Pesquisa realizada com 516 gêmeos apontou que constituição
biológica é responsável por entre 74 e 98% dos casos
POR O GLOBO COM SITES INTERNACIONAIS
05/03/2015 8:44 / ATUALIZADO 05/03/2015 9:37
Pesquisadores
avaliaram gêmeos criados na mesma casa, pelos mesmos pais -
Reprodução/Freeimages
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RIO - Uma nova pesquisa realizada pelo Conselho de Pesquisa
Médica do Reino Unido sugeriu que o autismo é quase inteiramente de origem
genética, com a constituição biológica sendo responsável por entre 74% e 98%
dos casos. O estudo se concentrou em um total de 516 gêmeos e descobriu que as
taxas de Transtorno do Espectro Autista (TEA) foram maiores em gêmeos idênticos
que compartilham o mesmo DNA, apontando, portanto, que a condição pode ser mais
hereditária do que se pensava.
Publicado na revista “JAMA Psychiatry”, o levantamento
também mostrou que genes foram responsáveis por traços autistas e
comportamentos da população em geral.
“Nossa principal descoberta foi a de que a hereditariedade
do TEA foi alta. Esses resultados demonstram ainda a importância dos efeitos
genéticos sobre a doença, apesar do aumento dramático na prevalência da doença
nos últimos 20 anos”, observa a autora principal do estudo, Beata Tick,
Instituto de Psiquiatria do Conselho .
A partir da análise de dados da base populacional do Estudo
de Desenvolvimento de Gêmeos (Teds, na sigla em inglês), que abrange gêmeos
criados na mesma casa, pelos mesmos pais, os pesquisadores avaliaram, no
entanto, que não era possível excluir completamente a influência de fatores
ambientais.
Já o professor e coautor do estudo, Patrick Bolton explicou
que a comparação de gêmeos idênticos e não-idênticos é uma forma bem
estabelecida de esclarecer o grau de influências genéticas e ambientais no
autismo, principalmente com o aspecto inovador desse levantamento que foi a
inclusão de gêmeos independentemente de terem tido um diagnóstico clínico.
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“Isso nos permitiu obter uma imagem mais precisa de como as
experiências ambientais de uma criança e sua composição genética são influentes
no TEA, bem como em expressões mais sutis de habilidades e comportamentos
autistas”, explicou.
A pesquisadora Francesca Happe afirmou, ainda, que as taxas
mais elevadas de autismo nos últimos anos poderiam ser atribuídas a
diagnósticos mais corretos. A desordem, um espectro de condições que varia
muito de pessoa para pessoa, pode ter sido previamente classificada como uma
dificuldade de aprendizagem, e não reconhecida como autismo, informou à “BBC”.
“Nossos resultados sugerem que fatores ambientais são
menores, o que é importante, uma vez que alguns pais estão preocupados se
fatores como alta poluição possa estar causando o autismo”, disse ela. “Algumas
pessoas acham que pode haver um componente ambiental grande, porque o autismo
tem se tornado mais comum nos últimos anos, mas o que aconteceu muito rápido
para a genética para ser uma causa provável.”
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