"O meu amor, dedicação, carinho, sonhos de um futuro transcendente, vai para minhas queridas crianças autistas, que, de forma silenciosa e, até muitas vezes geniais, nos revelam um lado inexplorado do ser humano."
"Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra". (Reuven Feuerstein)
domingo, 11 de janeiro de 2015
sábado, 10 de janeiro de 2015
Diagnóstico do autismo
Ao longo dos últimos anos nos
EUA, as estatísticas têm apontado para um número crescente de
pessoas diagnosticadas com autismo. Mas, apesar do crescente número de
diagnósticos, tanto nos EUA como em muitos outros países, os motivos que levam
a esse aumento na quantidade de crianças diagnosticadas ainda não estão claros
e vêm sendo debatidos pela comunidade científica internacional.
Há cientistas que alegam que fatores ambientais têm
ocasionado o surgimento de mutações genéticas raras, elevando
o surgimento dos casos de autismo no mundo. Outros cientistas
apontam que o aumento no número de crianças com autismo sendo
diagnosticadas teria relação com aumento da idade dos seus pais. E
existem ainda aqueles que acreditam que a emergência de um crescente
número de casos do autismo deve-se, simplesmente, ao fato de que a
comunidade médica tem tido mais facilidade em diagnosticar
o transtorno. Em consonância com esta terceira via de pensamento,
a Revista
Time publica estudo sobre o diagnóstico do autismo e divulga
uma pesquisa recente apresentada no periódico científico JAMA
Pediatrics, que reforça a tese de que o aumento do número de casos de
autismo deve-se às mudanças no processo de diagnóstico.
No estudo mencionado na
reportagem da Time, 677.915 crianças dinamarquesas nascidas entre 1980 e
1991 foram acompanhadas e monitoradas por pesquisadores até obterem
o diagnóstico de autismo – as que não obtiveram o diagnóstico foram
acompanhadas até o final do estudo, que encerrou-se em dezembro de
2011. Os pesquisadores atentaram-se às mudanças que ocorreram antes e
depois de 1994, já que, neste ano, a Dinamarca alterou os critérios
para diagnósticos psiquiátricos e o autismo passou a ser percebido
como um espectro de transtornos. Os resultados obtidos pelos pesquisadores
indicaram que um número maior de crianças foi diagnosticada com
autismo a partir de 1995 e, então, a equipe estimou que 60% do
aumento no número de casos de autismo diagnosticados naquele país pode ser
atribuído às mudanças nos critérios do diagnóstico que foram lá
implementadas.
De acordo com a Revista Time,
embora as conclusões do estudo refiram-se à Dinamarca, nos
EUA, assim como em outros países, mudanças similares nos critérios de
diagnóstico também aconteceram nos últimos anos. A reportagem menciona que em
maio de 2013 a Associação Americana de Psiquiatria divulgou novos
critérios para o diagnóstico do autismo através de uma reformulação
no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).
Segundo as diretrizes anteriores estabelecidas no Manual, as crianças
analisadas deveriam atender seis dos doze critérios
listados para poderem ser diagnosticadas com o autismo (ou com a
Síndrome de Asperger). Atualmente, o mesmo Manual estabelece que os distúrbios
devem ser enquadrados em uma categoria única (que passou a ser denominada
“transtornos do espectro do autismo”), sendo que os critérios necessários
ao diagnóstico tornaram-se mais específicos. O Centro de
Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, estima que cerca de uma em 68
crianças norte-americanas está no espectro do autismo, o que é 30% maior do que
as estimativas feitas pelo órgão em 2012. Stefan Hansen, da Universidade
de Aarhus na Dinamarca (e autor do estudo recentemente publicado)
afirma que este aumento pode relacionar-se com uma
maior consciência pública acerca do autismo. Para Stefan, o fato
de as pessoas se tornarem mais conscientes sobre o termo autismo ao longo
do tempo faz com que os pais acabem levando os seus filhos para
serem examinados com mais frequência.
A comunidade científica concorda
que mais pesquisas são necessárias para entender como outros fatores podem
estar contribuindo para o aumento dos casos de autismo diagnosticados em todo o
mundo. O CDC fez um anúncio recente de que, ao longo dos próximos quatro anos,
serão investidos mais de US $ 20 milhões para acompanhar a prevalência do
transtorno do espectro do autismo entre as crianças nos EUA. A reportagem
menciona que, com um acompanhamento melhor da prevalência do autismo, a
esperança é que a comunidade científica e as famílias afetadas possam
compreender cada vez mais o surgimento do transtorno.
Fonte: Inspirados pelo Autismo
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Autismo e perspectivas
No ano de 2014, a trajetória da luta pelos direitos da pessoa
com o transtorno teve vitórias e desafios
Rio - Nos últimos anos, os debates acerca do autismo ganharam
visibilidade. A exposição do tema na mídia e nas redes sociais disseminou
informações que têm aclarado um pouco mais esse campo de estudos, ainda
desconhecido para a maioria das pessoas. O autismo é um transtorno tão complexo
e com sintomas tão diferentes, que há quem diga que não existem dois autistas
iguais. O autista tem dificuldades na interação social e um apego exagerado a
rotinas.
No ano de 2014, a trajetória da luta pelos direitos da pessoa
com o transtorno teve vitórias e desafios. Algumas das conquistas foram a
capacitação de profissionais e professores da rede pública de ensino, pesquisas
científicas buscando descortinar a síndrome e a inauguração da primeira
clínica-escola pública para autistas no Brasil, em Itaboraí.
Porém, ainda há grandes desafios pela frente. Muitos autistas
foram impedidos de frequentar escolas simplesmente por serem autistas. Crianças
viram o seu direito a uma educação multidisciplinar cerceado, porque há poucas
escolas estruturadas para atendê-las. Como resultado, mães e pais se sentiram
desamparados na luta pelo tratamento de seus filhos; esquecidos foram por quem
deveria ampará-los.
Também falta espaço no mercado de trabalho, porque não
existem políticas para o campo profissional que os capacitem e os incluam.
Porém, nesse estado das coisas, surgiram aqueles que não
perderam a esperança, mas nutriram seus sonhos na mesma perspectiva de muitos
professores, desejosos por um espaço educacional afetivo e social, que não
discrimine, mas acolha e inclua a partir de um modelo de ensino que aponte mais
para as necessidades de quem aprende e menos para os conceitos de quem ensina.
São família e escola. Esses são os que poderão superar os desafios.
Fonte: Eugênio Cunha no O Dia
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
Congresso Nacional on-line de Autismo
O Primeiro Congresso Nacional
Online de Autismo, é um Evento que acontecerá de 23 de fevereiro a 01 de março.
Serão palestras com Médicos, Pesquisadores, Fonoaudiólogos, Psicólogos,
Pedagogos, Terapeuta Ocupacional, Pais e Familiares, Organizações e Associações.
O Congresso será Totalmente
Online e GRATUITO durante toda a semana de exibição, onde serão
disponibilizadas várias palestras em horários pré determinados, abordando
vários assuntos de grande relevância para todos os Interessados com Grandes
Especialistas e Pesquisadores.
Para ter acesso a Área do
Congresso você deve fazer a sua inscrição colocando seu e-mail no campo
INSCRIÇÃO, assim que você se inscrever na página do Congresso, receberá um link
de confirmação no seu e-mail colocado na Inscrição, fazemos isto para ter
certeza da autenticidade do e-mail, assim que fizer a confirmação no link
mandado no seu e-mail seu acesso será ativado no Congresso. É muito importante
este e-mail ser visto regularmente, pois mandaremos várias informações acerca
do evento.
Nos dias do Congresso será
mandado um link diário para acesso a Área do Evento no seu e-mail. Nossa sala
virtual suporta no máximo 4.000 pessoas em cada palestra, por este motivo é
importante organizar-se e acessar o link na hora marcada. Além de mandarmos o
link no seu e-mail disponibilizaremos o Link na Comunidade no Facebook bem como
no nosso site.
A programação de palestras estará
disponível brevemente.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
PROJETO FADA DO DENTE
Trabalhamos com células-tronco de polpa de dente de crianças
autistas, através dessas células estudamos os mecanismos envolvidos nesta
doença.
As doações acontecem da seguinte maneira: quando a criança
esta com um dente mole, os pais entram em contato com o nosso grupo e nós os
orientamos sobre o armazenamento. Quando o dente cai, os pais devem enviar para
nós em até 48 horas para realizarmos o processo de isolamento das
células-tronco.
Dentes que já caíram, infelizmente não servem pois as células-tronco morrem logo após a queda do dente. Para realizar a doação do dentinho do seu filho(a) o dente deve ter caído na hora, estar em ótimas condições (NÃO PODE ter carie), deve estar branquinho, limpo e com bastante polpa (que é aquela carninha dentro do furinho do dente). Se o dente não estiver em ótimas condições infelizmente não servirá para a pesquisa, pois as células que extraímos são muito sensíveis e morrem com facilidade.
Para iniciar, enviamos uma ficha de anamnese (ficha clínica) do (a) seu (sua) filho (a), para selecionarmos conforme o tipo de autismo, pois estamos recebendo muitos dentinhos. Esta ficha está anexa.
Infelizmente, no momento nós não estamos conseguindo enviar os kits da fada, mas o dente pode ser colocado em um potinho plástico (como aquele de exame de urina que vende na farmácia) contendo água mineral ou filtrada. Feche-o bem e coloque dentro de um isopor pequeno com gelo (o gelo pode ser reciclável, caso tenha, ou pode ser gelo normal, mas coloque dentre de vários sacos plásticos....).
Em seguida, envie para nós por Sedex mas dê preferencia para o Sedex 10 porque chega mais rápido e assim aumentam as chances de sucesso na obtenção das células do seu filhote.
Segue os dados para envio:
Segue os dados para envio:
A/C Projeto a fada do dente
Av Prof Dr Orlando Marques Paiva, 87
Cidade Universitária
São Paulo/SP
Av Prof Dr Orlando Marques Paiva, 87
Cidade Universitária
São Paulo/SP
Laboratório de células tronco - FMVZ/USP
departamento de cirurgia
CEP: 05508-270
departamento de cirurgia
CEP: 05508-270
Atenção: Os dentes doados são utilizados somente para a pesquisa, nós não somos um banco de células-tronco e não oferecemos nenhum tipo de tratamento com células-tronco nos pacientes, nós utilizamos essas células para realizar estudos no laboratório.
Pedimos para que o pais sempre entrem em contato conosco no caso de dúvidas. E assim que tivermos algum resultado, divulgaremos em jornais e revistas para que todos tenham acesso aos resultados da pesquisa, mas sempre sem identificar nenhum dos doadores ou seus familiares. Apenas os resultados científicos são divulgados.
Caso tenha alguma dúvida sobre o projeto, você também pode acessar o site: www.projetoafadadodente.com.br
Caso tenha alguma dúvida sobre o projeto, você também pode acessar o site: www.projetoafadadodente.com.br
Fonte: Johanna Franco
sábado, 25 de outubro de 2014
sábado, 18 de outubro de 2014
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
O brilho do carisma
A liderança surge como um processo coletivo e muitas vezes
funciona como uma espécie de "truque", que pode ser aprendido e
desempenhado em condições específicas
O presidente se ergueu pela longa rampa até a plataforma de
seu vagão de trem... Amigo ou inimigo, aqueles que o viram nesse momento não
deixaram de se comover diante da visão daquele homem, deficiente físico, subindo
com tanta dificuldade – na verdade, impulsionando-se com os braços e músculos
do ombro enquanto as mãos fortes agarravam o corrimão na lateral da
rampa.” As viagens de trem de Franklin D. Roosevelt durante as campanhas
presidenciais americanas de 1932 e 1936, aqui descritas por Samuel Rosenman,
seu redator de discursos, tornaram-se lendárias. Segundo Breckinridge Long,
embaixador de Roosevelt na Itália, “a multidão ultrapassava os limites do
entusiasmo de forma selvagem”. Esse arrebatamento transbordou nas urnas, e em
1936 Roosevelt venceu as eleições por 11 milhões de votos, abrangendo todas as
jurisdições estaduais, de Vermont ao Maine.
Vários estudos acadêmicos, mais notadamente uma análise
realizada pela pesquisadora Dean Keith Simonton, da Universidade da Califórnia
em Davis, e publicada em 1988 no Journal of Personality and Social
Psychology, identificam Roosevelt como o mais carismático de todos os
presidentes americanos.
No início, os assessores do presidente eram contra as
viagens. Em 1921, Roosevelt foi diagnosticado com pólio, chamada popularmente
de “paralisia infantil”. Como a especialista em campanhas políticas Kathleen
Hall Jamieson, da Universidade da Pensilvânia, documentou, histórias de líderes
eficazes e carismáticos os apresentam como viris, fortes e repletos de energia.
O estado “infantilizado” de Roosevelt, porém, o privava dessas
características.
Qual era, então, a fonte de seu carisma? Inúmeros acadêmicos
sugerem que estava no fato de ele transformar sua desvantagem em vantagem,
mudando o foco negativo de sua deficiência para os atributos positivos da
conquista pessoal: persistência, coragem e resistência. Ao fazê-lo, se
conectava com milhões de americanos comuns durante a Grande Depressão. Após sua
morte, um repórter perguntou a um homem que esperava para ver o trem do funeral
na estação Union de Washington: “Por que você está aqui? Você conhecia Franklin
Roosevelt?”. O entrevistado respondeu: “Não, mas ele me conhecia”.
Alguns raros políticos conseguem se parecer tanto com um “de
nós” quanto “a favor de nós” – uma proeza que geralmente reside no cerne do
carisma. Mas ao contrário do que muitos acreditam, não se trata de um dom – o
carisma é resultado de cuidadosa elaboração. Nesse processo, o grupo que está
sendo liderado está em igualdade de condições com o líder. O político
aspirante, executivo ou ativista deve integrar as esperanças e os valores do
grupo em uma história coerente e se fundir de forma emblemática nessa narrativa.
No caso de Roosevelt, o ponto forte era a perseverança.
Um delicado equilíbrio de forças sociais imbui uma pessoa com
a capacidade de inspirar outras. Ao observar toda a encenação que envolve as
eleições, por exemplo, fique atento aos esforços dos candidatos para
aproximar-se dos eleitores, procurando mostrar o quanto são parecidos e desejam
as mesmas coisas.
A política, porém, é só um campo a ser considerado.
Descobertas recentes sugerem que todos podem aprender a cultivar o próprio
carisma. Seja como empresário,como professor, seja um estudante que aspira à
presidência do diretório, é possível brilhar um pouco mais se entendermos como
os grupos pensam.
TOQUE DE MAGIA
De origem grega, a palavra charisma tem vários
significados: o poder de fazer milagres, a habilidade de profetizar e de
influenciar outros. A última definição é mais relevante aqui porque
atualmente liderança costuma ser definida como processo social, em
oposição à característica pessoal que permite a alguém motivar outras para
ajudar a atingir metas de um grupo.
Liderança e carisma, entretanto, nem sempre foram vistos como
fenômenos sociais. Desde os primeiros escritos sobre o assunto, por volta de
2.400 anos atrás, as qualidades foram consideradas inatas e privilégio de poucos.
Sócrates chegou a declarar que “apenas um minúsculo número de pessoas” tem a
amplitude de visão e os dotes físicos e mentais necessários para comandar. Mais
recentemente essa posição foi atribuída ao sociólogo alemão Max Weber, a quem
costumam atribuir a popularização do termo “carisma”. No início do século 20,
ele o descreveu como “determinada qualidade de uma personalidade individual
pela qual um líder se destaca dos homens comuns e é tratado como dotado de
qualidades sobre-humanas ou pelo menos excepcionais, considerado como se
tivesse poderes mágicos”.
Entretanto, Weber não encarava o carisma como mera qualidade
de raros indivíduos agraciados pela sorte. As pessoas tendem a se concentrar
nas palavras “sobre-humanas” e “mágicos” na citação, mas as palavras “tratado”
e “considerado” são igualmente importantes. Weber prossegue: “O que é de fato
importante é como a pessoa é vista por aqueles sujeitos à sua autoridade
carismática, por seus ‘seguidores’ ou ‘discípulos’. Em outras palavras, os
seguidores distinguem o líder dos outros e lhe concedem o carisma”.
Alguns experimentos apoiam esta visão, em especial o trabalho
do falecido James Meindl, da Universidade Suny, em Buffallo, e seus colegas.
Junto com Stanford Ehrlich, agora na Universidade da Califórnia, San Diego, e
Janet Dukerich, da Universidade do Texas em Austin, Meindl revisou 30 mil
reportagens de jornais que mencionavam a liderança de executivos. Em 1985,
relataram a forte correlação entre referências à liderança carismática e
evidências de melhora no desempenho de empresas. A descoberta sugeriu
duas possibilidades: as decisões e ações do líder levaram à melhora da
organização, ou quando as pessoas viam a empresa com desempenho melhor,
pressupunham que o resultado era devido à liderança carismática.
Para eliminar a questão controversa da causalidade, Meindl
projetou um experimento interessante. Trabalhando com o doutor em administração
e gestão Rajnandini Pillai, da Universidade Estadual da Califórnia, San Marcos,
ele apresentou a universitários do curso de administração informações
bibliográficas sobre o presidente de uma rede de restaurantes junto com dados
sobre o desempenho da empresa durante os dez anos anteriores. Os participantes
receberam informações diversas: alguns foram avisados que a empresa tinha
passado de lucrativa a deficitária (“uma crise que levou ao declínio”); a
outros voluntários foi dito que o negócio permanecera deficitário; um terceiro
grupo ficou sabendo que o negócio se mantinha lucrativo e a outros ainda que a
organização fora de deficitária a lucrativa (passando por uma “reversão de
crise”). Os jovens classificaram o carisma do líder em uma série de
escalas (veja quadro abaixo).
Embora a personalidade do executivo fosse descrita da mesma
forma nos vários casos, ele foi visto como muito mais carismático quando a
fortuna da empresa melhorou. Assim, Meindl concluiu que carisma não é uma
característica de líder, mas uma atribuição feita por seguidores que são
seduzidos pelo que ele denominou “o romance da liderança”. Em resumo, o carisma
pode mais ser um truque que uma característica.
TORNAR-SE ESPECIAL
No entanto, há mais coisas envolvidas nessa situação que o
resultado de sucesso. Evidências de outra pesquisa sugerem que provavelmente
não atribuímos carisma ao gerente de uma equipe competidora que supere a nossa
ou ao líder de um partido rival, que nos derrote nas pesquisas. Ou seja: um
líder faz sucesso para nós. Esta análise é embasada na obra do falecido John C.
Turner, psicólogo social, pesquisador da Universidade Nacional da Austrália. Em
seu livro Social influence, de 1991, ele afirma que a liderança é um
processo coletivo que envolve a identidade social compartilhada e permite que
cada indivíduo exerça influência sobre os demais. Essa identidade comum se refere
à compreensão do indivíduo sobre si mesmo como pertencente ao grupo. É o
sentimento que emerge ao nos referirmos, por exemplo, a “nós, brasileiros”,
“nós, mulheres”, “nós, psicólogos”, “nós, torcedores de determinado time”
etc.
É importante observar que quando nos definimos em termos
coletivos tendemos a considerar o grupo do qual fazemos parte único, diferente
– e melhor que os outros. Por isso, para confiar em um líder, precisamos,
primeiramente, acreditar que ele é “um de nós” – e, de alguma forma,
“especial”. O mesmo princípio marca a percepção do carisma. Em um experimento
recente que conduzimos junto com as pesquisadoras Kim Peters e Niklas Steffens,
da Universidade de Exeter, Inglaterra – e apresentamos na Reunião Geral da
Associação Europeia de Sociologia Social de 2011 –, descobrimos que estudantes
percebiam o discurso do presidente Barack Obama na Conferência Mudança
Climática de Copenhague de 2009 como carismático quando o viam como um membro
de seu grupo que avançava em suas metas. Mais especificamente, os que se
definiam como “ambientalistas” julgaram o discurso de Obama mais carismático
quando lhes disseram que os Estados Unidos conseguiriam atingir as metas para a
redução de emissões de dióxido de carbono do que quando os fizeram acreditar
que o país não conseguiria atingir esse objetivo. Essas informações, porém, não
geraram impacto nos universitários que não tinham preocupação marcante com o
meio ambiente. Esses últimos consideraram o discurso muito menos carismático.
Ou seja: o carisma de Obama era condicionado ao quanto o público sentia que
suas metas eram apoiadas.
Outros estudos confirmam esse resultado. Num experimento
clássico desenvolvido pelo pesquisador Michael J. Platow, da Universidade
Nacional da Austrália, foi pedido a universitários que classificassem o carisma
de Chris, um líder estudantil fictício. Os voluntários deveriam avaliar o
quanto o personagem inspirava confiança, era capaz de motivar os colegas, tinha
visão ampla das mais variadas situações, ajudava a aumentar o otimismo do grupo
etc. Os participantes foram informados de que Chris tinha boas qualidades –
inteligência, responsabilidade e simpatia, características com as quais a
maioria dos alunos se identificava. No entanto, ele podia tanto ser
bem-sucedido quanto falhar no propósito de conseguir a posição almejada no
diretório estudantil. Os resultados dessa experiência confirmam que o sucesso é
fundamental para o incremento do carisma – mas não basta. Estudos também
acentuam a importância do que os cientistas chamam de prototipicalidade. Quando
o diretório prospera mas Chris não parece em sintonia com os estudantes, os
jovens o classificam como menos carismático, em comparação a ocasiões em que o
grêmio perdeu representatividade mas o personagem foi considerado “mais
próximo” dos colegas.
Mesmo desacreditados, líderes podem ter uma segunda chance.
Outro experimento realizado por Platow e seus colegas mostrou que é possível
recuperar o carisma usando linguagem que estabeleça noção de identidade
compartilhada – referindo-se a “nós” em vez de “eu”. O carisma de Chris, por
exemplo, aumentava quando usava linguagem inclusiva, enfatizando identidade
social compartilhada (veja quadro na página ao lado).
A EFICÁCIA DOS TRÊS R`s
A questão mais ampla aqui é que a prototipicabilidade – e,
portanto, o carisma – não é algo que possuímos ou que nos falta. Mas pode ser
aprendido e cultivado. Durante muitos anos, examinamos como líderes eficientes
criam narrativas de si próprios, de suas propostas e de grupos aos quais agradam.
No livro de 2001 Self and nation, de um de nós (Reicher) e Nick Hopkins,
da Universidade de Dundee, na Escócia, usamos uma frase para resumir essa
noção: líderes carismáticos precisam ser excelentes “empreendedores de
identidade”. Líderes carismáticos costumam falar sobre o que “nós acreditamos”
e não dizer às pessoas no que devem crer. Porém, apenas declarar secamente
“somos assim” pode motivar a resposta: “Ah, não somos não!”. As
narrativas bem-sucedidas de identidade manifestam-se como revelação e não
decreto.
Uma pessoa que ambiciona liderar – seja em contexto político,
empresarial, numa equipe esportiva, em outro grupo qualquer – pode recorrer aos
“três Rs” da liderança
eficaz: reflexão, representação e realização.
A reflexão refere-se à aproximação da cultura e da história de um
grupo – livros que todos leem na escola ou textos bíblicos, por exemplo,
sustentam valores universais. Muitos líderes famosos pelo carisma tinham grande
interesse em poesia e literatura – o que não é mera coincidência. Da mesma
forma, diversos grandes líderes também passaram muito tempo ouvindo antes de
começar a falar para outras pessoas. Aqueles que acreditam que não têm nada a
aprender com os outros raramente são escolhidos como bons líderes. Já os
bem-sucedidos que sucumbem à crença de que suas conquistas são apenas pessoais
(e não coletivas), parecem, com o tempo perder o “encanto”.
A representação está associada à necessidade de ser
visto tanto como membro quanto como figura de destaque em determinado meio. Um
líder não só tece a narrativa em torno de sua própria identidade, mas também o
faz em relação ao grupo ao qual se dirige, procurando tornar as narrativas
coerentes e consistentes. Aparência, tom de voz e seleção de palavras têm papel
fundamental nesse processo.
Finalmente, a realização vincula-se à capacidade de
transformar situações. O sucesso de um líder é medido por sua busca de
prioridades para o grupo – crescimento econômico, conforto, igualdade de
direitos ou prestígio, por exemplo. Um líder que brilhe com a luz do carisma
também ajudará a moldar esses critérios e mobilizará as pessoas a seu favor. Em
suma, líderes carismáticos são os que se saem bem ao fazer com que todos se
sintam valorizados.
Nessa empreitada, além de manter o empenho, é fundamental estar
atento a oportunidades e habituar-se a lidar com imprevistos. Quando
perguntaram ao primeiro-ministro britânico Harold Macmillan sobre seu maior
medo, ele respondeu: “Acontecimentos, meu caro, acontecimentos”.
Fonte: S. Alexander Haslam e Stephen D. Reicher
Mente e Cérebro
sábado, 4 de outubro de 2014
Eleições 2014 no Brasil
"Meu coração está
aos pulos.
Quantas vezes minha
esperança
será posta à prova?
Por quantas provas terá
ela que passar?
Tudo isso que está aí no
ar:
malas, cuecas que voam
entupidas de dinheiro,
do meu dinheiro, do nosso
dinheiro,
que reservamos duramente
para educar
os meninos mais pobres
que nós, pra cuidar
gratuitamente da saúde
deles
e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja
na bagagem da impunidade
e eu não posso mais.
Quantas vezes meu amigo,
meu rapaz,
minha confiança vai ser
posta à prova?
Quantas vezes minha
esperança
vai esperar no cais?
É certo que tempos
difíceis
existem pra aperfeiçoar o
aprendiz.
Mas não é certo que a
mentira
dos maus brasileiros
venha quebrar no nosso
nariz.
Meu coração está no
escuro,
a luz é simples,
regada ao conselho
simples
de meu pai, minha mãe,
minha avó
e os justos que os
precederam:
”Não roubarás,
devolva o lápis do
coleguinha,
esse apontador não é seu,
minha filha”.
Ao invés disso,
tanta coisa nojenta e
torpe
tenho tido que escutar.
Até habbeas corpus
preventivo
Coisa da qual nunca tinha
ouvido falar
E sobre a qual minha
pobre lógica ainda insiste
Esse é o tipo de
benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo,
com a velha e fiel fé do
meu povo sofrido,
então agora eu vou
sacanear:
mais honesta ainda eu vou
ficar.
Só de sacanagem.
Dirão: deixa de ser boba.
Desde Cabral
que aqui todo mundo
rouba.
Eu vou dizer: não
importa.
Será esse o meu carnaval.
Vou confiar mais e outra
vez.
Eu, meu irmão, meu filho
e meus amigos vamos pagar
limpo
a quem a gente deve
e receber limpo do nosso
freguês.
Com o tempo a gente
consegue
ser livre, ético e o
escambau.
Dirão: é inútil, todo
mundo aqui é corrupto,
desde o primeiro homem
que veio de Portugal.
E eu direi: não admito.
Minha esperança é
imortal.
E eu repito: ouviram?
Imortal.
Sei que não dá pra mudar
o começo.
Mas, se a gente quiser,
vai dar pra mudar o
final."
A
grande responsabilidade cabe a cada eleitor. A cidadania só é legitimada pelo
voto direto à medida que o eleitor não seja influenciado por postulantes a
cargos públicos que fazem do pleito eleitoral um momento de exercer a sua
arrogância e a sua vontade de satisfação privada estimulada pelo poder e pela
influência negativa que, via de regra, são itens presentes em boa parte das
candidaturas existentes em várias localidades brasileiras.
Que
os eleitores que, como eu, têm a consciência da importância de se votar com
segurança e conscientemente.
sábado, 20 de setembro de 2014
40 ANOS APAE DE ITABIRA/MG
A História do movimento apaeano na cidade de Itabira iniciou
com os membros do Rotary Clube de Itabira, tendo a frente o Professor Maurício
José Martins da Costa. Realizaram a primeira reunião oficial no Clube Atlético
Itabirano no dia 13 de novembro de 1973. Para apresentar o estatuto segundo a
Federação Nacional das APAEs. Estabelecia mandato de 2 anos. Tendo como
presidente Dr. José Procópio de Alvarenga. O conselho deliberativo taxou as
contribuições em 5 cruzeiros para serem pagos em banco através de carnês e
ficou definida reunião mensal com a diretoria. Foi realizado o sorteio de uma
bicicleta de onde veio a primeira renda da APAE.
A diretoria voltou a se encontrar em setembro de 1974 quando tomou posse, iniciando um trabalho intenso para conseguir providenciar as documentações necessárias como: o registro do estatuto filiação na Federação Nacional, Certificado de Utilidade Pública Municipal e Estadual. Uma turma de alunos especiais foi atendida no Grupo Escolar Dr. Pedro Guerra, no bairro Conceição de Cima.
É confeccionado um adesivo para carros: “AJUDE A APAE A AJUDAR O EXCEPCIONAL, com objetivo de divulgação.
É lançada a primeira campanha com o slogan “Agora preteridos, amanhã entrosados”, criado pelo Padre José Lopes, dando assim continuidade a campanha de divulgação do movimento. Alunos do PREMEN realizam palestras na comunidade sobre o excepcional, dois jornais locais publicam mensalmente matérias sobre a APAE.
A preocupação financeira é grande e é lançada uma rifa pela loteria federal de um carro marca corcel, o número da rifa não saiu e foi realizada outra rifa com mais alguns prêmio que foram doados. APAE enfim conseguiu o CGC e Certificado de Utilidade Pública Municipal.
Em novembro de 1976, Renato Aragão apresentou um show no VEC com renda em prol da APAE. Antônio Valeriano e Professor Maurício, em visita oficial ao Prefeito Dr. Jairo Magalhães, solicitam doação de um terreno para a construção da sede da APAE. A proposta foi encaminhada para a Câmara Municipal avaliar. Prefeitura promete doar um terreno no bairro Inconfidentes, o qual foi cedido para a COAB. A Prefeitura doou um terreno de 7600m² na localidade chamada Chico Beta. Muitas promoções são realizadas na comunidade com o objetivo de angariar fundos para a APAE iniciar suas atividades. A APAE faz uma troca com o COMBEM do terreno doado para ambos.
No ano de 1978 as pessoas cobram a início do funcionamento da escola para atender os fronteiriços (termo da época que designava o excepcional).
Maio de 1979, Sr. Gil(Leovegildo Silvério da Silva) como presidente do Lions participa da renião de diretoria pela primeira vez junto com Fernando Campolina presidente do Rotary.
17 de junho de 1979 é realizado eleição para diretoria, Sr. Gil compõe a chapa para presidente a qual é eleita por aclamação. Os trabalhos se intensificam, há um esforço comum em acelerar o processo para abrir a escola imediatamente. A diretoria viaja à cidade de São João Del Rey. Para conhecer a APAE que é considerada modelo em Minas Gerais. De lá trouxeram a planta da sede da APAE e a idéia de melhor adaptá-la para atender aos itabiranos. Sr. Gil solicitou ao engenheiro Dr. Rubens Trindade estruturá-la.
A CVRD realiza a terraplanagem no local e com a parceria da Empresa CONTOR, dá-se inicia as obras e é nomeada uma comissão para acompanhar a construção do prédio.
Professor Maurício e D. Margarida convidam a psicóloga do COMBEM(Conselho Municipal do Bem Estar do Menor) Maria Cecília para orientar os trabalhos de seleção de pessoal e o atendimento aos alunos. O antigo convento do Colégio Nossa Senhora das Dores foi colocado à disposição da APAE. É montada uma equipe, tendo como diretora a Claide, como psicóloga Maria Cecília, como fonoaudióloga Maria Elizabeth Delunardo e o neurologista Júlio Tércio de Alvarenga.
A APAE conseguiu o Certificado de Utilidade Pública Estadual, assinado pelo governador Francelino Pereira. Três Professoras são selecionadas Cibele Andrade, Vera das Dores Oliver e Maria do Socorro Silva, as mesmas fizeram estágio na APAE de Belo Horizonte.
Abril de 1980 a APAE é finalmente instalada no antigo convento do Colégio Nossa Senhora das Dores. Um folder é publicado e distribuído na comunidade com a seguinte mensagem: “Existe um lugar onde todo mundo gosta de todo mundo, sem distinção de raça e de cor: APAE”. Iniciam-se as inscrições, e junto com as mães surgiu a preocupação com o transporte. É realizada a primeira reunião com os pais para definirem sobre o transporte, uniforme e merenda.
Onze de agosto de 1980 – iniciam-se as aulas, uma data que é um marco no movimento apaeano. Após sete anos de luta concretiza-se um sonho, 102 alunos matriculados. Fábio Pires doou um ônibus para APAE. Continuam as rifas de carros, promoções de shows, bailes, feira da paz, etc. Posto JOB e Posto Mangueira iniciam a doação de óleo diesel mensal. É feita uma enquete para escolher o nome da APAE entre pais e associados, por unanimidade foi escolhido o nome de Dr. Mauro de Alvarenga.
Setembro de 1983 – apesar de grandes rifas e promoções a APAE continua trabalhando no vermelho. A entidade recebe o certificado de filiação da Federação das APAEs. É o ano de eleição e o Sr. Gil é reeleito por aclamação. Convênios com a LBA atrasados em média de 3 meses inviabiliza o funcionamento da APAE.
Junho de 1985 – É adquirido o Certificado de Utilidade Pública Federal. A CVRD doa 77 milhões e oitocentos mil cruzeiros para a construção. O presidente e duas professoras participam de um congresso em Belo Horizonte. O Lions doa verbas para aquisição de aparelhagem que atende a oito alunos deficientes auditivo simultaneamente.
1986 – A APAE enfim entrega o prédio para a Congregação Nossa Senhora das Dores, após seis anos cedidos gratuitamente.
Novembro de 1986 – Finalmente a sede fica pronta e a APAE passa a funcionar até a presente data na Rua José de Alencar, 385 no Bairro Machado, onde até hoje continua na luta pela inclusão social.
APAE em funcionamento na sua nova sede vai aos poucos ampliando o quadro de técnicos e de funcionários, visando sempre viabilizar as implantações de projetos que assegure a melhoria da qualidade dos atendimentos ao Deficiente Intelectual.
domingo, 14 de setembro de 2014
Autismo: Diagnóstico precoce é fundamental para estimular crianças na comunicação e socialização
"Quando
a intervenção é realizada em crianças menores de 3 anos, a melhora é de 80%.
Aos 5 anos cai para 70% e acima disso fica muito prejudicada" - Fábio
Barbirato, coordenador do Serviço de Atendimento e Psiquiatria Infantil da
Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro
Deiseone
Matilde Verônica tem 34 anos e há sete ganhou sua primeira e única filha,
Thaiane Fernanda Verônica. Quando a garotinha completou seis meses de vida, a
mãe começou a desconfiar que havia algo errado em seu desenvolvimento. O
primeiro temor era de que o bebê fosse surdo, já que Thaiane era muito parada e
quase não se mexia. O exame de audição não apontou problemas, mas por outro
lado os pais descobriram que a moleira da criança já estava fechada e a
pediatra pediu que a mãe esperasse para monitorar a evolução da filha. Deiseone
esperou até que ela completasse nove meses e voltou a procurar especialistas.
Quase com 2 anos, Thaiane deu os primeiros passos. Mas só aos 3 foi encaminhada
ao Sistema Único de Saúde (SUS), onde um psiquiatra deu o diagnóstico: a menina
sofria do transtorno do espectro autista.
“O
diagnóstico precoce foi muito bom para minha relação com Thaiane, pois o
contato físico e visual dela melhorou e acho que isso também ajudou na
socialização”, diz Deiseone. Ela conta que tem uma boa comunicação com a filha.
Ela me pede água, pede copo e anda normalmente. Tento proporcionar um bom
ambiente para minha filha. Vou com ela à terapia comportamental-cognitiva,
fonoterapia e terapia ocupacional. Levo Thaiane na escola e, como é longe, fico
lá esperando”, conta a dona de casa, que vive em função da filha.
Tema
constantemente debatido por especialistas, o diagnóstico precoce do autismo –
que, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, atinge 70 milhões de
pessoas no mundo e no Brasil cerca de 2 milhões –, ainda não é consenso entre
os profissionais da área médica. Vem ganhando força porém a tese de que iniciar
uma intervenção o quanto antes, quando a criança apresenta os primeiros
possíveis sintomas, ajuda os pais a ganhar um tempo precioso para estimular o
cérebro de seus filhos portadores do problema. De acordo com Fábio Barbirato,
psiquiatra da infância e da adolescência e coordenador do Serviço de
Atendimento e Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio de
Janeiro, hoje é possível detectar o autismo numa criança entre 12 meses e 18
meses de vida. Para isso, porém, é preciso profissionais treinados.
“Há 20 anos,
quando comecei a conhecer a psiquiatria da infância, não se falava em
diagnósticos antes dos 5 anos de vida”, lembra o psiquiatra. Segundo ele, há 10
anos, apenas uma criança de até cinco anos era atendida por mês em seu
consultório e no serviço de saúde. Hoje são em média 20 crianças por semana no
consultório e outras 20 no serviço de saúde. Para Barbirato, isso ocorre porque
os pais estão perdendo o medo de encarar o problema e levando seus filhos mais
cedo ao consultório psiquiátrico.
O autismo,
de fato, é uma doença de diagnóstico difícil, que apresenta sinais raramente
conclusivos. Quanto antes os pais levarem seus filhos para avaliação médica,
melhor. Uma abordagem desse tipo adotada por pesquisadores do Davis Health
System, ligado à Universidade da Califórnia (EUA), vem, aparentemente,
eliminando sintomas e atrasos no desenvolvimento de crianças autistas que
receberam estímulos específicos a partir dos seis meses.
Publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders, o estudo aplicou a terapia chamada infant start (início da infância) em sete crianças diagnosticadas com o transtorno. De acordo com os pesquisadores, o programa busca alterar seis comportamentos que podem ser observados nos primeiros meses de vida: fixação visual em objetos, repetição anormal de movimentos, ausência de atos intencionais de comunicação, desinteresse na interação social, desenvolvimento da fala abaixo do esperado e baixa resposta a interações afetivas pelo olhar e pela voz.
Publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders, o estudo aplicou a terapia chamada infant start (início da infância) em sete crianças diagnosticadas com o transtorno. De acordo com os pesquisadores, o programa busca alterar seis comportamentos que podem ser observados nos primeiros meses de vida: fixação visual em objetos, repetição anormal de movimentos, ausência de atos intencionais de comunicação, desinteresse na interação social, desenvolvimento da fala abaixo do esperado e baixa resposta a interações afetivas pelo olhar e pela voz.
Para
implementar a estratégia, os médicos contaram com a participação de importantes
aliados, os próprios pais dos pequenos pacientes, que se transformaram em
verdadeiros terapeutas dos bebês que tinham entre seis e 10 meses quando
começaram a ser tratados. “A mãe e o pai estão ao lado das crianças todos os
dias e é nos pequenos momentos, como a troca de fraldas, a hora de comer, os
passeios e as brincadeiras, que eles influenciam no aprendizado dos bebês”,
explica Sally Rogres, uma das autoras do artigo.
Arthur
Kummer, psiquiatra de crianças e adolescentes e professor da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que “o conceito de autismo vem sendo
lapidado. A definição atual ressalta que a principal alteração provocada pelo
autismo é na habilidade comunicativa. Essa observação vem permitindo a
definição de diagnósticos com mais frequência e de casos mais leves.”
Alteração da
habilidade comunicativa é um dos principais sintomas que ajudam a definir os
casos, segundo o psiquiatra Arthur Kummer.
Comportamento
Pesquisa do governo americano mostra que o número de casos de autismo em 2010 (últimos dados disponíveis) aumentou quase 30% em relação aos dados anteriores (de 2008), quando se apontava que havia um caso para cada 88 crianças e quase 60% em comparação com 2006, quando foi registrado um caso para 110 crianças normais. A maioria das crianças foi diagnosticada após os 4 anos. Em 2010, essa relação subiu para uma em cada 68 crianças com 8 anos de idade. Os números são do CDC (Center of Diseases Control and Prevention), órgão máximo do governo americano para a saúde. Segundo Barbirato, o espectro autista tem basicamente duas características: na socialização e na comunicação (a criança não fala, nem aponta o que quer, ou fala mas não tem reciprocidade social; algumas podem melhorar a linguagem, mas não conseguem manter um diálogo) e as alterações de comportamento. Entre elas, pode haver uma inflexibilidade com mudanças na rotina, movimentos estereotipados (repetitivos com as mãos ou mexer o corpo de forma anormal), e um interesse não usual na intensidade ou no foco (por exemplo, ficar aficcionado por palitos de picolé). “Quando a intervenção é realizada em crianças menores de 3 anos, a melhora é de 80%. Aos 5 anos, cai para 70%, e acima disso fica muito prejudicada”, observa
.
Risperidona
Na última sexta-feira, o Ministério da Saúde anunciou que vai disponibilizar, pela primeira vez no Sistema Único de Saúde (SUS), o medicamento risperidona. A substância age na irritabilidade e agressividade, sintomas comuns no autismo. O ministério estima que a medida será capaz de beneficiar 19 mil pacientes ao ano.
Fonte: http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/09/14/noticia_saudeplena,150355/autismo-diagnostico-precoce-mostra-se-fundamental-para-que-pais-possa.shtml
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