusivo chamam-se “escolas inclusivas”.

Hoje, em todo o território brasileiro – a exemplo do que ocorre em muitas partes do mundo -, existem pais e educadores preocupados em transformar as escolas comuns em escolas inclusivas a fim de que todas as crianças e todos os jovens e adultos, quaisquer que sejam suas características diferenciais, possam estudar juntos em um ambiente positivo, includente, acolhedor, estimulante, desafiador, interessante, eficiente e eficaz. Um ambiente onde todos conseguem aprender, estudar, crescer e desenvolver- se como pessoas por inteiro.

Existem muitos recursos que podem ajudar pais e educadores a encontrar inspiração, orientação e apoio para que todos os alunos – sem exceção - tenham sucesso na escola. Isto acontece porque já existe um imenso conjunto de documentos que relatam experiências bem-sucedidas em educação inclusiva.

Um desses recursos é um pequeno texto que fala em 10 razões para a educação ser inclusiva. Ele foi produzido pelo Centro de Estudos sobre Educação Inclusiva, da Grã-Bretanha. Vou apresentar a seguir uma adaptação que fiz desse texto. A educação inclusiva é um direito humano, é uma educação de qualidade e tem um bom senso social. Os 10 motivos para uma escola ser de todas as crianças podem ser agrupados nestes três aspectos: direito humano, educação de qualidade e senso social.

DIREITO HUMANO

1. Todas as crianças têm o direito de aprender juntas.

2. As crianças não devem ser desvalorizadas ou discriminadas por meio da exclusão ou rejeição com base em sua deficiência ou dificuldade de aprendizagem.

3. Adultos com deficiência, descrevendo a si mesmos como sobreviventes de escolas especiais, estão exigindo o fim da segregação.

4. Não existem razões legítimas para separar as crianças na vida educacional. As crianças se pertencem, com vantagens e benefícios para todas. Elas não precisam ser protegidas uma da outra.

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

5. As pesquisas mostram que as crianças aprendem melhor, acadêmica e socialmente, em ambientes inclusivos.

6. Não há ensino ou atenção em uma escola segregada que não possa ser oferecido em escolas comuns.

7. Com apoio e compromisso, a educação inclusiva constitui um melhor uso dos recursos educacionais.

SENSO SOCIAL

8. A segregação ensina as crianças a terem medo e serem ignorantes, além de fomentar o preconceito.

9. Todas as crianças precisam de uma educação que as ajude a desenvolver relacionamentos e as prepare para a vida na sociedade.

10. Somente a inclusão tem o potencial para reduzir o medo e construir amizade, respeito e compreensão.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

AUTISMO

AUTISMO

Uma síndrome comportamental com etiologias múltiplas em consequência de um distúrbio do desenvolvimento. Caracteriza-se por déficit na interação social visualizado pela inabilidade em relacionar-se com o outro, usualmente combinado com déficits de linguagem e alterações de comportamento

Um individuo com autismo:

· Prende-se mais aos detalhes do que na essência, do que é relevante

· Tem dificuldade em entender a palavra dentro de um contexto

· Aprende por memorização

· Tem dificuldade para generalizar

· Tem mais facilidade no contato com objetos do que com pessoas

· Concentra-se mais em experiências sensoriais concretas do que abstratas

· Não consegue fingir, supor, imaginar, simbolizar, ironizar, inventar (raciocínio literal)

· Tem facilidade com imagens e uso da memória visual

· Tem facilidade em seguir seqüências

· Tem dificuldade na percepção temporal

· Tem dificuldade para imitar

· Tem dificuldade com PLANEJAMENTO que requer imaginação

As intervenções, sejam elas educacionais ou clínicas, devem ser planejadas de acordo com o perfil de cada aluno.

Sabe-se, contudo, que o indivíduo com autismo pode se beneficiar dos seguintes recursos:

· Ensino estruturado com a minimização de estímulos excessivos

· Planejamento individualizado

· Número reduzido de alunos por classe

· Organização das propostas através de rotinas

· Equipe multidisciplinar (psicologia, pedagogia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, nutricionista, educador físico, neurologista)

A APAE de Itabira possui 04 salas com 27 alunos com Espectro do Autismo (um grupo de doenças que se estende desde as formas infantis até as encontradas em adultos, cujo acometimento varia de leve a severo), e trabalhamos com uma equipe multidisciplinar, coordenada pela psicóloga da APAE, France Jane Elias Leandro.

Usamos o Método TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados com a comunicação), onde são utilizados estímulos visuais (fotos, figuras, cartões), estímulos corporais (apontar, gestos, movimentos corporais) e estímulos audiocinestesicovisuais (som, palavra, movimentos associados às fotos) para buscar a linguagem oral ou uma comunicação alternativa.

Preocupada com a maior epidemia do planeta atualmente, o autismo, considerado pelas autoridades nos Estados Unidos e na Europa (1 criança com autismo a cada
110 nascidos em média), criei este blog.

Cada um de nós pode assumir esta responsabilidade e nos unirmos aos autistas e suas famílias para uma maior sensibilização e compreensão . Precisamos alertar as autoridades e governantes para a criação de políticas de saúde pública para o tratamento e diagnóstico do autismo,
além de subsidiar pesquisas na área.

APRENDER A OLHAR PARA O OUTRO

APRENDER A OLHAR PARA O OUTRO:
Inclusão da Criança com Perturbação
do Espectro Autista na Escola do 1º
Ciclo do Ensino Básico

Ana Cristina F. T. Carvalho
Catarina Teixeira Soares Onofre

Introdução

Ao longo dos últimos anos, no âmbito da filosofia da Escola Inclusiva -Uma escola
para todos-(UNESCO,1994), vem sendo praticada, pelo Ministério da Educação, em
Portugal, a inclusão de crianças com Perturbação do Espectro Autista (P.E.A.1) em
algumas escolas do 1º ciclo do ensino regular e, mais recentemente, tem vindo a ser
realizada, também, no 2º ciclo de escolaridade.

1 Será considerado P.E.A. de forma a abranger o contínuo de manifestações na sua totalidade. Sempre
que se utilizar a palavra Autismo/Autista pretende-se aqui atribuir o mesmo significado.

APRENDER A OLHAR PARA O OUTRO:
Inclusão da Criança com Perturbação do Espectro Autista na Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico

Em Algés, na Escola Básica do 1º ciclo Sofia de Carvalho, pertencente ao
agrupamento de Escolas de Miraflores situado no concelho de Oeiras, encontra-se a
funcionar desde Setembro de 2001, uma estrutura de apoio criada, à semelhança de
outras, com o objectivo de fomentar a inclusão de 6 crianças com P.E.A., cujas
idades podem variar desde os 6 até aos 16 anos.

Todas as crianças seleccionadas para este grupo têm de apresentar uma
Perturbação do Espectro Autista independentemente do grau de severidade que
pode variar desde o mais ligeiro até a um mais moderado ou mesmo profundo e/ou
ainda outras coomorbilidades associadas. Cada aluno pertence a uma turma na qual
realiza todas as actividades consideradas essenciais à sua inclusão,
independentemente das suas competências.

Este recurso de apoio possui a denominação de Sala de Recursos TEACCH por
fundamentar a sua intervenção pedagógica nos princípios do Programa TEACCH
(Treatment and Education of Autistc and Related Communication Handicapped
Children) criado para o Autismo, em 1971, por Eric Schopler e seus colaboradores
na Carolina do Norte (EUA) e que vem sendo utilizado, nas últimas décadas em
muitos países, na educação de crianças com Autismo. Este consiste num programa
estruturado que fornece informações claras e objectivas sobre como se deve avaliar,
delinear e implementar uma intervenção elaborada para uma pessoa com Autismo, e
envolve desde o início os pais e todos aqueles que intervêm no seu Processo Psico
educacional. Trata-se de uma metodologia de trabalho que procura fundamentar as
suas estratégias de intervenção nas áreas fortes das pessoas que manifestam
Autismo e que se adequa à forma específica que parece caracterizar a sua maneira
de pensar e de aprender.

Nesta escola existem, anualmente, em média 300/350 crianças distribuídas por 13 a
16 turmas do 1º ao 4º ano de escolaridade e cujas idades variam entre os 6 e os 1012/
13 anos de idade. Nela todos os Recursos Humanos são da responsabilidade do
Ministério da Educação inclusivamente as docentes e a auxiliar de educação da Sala
de Recursos TEACCH que receberam, na fase inicial, formação específica sobre o
Autismo e sobre a metodologia TEACCH, fornecida pela ECAE da zona Centro, em

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Inclusão da Criança com Perturbação do Espectro Autista na Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico

Coimbra, local onde surgiram, em Portugal, as primeiras salas a utilizar esta
metodologia.

A Sala de Recursos TEACCH da escola Sofia de Carvalho situa-se na sala 13 e tem
aproximadamente 120 metros quadrados. É bastante luminosa e apresenta uma
exposição solar virada a sul com uma porta de acesso ao exterior para um pequeno
pátio fechado. Funciona sob a orientação de duas docentes especializadas que
realizam diariamente a adopção e aplicação de estratégias de ensino aprendizagem
diversificadas no sentido de desenvolver o trabalho de inclusão que denominaram
“Aprender a olhar para o outro”.

A sua abertura e funcionamento envolveu várias entidades que de uma forma
articulada têm proporcionado os seus recursos. A Direcção Regional de Educação
de Lisboa (D.R.E.L.) coloca anualmente os recursos humanos; a Equipa de
Coordenação de Apoios Educativos de Oeiras (E.C.A.E.) indicou na sua zona a
escola mais adequada para implementar este recurso; a Escola abriu as suas portas
para o receber e às crianças que por ele seriam apoiadas; o Centro de Estudos e
Apoio à Criança e à Família, (C.E.A.C.F.)2 fornece apoio técnico e formação na
intervenção pedagógica em crianças com P.E.A., avalia as crianças e participa em
reuniões com técnicos e pais; a Câmara Municipal de Oeiras forneceu móveis e
verba para equipar a sala, e finalmente mas de extrema importância o envolvimento
de várias entidades privadas, maioritariamente do próprio concelho, que ao abrigo
da Lei do Mecenato vêm financiando desde o inicio a aquisição de materiais
diversificados.

Perturbação do Espectro Autista

Apesar da multiplicidade de estudos existentes e não obstante as variadas e
inúmeras contribuições que vêm sendo feitas desde a década de 40, com o
psiquiatra infantil Leo Kanner (1943) e o pediatra Hans Asperger (1944), várias têm
sido as explicações para a etiologia do Autismo. Não havendo consensos nem
certezas, actualmente sabe-se que na maior parte das vezes a sua origem é
multifactorial, apresentam um substracto neurobiológico e podem coexistir com

2 A técnica do C.E.A.C.F. - Terapeuta da Fala - Carmelina Possacos Mota

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outras perturbações, no entanto em grande número de casos ainda não é possível
determinar quais os factores que desencadeiam um quadro clínico de autismo.

Presentemente as Perturbações do Espectro Autista incluem-se nas Perturbações
Globais do Desenvolvimento e são consideradas perturbações graves e precoces do
neuro-desenvolvimento que não têm cura e persistem ao longo da vida, podendo a
sua expressão sintomática variar. O diagnóstico desta perturbação continua a ser
clínico, ou seja, realizado através de uma avaliação do desenvolvimento expresso
pelo comportamento e, apesar das implicações de subjectividade que isso possa
conter, existem escalas de diagnóstico que permitem hoje uma maior precisão e
precocidade na realização de um diagnóstico. Especificamente no contexto
educativo são consideradas Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.) de
carácter permanente.

Ser portador de P.E.A. pode ser altamente incapacitante, caso não se usufrua de
metodologias de intervenção adequadas, pois esta perturbação conduz “a um
padrão caracterizadamente específico de percepção, pensamento e aprendizagem”
(Jorden, 2000:16) que compromete em particular o contacto e a comunicação com o
meio.

Uma pessoa com Autismo tem na maior parte das vezes uma aparência física
normal, no entanto apresenta dificuldades muito específicas em três áreas do seu
desenvolvimento: alteração qualitativa das interacções sociais, da comunicação
verbal e não verbal, padrões repetitivos e estereotipados de comportamento, e
revelam muitas vezes respostas de hipo ou hipersensibilidade a estímulos e ou
outros problemas associados.

De uma forma generalizada a afectação nestas áreas traduz-se na prática em
dificuldades significativas para aprender da forma convencional e pode manifestar-
se, entre outras, por algumas características como falta de motivação, dificuldade na
compreensão de sequências e de consequências, défice cognitivo, dificuldades de
concentração e de atenção, alterações na descriminação/processamento auditivo e
na compreensão de instruções fornecidas oralmente, falta de persistência nas
tarefas, dificuldades em aceitar mudanças e em compreender as regras instintivas

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da interacção social, alterações de sensibilidade à dor, a sons, a luzes ou ao tacto,
grande redução da capacidade imaginativa e de fantasiar, interesses restritos,
alterações de sono vigília, ou particularidades do padrão alimentar.

Descrição da prática desenvolvida e resultados obtidos

Apesar de ser impossível descrever neste espaço tudo aquilo que se realiza nesta
escola com os professores, com as crianças e com as famílias, após 5 anos a
experimentar responder, diária e continuamente, de forma adequada às
necessidades das crianças com P.E.A. através de um ensino estruturado, baseado
na metodologia TEACCH, pensamos poder partilhar esta experiência e algumas
pistas que possam ser inspiradoras para o aumento de respostas de inclusão de
crianças com esta e ou outras perturbações nas escolas do ensino regular. O facto é
que, apenas se mudam atitudes quando se torna evidente que existem vantagens
em mudar e quando as pessoas se envolvem em processos que resultam.

O Ensino Estruturado é um dos métodos pedagógicos mais importantes da
metodologia TEACCH e consiste basicamente num sistema de organização do
espaço, do tempo, dos materiais, e das actividades de forma a facilitar os processos
de aprendizagem e a autonomia das crianças e a diminuir a ocorrência de
problemas de comportamento. É, no entanto, um modelo suficientemente flexível,
pois permite ao técnico encontrar as estratégias mais adequadas de forma a
responder às necessidades de cada criança.

O objectivo central da intervenção pedagógica desta Sala de Recursos TEACCH é o
desenvolvimento de competências de autonomia e a melhoria dos comportamentos
da criança com P.E.A. em casa, na escola, e na comunidade favorecendo a sua
inclusão no maior número de actividades junto dos colegas, da turma a que cada
uma pertence, prevenindo, assim, a sua institucionalização.

Através da criação de situações de ensino estruturado com apoio de estruturas
visuais, de material próprio e de actividades adequadas às suas necessidades
(plásticas, gráficas, lúdicas, didácticas, pedagógicas, …) procura-se potenciar a
motivação destas crianças para explorar e aprender com o objectivo de aumentar os

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tempos de atenção partilhada, de interacção social, de contacto do olhar e de
comunicação através do olhar, desenvolver os tempos de atenção, de concentração
e de interesse pelas actividades propostas e materiais. Manter e aumentar a
capacidade de pegar a vez em actividades motoras e verbais, aumentar a
consistência da resposta em contextos variados, desenvolver a capacidade de
cumprir ordens em diversos contextos e a competência para iniciar, realizar e
terminar tarefas de forma autónoma.

Aqui também se trabalha a linguagem, a comunicação e a interacção de forma
estruturada, assim sempre que é necessário ou possível usa-se o Programa de
linguagem do vocabulário MAKATON3. Este utiliza gestos e símbolos em simultâneo
com a fala e permite desenvolver a comunicação funcional, a estrutura da linguagem
oral e da literacia facilitando o acesso aos significados do e no mundo com os outros

o que proporciona maior disponibilidade para a relação.
Num ambiente no qual a firmeza e o afecto são uma constante essencial fomenta-se
a sua permanência e o convívio com as outras crianças, desenvolvendo um trabalho
sistematicamente articulado, com os docentes e com os colegas da escola e ainda
de extrema importância com as famílias, procurando-se agir em vez de reagir, no
sentido de se alcançar uma integração escolar bem planificada com programas e
serviços adequados que permita oferecer um conjunto de vantagens a todos os
implicados.

Esta articulação é realizada através de reuniões regulares de suporte nas quais se
fornecem informações, se reflecte sobre as conquistas e sobre as dificuldades e se
formulam e reformulam estratégias sempre que necessário, numa permanente
atitude de reforço construtivo. Quem lida com crianças com Autismo experimenta
sucessivas e constantes adaptações, por isso, a colaboração entre todos os
envolvidos (adultos e ou crianças) é de extrema importância, pois permite a redução
de ansiedades e a manutenção de um ambiente calmo entre todos os parceiros e
ainda potencializa os desempenhos de cada interveniente proporcionando o
desenvolvimento de novas competências e promovendo mudanças.

3 Concebido por Margaret Walker, UK; Versão portuguesa 1985, adaptada por Isabel Prata C.E.A.C.F.

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Numa primeira etapa é elaborada, pela técnica do CEACF, a avaliação da criança
com o Perfil Psico Educacional Revisto (PEP-R criado por Eric Schopler). Este
fornece, além do nível de funcionamento em cada área de desenvolvimento, as suas
capacidades emergentes (nem sempre evidentes, surgindo apenas se estimuladas)
e ainda a existência ou ausência de comportamento patológico. Baseado nesta
avaliação e em dados retirados do dia a dia da criança, no contexto escolar e
familiar, é depois realizado um Programa Educativo com objectivos estabelecidos
para ela e a executar através de uma planificação de intervenções individualizadas.

A planificação de intervenções individualizadas é adaptada às suas necessidades
individuais, aos seus diferentes níveis de funcionamento, e centra-se nas suas áreas
fortes (processamento visual, memorização de rotinas e interesses especiais)
utilizando-as como potencializadoras para as restantes áreas.

Com base nesta planificação são implementadas situações de ensino estruturado
com apoio de estruturas visuais e que consistem na organização do espaço, do
tempo, dos materiais e na criação de rotinas. Esta estratégia fornece o tipo e a
quantidade de estrutura que cada uma destas crianças necessita para progredir na
sua aprendizagem e fomenta a sua autonomia, pois as estruturas visuais ensinam e
ajudam a seguir instruções de forma autónoma auxiliando as pessoas com Autismo
a lidar com as mudanças, proporcionando-lhes maior flexibilidade ao seu
pensamento.

A estrutura ou a organização do espaço


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Consiste basicamente na forma de organizar o espaço através da delimitação clara
das diversas áreas de trabalho, fazendo corresponder a cada área uma actividade
específica podendo para tal utilizar-se mobiliário ou outro material que permita tornar
as delimitações claras e diminuir os estímulos distractivos.

Segundo a metodologia TEACCH as ÁREAS DE TRABALHO consideradas básicas
e que existem nesta Sala de Recursos TEACCH são:

(i)
A ÁREA DE TRABALHO 1 A 1 ou O ESPAÇO PARA APRENDER (como
é denominado aqui) e que deve ser protegida de estímulos que possam
ser distractivos e na qual se trabalha individualmente com a criança a
aquisição de novas competências, procurando-se ajuda-la a encontrar
motivação para a aprendizagem através de ajudas físicas,
demonstrativas ou verbais que possibilitem o sucesso e reduzam a
frustração.
(ii)
A ÁREA DE TRABALHO INDEPENDENTE OU AUTÓNOMO onde se
pretende que a criança vá realizando as actividades aprendidas de forma
autónoma centrando-se nos objectivos da actividade (nesta sala existem
5, pois neste momento 2 das crianças já permanecem na sua sala de
aula o dia todo com algumas adaptações dos processos de ensino-
aprendizagem). Nesta área de trabalho existe também um SISTEMA DE
TRABALHO INDIVIDUAL que consiste num plano de trabalho que
fornece à criança informação sobre o que fazer e por que sequência, e
ainda o conceito de começar, realizar e terminar uma actividade
tornando-a capaz de realizar uma tarefa de forma autónoma (o que é de
extrema importância para estas crianças que manifestam pouca
motivação e dificuldade em permanecer atentas de forma a sequenciar
uma actividade).
(iii)
A ÁREA DE LAZER na qual não existem exigências por parte do adulto e
onde a criança pode estar livremente a desenvolver actividades dentro
dos seus interesses, onde normalmente se permitem as estereotipias.
(iv)
A ÁREA DE TRABALHO DE GRUPO na qual se desenvolvem
actividades que promovem e favorecem as interacções sociais.
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(v)
E a ÁREA DE TRANSIÇÃO onde a criança passa quando muda de
área/actividade, e que aqui se encontra junto da área de trabalho
autónomo de cada uma das crianças.
Depois, nesta sala, foram ainda criadas outras áreas que se consideram importantes
dentro das necessidades e capacidades das crianças que se atendem e que, visto a
sala ser ampla, foram possíveis no espaço físico existente:

(i)
Uma ÁREA DE TRABALHO NO COMPUTADOR. A informática é
utilizada para ajudar a ultrapassar dificuldades tanto em termos de
reprodução gráfica como em termos de atenção e de perseverança.
Muitas destas crianças sentem pouca motivação para realizar
aprendizagens e às vezes revelam dificuldades nos desempenhos
motores finos, frequentemente o apelo de um ecrã e de um software
agradável pode ser uma mais valia no trabalho com elas. Também nesta
área se pode aprender a esperar a vez ou a executar uma actividade
partilhada.
(ii)
Uma ÁREA PARA BRINCAR ESTRUTURADO com carrinhos, legos ou
materiais de construção, na qual se procura que aprendam a desenvolver
algumas actividades lúdicas. Aqui neste espaço nos momentos de
intervalos escolares quando a sala está aberta às outras crianças da
escola acontecem brincadeiras criativas e estimulantes que podem servir
de modelo a imitar por estas crianças.
(iii)
Uma ÁREA PARA LEITURA. Muitos dos meninos desta sala gostam de
ver ou de ler livros e contar histórias é extremamente rico para a
construção de um mundo no qual se sequenciam situações.
(iv)
Uma ÁREA PARA REALIZAR ACTIVIDADES DE EXPRESSÃO
PLÁSTICA onde existem materiais diversificados que permitem
desenvolver actividades variadas que possibilitam, entre outras
aquisições, a algumas crianças dessensibilizações de contacto e a outras
desenvolver a sua motricidade fina. Aqui também outras crianças da
escola podem realizar actividades trazendo modelos a partilhar.
(v)
Uma ÁREA COM LAVATÓRIO que possibilita realizar além de
actividades de higiene básicas actividades de relaxamento com água.
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A organização do tempo

A planificação é estruturada visualmente através de HORÁRIOS DE ACTIVIDADES
e de PLANOS DE TRABALHO o que fornece antecipadamente à criança (através de
uma organização externa) informação clara e objectiva sobre o que vai acontecer ao
longo do tempo do dia e em que sequência (antecipar e prever), o que proporciona
um ambiente seguro, calmo e previsível. Como resultado consegue-se compensar a
dificuldade que manifestam em sequenciar e em se manterem organizadas,
diminuindo comportamentos disruptivos aumentando a motivação e melhorando a
capacidade de aceitação a alterações da rotina.

Estes horários ou planos podem ser adaptados a vários níveis de competências
desde os mais acessíveis, que fornecem informação para um período de tempo mais
curto e realizados com objectos, fotos reais ou imagens (nesta sala estão a ser
utilizadas imagens do programa S.P.C.*), criados para crianças com mais
dificuldades, aos mais complexos que podem utilizar símbolos mais abstractos como
palavras e ser elaborados para uma maior duração de tempo. Funcionam de cima
para baixo, ou da esquerda para a direita (por ser o sistema convencional existente
no país), consistindo o mesmo numa rotina securizante à qual estas crianças
aderem rapidamente.

* Software Boardmaker,-Mayer Johnson, versão portuguesa Anditec
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HORÁRIOS DE ACTIVIDADES



PLANOS DE TRABALHO



Com o seu suporte procura-se promover a sistematização do processo de ensino
aprendizagem, a visualização simbólica referenciadora de regras/rotinas da escola e
de condutas sociais associadas à interacção que se procura estabelecer com pares
e adultos da escola.

Para algumas das crianças que conquistaram mais autonomia, neste momento já é
possível fornecer esta referência temporal simplesmente através de um plano do dia
ou de um sumário elaborado no quadro da sala que serve e beneficia toda a turma.
Para elas também já não é necessária uma área de trabalho autónomo, conseguem
estar na sala num lugar como os outros colegas sendo apenas praticadas algumas
alterações/modificações no espaço físico ou em desempenhos do professor.


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Por exemplo, quando o professor fala para o grande grupo chama esse aluno pelo
seu nome e várias vezes para que se mantenha atento; quando pretende que a
criança olhe para alguma informação no quadro procura e certifica-se que este olhe
para o local pretendido; cria determinadas rotinas que mantém diariamente como
escrever o plano do dia sempre no mesmo espaço do quadro, arruma a sala de
forma estruturada; o seu lugar fica perto do quadro sem crianças à sua frente para
que não se distraia, se o aluno necessita de apoio mais directo pode ser importante
ter sempre uma cadeira junto de si, pois assim ele sabe que sempre que precisar o
professor pode sentar-se ali; ao seu lado deve estar sentado um colega com
capacidade de desempenhar o papel de tutor; se existem regras afixadas
(informativas de comportamentos que deve ou não deve ter) estas devem estar
próximas e a criança deve aprender a olhar para elas sempre que o professor
fornecer um sinal combinado, se a criança precisa de incentivos/motivações procura-
se que sejam dentro dos seus interesses e que possam ser compensadoras de
desempenhos pretendidos Em relação a comportamentos disruptivos como, por
exemplo, esteriotipias estas devem ser permitidas mas sempre de forma organizada
e temporizada, no entanto se a criança manifesta dificuldade em aceitar esta gestão
de comportamentos a mesma pode ser realizada com apoio de tabelas de registos
que possam fornecer a informação visual à criança.


A organização dos materiais

A utilização de material pedagógico adequado às necessidades de cada criança é
outro dos procedimentos importantes que se realiza, pois uma criança com Autismo
necessita aprender cada tarefa várias vezes e com material que se apresente

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visualmente de forma estruturada, ou seja, que forneça informação clara sobre o que
realizar, como realizar e quando está terminado.


Depois precisa ainda de ser ajudada a generalizar essa mesma aprendizagem para
outros contextos. Assim num primeiro tempo, no espaço do Aprender (Trabalho 1 a
1) da Sala de Recursos TEACCH são trabalhadas, com material pedagógico
específico, por etapas, as tarefas necessárias para que cada criança atinja o/os
objectivo/s do seu Programa Educativo. Depois quando já é capaz de as realizar
pode passar a fazer essa tarefa no seu espaço/área de trabalho autónomo com a
posterior transição para o espaço de sala de aula, que se encontra
modificado/preparado, participando diariamente em actividades que decorrem nas
turmas a que pertencem.


Toda esta dinâmica (modificação do ambiente e o suporte de material pedagógico
adequado) permite a realização diária de tarefas que a criança é capaz de executar,
diminuindo o grau de frustração e promovendo relações significativas com as

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actividades e com os contextos, melhorando nelas a capacidade autónoma de
desempenho em contextos variados, nomeadamente na turma a que cada uma
pertence, em casa com a sua família, ou noutros espaços generalizando as
competências aprendidas de forma a optimizar as aprendizagens.

E por último mas de extrema importância as rotinas que, conforme já foi referido,
surgem incluídas na planificação e na gestão das tarefas do dia a dia e dos materiais
e permitem processar informação de forma mais eficaz facilitando a aprendizagem,
pois podem ser usadas numa variedade de situações e eventualmente alteradas. A
maior parte destas crianças desenvolve rotinas, no entanto, muitas vezes são pouco
funcionais.

Conclusão

Em suma educar crianças com Perturbação do Espectro Autista é hoje claramente
viável e possível em inclusão, no entanto, apresenta enormes desafios aos
profissionais envolvidos devido às características que estas manifestam. Os
problemas de linguagem podem constituir um obstáculo à comunicação; a
resistência à mudança e neste caso à aprendizagem não permite frequentemente a
utilização de técnicas de ensino-aprendizagem e avaliação tradicionais. Por vezes, o
seu elevado funcionamento mental em algumas áreas pode levar o professor a criar
falsas expectativas e consequente frustração; as respostas alteradas a estímulos
ambientais usados na educação podem levar os outros a responder e a actuar de
forma menos adequada às situações, as alterações de humor, por vezes
aparentemente inexplicáveis, podem representar desafios e momentos de enorme
perplexidade aos pares.

Para um professor o que se torna crucial realçar é que independentemente de qual a
sua etiologia o Autismo é um distúrbio do desenvolvimento que irá afectar todo o
processo de aquisição de experiências, por isso as crianças com P.E.A. manifestam
diferenças no modo como aprendem. Tudo aquilo que as outras crianças aprendem
espontaneamente tem de lhes ser ensinado e explicado utilizando procedimentos de
intervenção que reconheçam e procurem compensar essas dificuldades muito
específicas. Assim, e de acordo com cada criança, deve ser elaborado um programa

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interventivo baseado numa estrutura externa que lhes proporcione pistas
orientadoras do processo de aprendizagem. Esta deverá funcionar como uma
estratégia que compense a sua dificuldade para aprender de forma espontânea e
auto-orientada.

Efectivamente, a criação de ambientes estruturados e programas diários que
implementem estratégias aplicadas de forma detalhada, sequenciada e persistente
torna possível que elas aprendam e apresentem uma melhoria significativa.
Possibilita o aumento das capacidades funcionais, a redução das limitações e dos
comportamentos disruptivos e ainda a melhoria nos desempenhos e nas suas
adaptações aos contextos frequentados pelas outras crianças, nomeadamente o
escolar.

O envolvimento e a formação de todos os que lidam com a pessoa com autismo é
essencial. A interacção social e a aprendizagem tendem a melhorar a sua expressão
sintomática. Serão as relações a modificar a sua evolução e o seu prognóstico. As
necessidades específicas de cada um não serão apenas determinadas pelas suas
dificuldades de desenvolvimento, mas principalmente na forma como estas se
organizam no contexto em que a aprendizagem acontece.

Apesar de esta sala ser um espaço para trabalhar com as crianças com P.E.A. está
sempre aberta a qualquer aluno da escola que nela queira estar, seja para brincar,
para ser ouvido, ou apenas para esperar que o seu professor chegue. A pouco e
pouco ela é hoje um espaço de todos no qual se pratica a inclusão inversa.

Modificando o ambiente, reduzindo ou aumentando os estímulos, promovem-se as
interacções das crianças ajudando as que apresentam P.E.A. a encontrar motivação
para a relação com o outro e as outras a respeitar o colega diferente na sua
diferença.

De facto, nesta escola a inclusão tem sido uma realidade efectiva na qual os
docentes envolvidos, professores formidáveis tanto em termos pedagógicos como
pessoais, têm enriquecido e partilhado as suas práticas pedagógicas. Os colegas
das turmas após esta experiência vivida serão concerteza no futuro cidadãos mais

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completos, pois praticam diariamente uma construção de valores de respeito pela
diferença e experimentam a tolerância à frustração ao não obterem do outro as
respostas normalmente esperadas e por isso manifestam capacidades gradualmente
superiores de resolução de conflitos e de compreensão e de aceitação de diferenças
no outro.

Esta escola, tão especial e acolhedora, relembra-nos todos os dias que na vida
apesar de cada um seguir o seu caminho ele faz parte de um todo que diz respeito à
humanidade e isso faz-nos sentir como é bom estarmos sempre atentos e
disponíveis para “Aprender a olhar para o outro” e para acreditarmos no seu
potencial. A inclusão não pode ser considerada um privilégio, ou uma mera opção
estratégica, é um direito e, sobretudo, um exercício de cidadania a praticar
diariamente e que abre caminho rumo a uma escola na qual todas as crianças
devem ter um lugar, independentemente das suas diferenças, conforme preconiza a
Declaração de Salamanca (1994).

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Referências bibliográficas:

CALDEIRA, Pedro, (2005). Abordagens à problemática do Autismo-
Caracterização e Intervenção- Jornadas de Formação Caldas da Rainha Junho
2005

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (1994). Conferência Mundial sobre
Necessidades Educativas Especiais, Acesso e Qualidade, Ed. UNESCO

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MARQUES, Carla Elsa (2000). Perturbações do Espectro do Autismo : Ensaio
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e Sociedade, Quarteto, Coimbra.

WANG, Margaret, Gorden PORTER & Mel. AINSCOW (1997). Caminhos para as
Escolas Inclusivas, Instituto de Inovação Educacional, Lisboa.

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