"Meu coração está
aos pulos.
Quantas vezes minha
esperança
será posta à prova?
Por quantas provas terá
ela que passar?
Tudo isso que está aí no
ar:
malas, cuecas que voam
entupidas de dinheiro,
do meu dinheiro, do nosso
dinheiro,
que reservamos duramente
para educar
os meninos mais pobres
que nós, pra cuidar
gratuitamente da saúde
deles
e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja
na bagagem da impunidade
e eu não posso mais.
Quantas vezes meu amigo,
meu rapaz,
minha confiança vai ser
posta à prova?
Quantas vezes minha
esperança
vai esperar no cais?
É certo que tempos
difíceis
existem pra aperfeiçoar o
aprendiz.
Mas não é certo que a
mentira
dos maus brasileiros
venha quebrar no nosso
nariz.
Meu coração está no
escuro,
a luz é simples,
regada ao conselho
simples
de meu pai, minha mãe,
minha avó
e os justos que os
precederam:
”Não roubarás,
devolva o lápis do
coleguinha,
esse apontador não é seu,
minha filha”.
Ao invés disso,
tanta coisa nojenta e
torpe
tenho tido que escutar.
Até habbeas corpus
preventivo
Coisa da qual nunca tinha
ouvido falar
E sobre a qual minha
pobre lógica ainda insiste
Esse é o tipo de
benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo,
com a velha e fiel fé do
meu povo sofrido,
então agora eu vou
sacanear:
mais honesta ainda eu vou
ficar.
Só de sacanagem.
Dirão: deixa de ser boba.
Desde Cabral
que aqui todo mundo
rouba.
Eu vou dizer: não
importa.
Será esse o meu carnaval.
Vou confiar mais e outra
vez.
Eu, meu irmão, meu filho
e meus amigos vamos pagar
limpo
a quem a gente deve
e receber limpo do nosso
freguês.
Com o tempo a gente
consegue
ser livre, ético e o
escambau.
Dirão: é inútil, todo
mundo aqui é corrupto,
desde o primeiro homem
que veio de Portugal.
E eu direi: não admito.
Minha esperança é
imortal.
E eu repito: ouviram?
Imortal.
Sei que não dá pra mudar
o começo.
Mas, se a gente quiser,
vai dar pra mudar o
final."
A
grande responsabilidade cabe a cada eleitor. A cidadania só é legitimada pelo
voto direto à medida que o eleitor não seja influenciado por postulantes a
cargos públicos que fazem do pleito eleitoral um momento de exercer a sua
arrogância e a sua vontade de satisfação privada estimulada pelo poder e pela
influência negativa que, via de regra, são itens presentes em boa parte das
candidaturas existentes em várias localidades brasileiras.
Que
os eleitores que, como eu, têm a consciência da importância de se votar com
segurança e conscientemente.
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