"Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra". (Reuven Feuerstein)

domingo, 17 de novembro de 2013

sábado, 16 de novembro de 2013

O DESAFIO DO AUTISTA NA EDUCAÇÃO

A criança autista tem que lidar com muitos estímulos visuais, auditivos e sensoriais que passam despercebidos para os alunos neurotípicos, ou “normais”, como explicou a psicóloga Sandra Roos. Para as crianças com transtorno do espectro autista, tais estímulos incomodam, agridem, representam mais um desafio. O próprio processo educacional, de acordo com a especialista, não é pensado nesses termos. “Não existe uma adaptação até que ela seja exigida”, afirmou. Mãe de uma menina com 12 anos de idade com transtorno do espectro autista, a psicóloga enumerou algumas das dificuldades enfrentadas nas escolas, tais como as necessidades especiais em relação à coordenação motora fina para o aprendizado da escrita; a adequação da iluminação da sala de aula, uma vez que as crianças autistas percebem e se incomodam com a luz trêmula das lâmpadas fluorescentes muitas vezes já velhas e gastas; a necessidade de um ambiente que não disperse sua atenção, devido à dificuldade de concentração em geral experimentada por essas crianças; e a redução do barulho em sala de aula, dada a maior sensibilidade auditiva. “Mas, na prática, isso não acontece”, afirmou. “Digo isto tudo pensando na minha filha e em seu ‘grau’ de autismo, que é leve e a permite participar do processo de inclusão. Mesmo para ela, as escolas não estão preparadas e os pais, via de regra, é que tem que lutar pelos direitos de seus filhos especiais”, disse Roos ao lembrar que, por lei, todas as crianças matriculadas nas escolas municipais e estaduais têm o direito de serem acompanhadas por auxiliar em sala de aula, sejam essas crianças autistas ou tenham outras deficiências comprovadas por laudo médico. “As escolas não têm hoje nem salas de aula nem profissionais preparados para atendê-las em suas necessidades. Professores e auxiliares estão se virando sozinhos, sem apoio ou preparação prévia”.
Marisa Furia Silva é uma das fundadoras da Associação dos Amigos do Autista de São Paulo – AMA SP, é presidente da Associação Brasileira de Autismo – ABRA e integra o Conselho Nacional de Saúde. Também tem um filho autista e há 30 anos milita em prol das políticas públicas para as pessoas com transtorno do espectro autista. Em relação a esse tempo, Silva observa que pouco se avançou. Segundo ela, o primeiro documento do governo brasileiro a referir-se ao autismo é uma portaria do Ministério da Saúde de 2002. Em 2009, o Estado brasileiro ratificou a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, documento que toma a acessibilidade como conduta para a garantia dos direitos individuais. Dois anos mais tarde, foi lançado o Viver sem Limite: Plano Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência e, no final de 2012, a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo passou a considerar, para todos os efeitos legais, o autista como pessoa com deficiência. Resultado da mobilização social de movimentos e associações de pais de autistas, tal processo conquistou, em 2013, como um de seus resultados, a publicação, pelo Ministério da Saúde, das Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo. No documento, salienta-se que, para que a atenção integral seja efetiva, as ações devem estar articuladas entre a rede do Sistema Único de Saúde, os serviços de proteção e assistência social e os de educação. “Com a lei, os autistas estão garantidos na política da pessoa com deficiência, o que é muito importante”, afirmou Silva referindo-se à política nacional sancionada no final de 2012, que, entre outros pontos, tornou obrigatória a matrícula de alunos com o transtorno em todas as escolas.

Por outro lado, a especialista lembrou que, antes de serem autistas, tais crianças são cidadãs e, portanto, tal documento trata da reafirmação de um direito já garantido. A inclusão no sistema público de educação, no entanto, é ainda, na avaliação de Silva, um grande problema. “A inclusão da pessoa com autismo é uma inclusão específica”, salientou. Da mesma forma, as creches são fundamentais para o diagnóstico precoce. “A creche tem que estar preparada para um atendimento junto com a Saúde e com a Assistência Social. Sendo feito esse trabalho específico com essas crianças, não há dúvidas de que sua inclusão será menos traumática para elas, para as famílias, para os outros alunos e para os professores”, disse. Segundo a psicóloga Sandra Roos, os benefícios terapêuticos da inclusão de crianças autistas nas escolas regulares encontram-se na área da sociabilização. “Convivendo com outras crianças e sendo incluídas nas salas normais elas têm que se adaptar às regras, aos combinados, e aprendem a se comportar de uma forma tradicional. Porém, eu só vejo benefícios se elas forem ‘respeitadas’ em suas particularidades e nunca forçadas a se relacionarem ou se comportarem como as outras. É preciso entender que seu funcionamento cerebral é diferente e não forçar, não impor. Elas devem se relacionar com outras crianças ‘quando’ e ‘se’ quiserem, pois não têm a mesma vontade ou necessidade dessa relação”, explicou a especialista. “Esse é um dos pontos em que a minha filha mais é cobrada na escola. Tenho sempre que orientar que o ‘normal’ não é obrigatório e que ela deve ser deixada sozinha se assim quiser, que ela se sente bem assim. Isso causa estranheza e ‘incomoda’ os outros, assim como tudo o que é ‘diferente’”, disse.

Para a psicóloga, a inclusão pode não ser o melhor caminho em casos mais graves, em que a criança não fala, não escreve e não se comunica por meio de figuras ou outros modos possíveis de serem utilizados em sala de aula. “Gostaria que os pais entendessem isso, a criança pode ser discriminada muito mais do que aceita e ela sofre com isso. Há relatos de mães de autistas que, após tentarem a inclusão, ouviram dos próprios filhos o pedido de mudança para uma sala especial, pois eles não se sentiam bem no meio dos outros”, disse. Tanto a psicóloga como a presidente da ABRA concordam que é urgente preparar as escolas e capacitar professores e equipes técnicas. Ambas afirmaram, também, que a luta pela garantia dos direitos das crianças autistas é travada pelos pais, que muitas vezes são obrigados a recorrer à força da lei para que seus filhos tenham acesso à educação. “Se o aluno for aceito [na escola] e não receber a educação dada aos outros, a inclusão é falsa, é só fachada. Alunos mais comprometidos que são separados e enviados a salas de recursos ou retirados das salas de aula por incomodarem os outros – ou se incomodarem com os outros – não estarão recebendo o que foram buscar na escola. É comum deixarem estes alunos ‘perambulando’ fora das salas de aula porque eles não conseguem permanecer nelas. É preciso conscientização e informação, educar professores e comunidade a respeito das características e particularidades dos alunos autistas”, afirmou Roos. Para Silva, é fundamental o apoio de políticas públicas no atendimento, que é oneroso para as famílias. “É um custo que o governo tem agora que minimizará custos futuros, pois as pessoas se tornarão adultos menos comprometidos. Nessa área o Brasil também acordou há pouco, ainda temos muito trabalho pela frente”.

Crédito: Blog Educação/Bernardo Vianna


Se sentindo indignadíssima e muito triste!

 Aconteceu esta semana um episódio que me deixou com muita raiva e muito, muito triste. 

Pois bem, há algum tempo, um clube de minha cidade, me ofereceu convites para levar os alunos  da APAE que eu trabalho, para se divertirem. Assim, hoje eu estava combinando o dia, que seria no dia 26 de dezembro, logo depois do natal, imaginando o clube com pouca gente (já que muitos viajam logo após o natal), mas foram logo me avisando que o clube só poderia ser usado por eles, numa segunda-feira, isto é, o dia que o clube não abre e abriria só para os nossos deficientes. Como não consigo ficar calada, quem me conhece sabe, retruquei que isso era exclusão. Aí o Sr. Responsável pelo clube, me disse que tinha que pensar nos sócios, se um desses meninos tem incontinência, como ele vai ficar, que eu entenderia...Incontinência? Sim temos alguns sim, mas não conhece a estrutura de uma APAE, da nossa APAE quando saímos com nossos alunos, né? Daí prá frente foi só besteira que este Sr. disse. Falei-lhe que esses alunos já tinham ido em outro clube da cidade e que tinham sido muito bem acolhidos pelos sócios ali presentes, até o corpo de bombeiros foi acionado por este clube para atender nossos alunos e, que não acreditava no que estava ouvindo. Agradeci a “gentil oferta” e disse-lhe que arranjaria outro clube para poder passar o dia com nossos meninos. Aí veio a pior parte e tamanha prepotência: - “Se este clube não aceita eles no dia que temos para oferecer, nenhum outro clube aceitará. Sou sócio de todos”!

Meu Deus, quando acho que as pessoas com deficiência estão ganhando seu espaço, DE DIREITO, ainda tenho que ouvir isso? Fiquei imaginando nosso Adriano, que é autista severo, que está com um comportamento mais sociável, mas tem a estereotipia de agitar seus braços, de certo seria assustador para esse Sr. O que falar de Wesley, deficiente severo e super agitado, gosta de agarrar as pessoas (gosta da atenção das pessoas – sua história é muito triste), o que este sr faria? Sem falar no Adão, que com seu jeito brejeiro, e enorme necessidade de ser aceito e amado, encanta a muitos, mas gosta de falar. E como gosta! Seria ouvido?

Pessoas como este Sr, não sabem o que estão perdendo! Eu sou privilegiada por ter a oportunidade de estar perto de pessoas como os nossos alunos e usuários da APAE. Eu tenho mesmo é que agradecê-los, por deixarem que eu participe um pouco da vida deles.

“SE VOCÊ DEIXA DE VER A PESSOA, VENDO APENAS A DEFICIÊNCIA QUEM É O CEGO?
SE VOCÊ DEIXA DE OUVIR O GRITO DO SEU IRMÃO PARA A JUSTIÇA, QUEM É O SURDO?
SE VOCÊ NÃO PODE COMUNICAR-SE COM SUA IRMÃ E A SEPARA, QUEM É O MUDO?
SE SUA MENTE NÃO PERMITE QUE SEU CORAÇÃO ALCANCE SEU VIZINHO, QUEM É O DEFICIENTE MENTAL?
SE VOCÊ NÃO SE LEVANTA PARA DEFENDER OS DIREITOS DE TODOS, QUEM É O ALEIJADO?
A ATITUDE PARA COM AS PESSOAS DEFICIENTES PODE SER NOSSA MAIOR DEFICIÊNCIA...
E A SUA TAMBÉM.”

NADA SOBRE NÓS SEM NÓS!


Em junho aconteceu o II Fórum de Autogestão, Audefesa e Família na APAE, com os alunos, pais e funcionários, onde foram ouvidos e destacadas ações que já acontecem na instituição para um melhor qualidade de vida dos nossos alunos e usuários e reivindicações de melhorias para o ano de 2014. 


Hoje, juntamente com os alunos da APAE, montamos o Plano de Ação para 2014, priorizando as Tecnologias Assistivas, que são os recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.

É assim que o movimento das APAES trabalham. A pessoa com Deficiência e suas famílias, protagonistas de sua história!