"Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra". (Reuven Feuerstein)

domingo, 27 de março de 2011

SÍNDROME DE TOURETTE


Ao REPÓRTER DE DAILY MAIL

Último atualizado no 8:18 em 25 março, 2011

Hope for Tourette sufferers: Children who have the condition could learn how to control their tics with therapy
Esperança para quem sofre de Tourette: As crianças que têm a condição pode aprender a controlar os seus tiques com terapia comportamental  pode ajudar a reduzir os sintomas de crianças que sofrem de síndrome de Tourette, um estudo sugere. 
Os investigadores descobriram que os cérebros das crianças com o problema de desenvolver de uma forma única que lhes permite controlar seu comportamento motor - o que é os mecanismos cerebrais envolvidos no controle do movimento multisensorial.
O estudo mostrou que, em muitos casos, o cérebro tenta compensar o estado, através da reorganização de sua estrutura durante a adolescência.
Os cientistas acreditam que incentivar este processo com a terapia comportamental pode ajudar os jovens a aprender a controlar seus sintomas de forma mais rápida e eficaz.
síndrome de Tourette é uma condição hereditária que afeta uma criança na escola em 100. 
Caracteriza-se por 'tiques' - sons involuntários e incontroláveis ​​e movimentos que podem causar profunda angústia e constrangimento para o sofredor.
A nova abordagem poderia fornecer uma alternativa às terapias de droga baseado em que pode ter efeitos secundários indesejáveis, incluindo ganho de peso e depressão.
O líder do estudo o professor Stephen Jackson, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Nottingham, disse: 'Nós já haviam demonstrado anteriormente, paradoxalmente, que as crianças com síndrome de Tourette ter maior controle sobre seu comportamento motor de crianças com desenvolvimento típico da mesma idade, e que tinham especulado que era devido a mudanças compensatórias no cérebro que ajudou estas crianças controlar seus tiques.


Read more: http://www.dailymail.co.uk/health/article-1369622/Tourette-syndrome-symptoms-reduced-aid-behavioural-therapy.html#ixzz1HmtR8i1p

terça-feira, 22 de março de 2011

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: EDUCADORES EM MG SÃO CAPACITADOS


Educadores são capacitados para compreender educação inclusiva


Divulgação/SEE MG
A quinta turma do curso contará com a participação de 1653 profissionais
A quinta turma do curso contará com a participação de 1653 profissionais
BELO HORIZONTE (21/03/11) - Educadores de Minas Gerais vão iniciar um curso de atualização que vai ampliar as habilidades desses profissionais para lidar com alunos com deficiência. Ofertado pela Secretaria de Estado de Educação (SEE), por meio da Diretoria de Educação Especial, o curso de Atualização em Educação Inclusiva para Servidores da Educação capacita educadores da rede pública. Nesta segunda-feira (21), terá início a quinta turma do curso, da qual vão participar 1653 profissionais.
Nas quatro primeiras turmas, o curso capacitou cerca de 12 mil educadores e, após esta quinta etapa, 13.745 terão passado pelo treinamento. O investimento no programa chega a R$ 8,5 milhões. Passam pela capacitação, educadores da rede estadual, mas também foram abertas vagas para professores de redes municipais de ensino do Estado. O intuito das aulas não é o de formar especialistas, mas o de preparar o profissional para a educação inclusiva. “O professor aprende sobre os diferentes tipos de deficiência, os recursos de acessibilidade disponíveis e os apoios que cada estudante pode obter. Ele não se torna um especialista, mas passa a perceber as diferenças entre os ritmos de aprendizagem dos seus alunos”, explica a diretora de Educação Especial da SEE, Ana Regina de Carvalho.
Segundo Ana Regina, o curso auxilia o professor a lidar com as necessidades dos alunos com deficiência que frequentam a escola comum. Um aluno cego, por exemplo, exige que o professor tome alguns cuidados durante a explicação de uma determinada matéria. “Numa aula de geografia, se o professor vai apontar a localização de um lugar em um mapa desenhado no quadro, ele pode ficar ao lado do aluno e guiar o dedo dele no mapa em braile. São pequenas ações que fazem diferença na inclusão e ajudam no aprendizado”, exemplifica Ana Regina.
Curso a distância
O curso de Atualização em Educação Inclusiva para Servidores da Educação tem duração de 120 horas/aula, que são ofertadas a distância ao longo de sete meses. Ele é oferecido pela PUC Minas Virtual, unidade da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, que oferece cursos a distância em diversas áreas. Quem passa pela capacitação cursa várias disciplinas sobre educação inclusiva e processos de aprendizagem. “O curso não vai trabalhar especificamente as áreas da deficiência, ele dá um panorama dessas deficiências. O objetivo maior é qualificar os professores para que eles possam mudar o olhar quanto à diversidade do aluno e construir os processos de aprendizagem na escola”, explica a coordenadora do PUC Minas Virtual, Maria do Carmo Menicucci.
Ao final do curso, os educadores preparam um diagnóstico sobre a escola na qual trabalham e listam as ações necessárias para garantir a educação inclusiva. Rubiamary Machado Figueiró é vice-diretora da Escola Estadual Jason de Morais, na cidade de Berilo, no Norte de Minas, e fez o curso em 2009. Em sua escola, há três alunos com deficiência. Um com baixa visão, outro com surdez  e outro com deficiência física. Segundo a vice-diretora, a forma de lidar com esses estudantes mudou. “A gente lidava com esses alunos e não tinha um conhecimento específico. Passamos a prestar mais atenção nas necessidades deles e fazer as adaptações necessárias”, explica. “Vai da forma de explicar um teste, até fazer um documento específico. No caso do aluno com baixa visão, por exemplo, temos que montar uma prova com letras maiores. Cada aluno tem sua especificidade”, complementa.
Fonte: @eduardobarbosa_ Brasil, Minas Gerais

sexta-feira, 11 de março de 2011



Por Paiva Junior
Sim, 90% dos tipos de autismo têm causas genéticas e poderão ser curados num futuro (que desejamos ser próximo), assim como a Síndrome de Rett. A conclusão é do neurocientista Alysson Muotri, que trabalha na pesquisa da cura do autismo nos EUA.
Em entrevista exclusiva com o neurocientista, que trabalha e reside em San Diego, na California, foi possível entender melhor o que a mídia mundial noticiou há três semanas: uma esperança para a cura do autismo. Aliás, as palavras “cura” e “autismo” jamais estiveram juntas na história da ciência. Só por esse fator, o trabalho já é um marco. Além de Alysson, os neurocientistas Carol Marchetto e Cassiano Carromeu formam o talentoso trio brasileiro que lidera esse trabalho.
Todas as reportagens citavam a cura do autismo. As mais detalhadas, porém, diziam que o tipo de autismo era a síndrome de Rett apenas. Sem entrar na discussão de Rett estar ou não incluída no espectro autista, isso incomodou muita gente e algumas pessoas que se animaram com a notícia se desapontaram ao saber que o trabalho foi feito apenas com  essa síndrome -- que afeta quase que somente meninas (pois os meninos afetados morrem precocemente). Muitos diziam: “síndrome de Rett não é autismo!”. Então de nada valeria a pesquisa para os autistas.
Certo? Errado.

Alysson não gosta de comentar trabalhos ainda não publicados, porém me revelou com exclusividade que seu próximo trabalho é exatamente o mesmo feito com síndrome de Rett, porém utilizando pacientes com autismo clássico, que deverá ser publicado em algum momento de 2011. E ainda adiantou que os resultados de um subgrupo dessa pesquisa foi o mesmo que conseguiu com os Rett: “os sintomas são similares aos de Rett, mas ainda não tentamos a reversão propriamente dita, mas acreditamos que deva funcionar da mesma forma; os experimentos estão incubando; tudo isso é muito recente ainda. E a filosofia é a mesma: se curar um neurônio, ele acredita que poderá curar o cérebro todo. Quando perguntei se ele já sabe onde será publicado esse trabalho e se tinha mais detalhes, a resposta foi imediata: “Não, ainda é muito cedo, precisamos terminar uma serie de experimentos”. Essa nova pesquisa envolveu vinte pacientes com autismo clássico. “Em alguns casos conseguimos descobrir a causa genética, o que facilita mais a interpretação dos dados”, explicou o brasileiro. Aliás, segundo ele, seria possível identificar o autismo em um exame, usando essa mesma técnica, mas isso hoje seria imensamente caro e complexo, portanto ainda inviável.
A droga para essa possível cura, possivelmente uma pílula, segundo Alysson deve vir em cinco ou dez anos, mas ele adverte: “Não se esqueça que a ciência muitas vezes dá um salto com grandes descobertas. Previ que este meu estudo demoraria uns dez anos e consegui fazê-lo em três anos”, explicou ele, referindo-se à descoberta do japonês Yamanaka de fazer uma célula “voltar no tempo” e reprogramá-la (veja explicação neste link), o que “acelerou” o trabalho do neurocientista.
Outra informação importante revelada por Alysson foi que ainda não se sabe como se comportará o cérebro quando curado do autismo. Tanto a pessoa pode simplesmente “acordar” do estado autista e passar a ter desenvolvimento típico (“normal”), como pode dar um “reset” no cérebro e ter que aprender tudo de novo, do zero, mas aprendendo naturalmente como as crianças neurotípicas (com desenvolvimento “normal”). Pode ser que a pessoa “curada” de autismo passe a ter outros gostos e interesses e até perder algumas habilidades que tinha antes, supõe o pesquisador brasileiro, que ainda tem um longo caminho pela frente no aprimoramento da sua técnica e na busca pela droga mais eficiente, que é o próximo passo das pesquisas. “É um trabalho importante, pois hoje há 1 autista para cada 105 crianças nos EUA”, informa ele.

INTERESSE DA INDÚSTRIA

Por último, ele revelou na entrevista que a indústria farmacêutica já o procurou, mas o laboratório vai seguir de forma independente também, com menos investimento, mas sem muito medo de riscos na busca pela cura definitiva do autismo para todas as idades, que é o desejo do palmeirense Alysson Muotri.
Esses laços evidentes com o país natal, faz o cientista “investir” em ajudar e incluir o Brasil nas pesquisas. Há uma parceria dele com uma equipe da USP (Universidade de São Paulo). A bióloga Karina Griesi Oliveira, passou um ano com os brasileiros na California aprendendo essa nova técnica de reprogramação celular (leia mais neste link da revista Pesquisa, da Fapesp). “Com colaboração da Karina, estamos também trabalhando com alguns pacientes brasileiros”, destacou o paulistano, que também graduou-se na USP.
Muitos dados citados na entrevista, como a estatística de 1 para 105 ainda nem foram publicados, pois, como diz Alysson, estamos lidando aqui com a “nata” da ciência: É a “cutting-edge science”, definiu ele, em inglês. “Esse número foi divulgado na ultima reunião da Sociedade de Neurociências, realizada em novembro de 2010, em San Diego (EUA)”, contou ele, que lidera onze pessoas em sua equipe, que, em alguns momentos, chegou a ter vinte integrantes.
Os detalhes da pesquisa estão na coluna quinzenal "Espiral" de Alysson no portal G1 e a minha entrevista exclusiva completa com o neurocientista brasileiro -- que durou uma hora e dez minutos -- você poderá ler, na íntegra, na próxima edição da Revista Autismo, que sai no primeiro trimestre de 2011 -- valerá a pena aguardar!
Talvez hoje ainda não possamos dizer que o autismo é curável. Mas agora também não se pode mais dar a certeza de que seja incurável.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Filme Amargo Pesadelo - não é autista


EXPLICAÇÃO:

Amargo Pesadelo(Deliverance) é um filme de 1972 dirigido por John Boorman, baseado no romance de mesmo nome escrito por James Dickey. O escritor aparece no filme, no papel de um xerife.

A cena do Duelo de Banjos não é "real". O jovem (na época, com 16 anos) Billy Redden foi escolhido na sua escola, Clayton Elementary School, devido a sua aparência, mas não é autista, nem tem qualquer outra deficiência. Ele não sabia tocar banjo e, assim, foi usado um truque de filmagem - um músico se posicionou atrás dele e tocou o banjo por dentro das mangas de sua camisa. Foi usada maquiagem para fazê-lo parecer mais "esquisito". Além disso, a cena estava nos planos do filme, pois o personagem Lonnie, com deficiência intelectual, está presente no livro que inspirou o filme.

A wikipedia o apresente como um ator americano, mas Billy trabalha na lanchonete em que é um dos proprietários em sua cidade natal, Clayton, na Geórgia.

Jon Voight, que atuou no filme, o descreveu como tendo "um desequilíbrio genético" e sendo um "camarada muito falante".

Somente em 2003 Redden reapareceu em um filme, Peixe Grande"Big Fish", de Tim Burton. Em 2004, apareceu no programa Blue Collar TV.

Por favor, divulgue esta informação, para tentarmos minimizar o impacto negativo que tem a ideia de que todo autista é"superdotado".

http://cronicaautista.blogspot.com/

DIA MUNDIAL DA CONSCIENTIZAÇÃO DO AUTISMO




Não foi à toa que a ONU (Organização das Nações Unidas) decretou todo 2 de abril como sendo o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (World Autism Awareness Day), desde 2008. Este é o quarto ano do evento mundial, que pede mais atenção ao transtorno do espectro autista (nome oficial do autismo), que é mais comum em crianças que AIDS, câncer e diabetes juntos.
No Brasil -- além do cartaz (ao lado) e do vídeo da campanha --, a data será lembrada com a iluminação em azul (cor definida para o autismo) de vários prédios e monumentos importantes, entre eles, o Cristo Redentor (no Rio de Janeiro) -- que acabou de inaugurar uma moderna iluminação de LED --, a Ponte Estaiada, o Monumento às Bandeiras e o Viaduto do Chá (todos em São Paulo) e o prédio do Senado em Brasília . No restante do mundo, outros importantes pontos acenderão sua “luz azul”, como no ano passado o prédio Empire State, em Nova York (Estados Unidos) e a CN Tower, em Toronto, (Canadá).

O autismo é uma síndrome complexa e muito mais comum do que se pensa. Atualmente, o número mais aceito no mundo é a estatística do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão do governo dos Estados Unidos: uma criança com autismo para cada 110. Estima-se que esse número possa chegar a 2 milhões de autistas no país, segundo o psiquiatra Marcos Tomanik Mercadante citou em audiência pública no Senado Federal no fim de 2010, onde discute-se uma lei exclusiva para o autismo, liderada pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Mercadante é um dos autores da primeira (e por enquanto única) estatística brasileira, num programa piloto por amostragem na cidade de Atibaia (SP), que registrou naquela amostragem incidência de uma para cada 333 crianças -- publicada no final de fevereiro último. No mundo, segundo a ONU, acredita-se ter mais de 70 milhões de pessoas com autismo, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem. A incidência em meninos é maior, tendo uma relação de quatro meninos para uma menina com autismo.

No ano passado, um discurso do presidente dos Estados Unidos, no dia 2, lembrou a importância da data: “Temos feito grandes progressos, mas os desafios e as barreiras ainda permanecem para os indivíduos do espectro do autismo e seus entes queridos. É por isso que minha administração tem aplicado os investimentos na pesquisa do autismo, detecção e tratamentos inovadores – desde a intervenção precoce para crianças e os serviços de apoio à família para melhorar o suporte para os adultos autistas”. Barack Obama ainda concluiu: “Com cada nova política para romper essas barreiras, e com cada atitude para novas reformas, nos aproximamos de um mundo livre de discriminação, onde todos possam alcançar seu potencial máximo”.
No Brasil, é preciso alertar, sobretudo, as autoridades e governantes para a criação de políticas de saúde pública para o tratamento e diagnóstico do autismo, além de apoiar e subsidiar pesquisas na área. Somente o diagnóstico precoce, e conseqüentemente iniciar uma intervenção precoce, pode oferecer mais qualidade de vida às pessoas com autismo, para a seguir iniciarmos estatísticas na área e termos idéia da dimensão dessa realidade no Brasil. E mudá-la.

Vários níveis no espectro

World Autism Awareness DayO autismo faz parte de um grupo de desordens do cérebro chamado de transtorno invasivo do desenvolvimento (TID) – também conhecido como transtorno global do desenvolvimento (TGD). Para muitos, o autismo remete à imagem dos casos mais graves, mas há vários níveis dentro do espectro autista. Nos limites dessa variação, há desde casos com sérios comprometimentos do cérebro além de raros casos com diversas habilidades mentais, como a Síndrome de Asperger (um tipo leve de autismo) – atribuído inclusive a aos gênios Leonardo Da Vinci, Michelangelo, Mozart e Einstein. Mas é preciso desfazer o mito de que todo autista tem um “superpoder”. Os casos de genialidade são raríssimos.

A medicina e a ciência de um modo geral sabem muito pouco sobre o autismo, descrito pela primeira vez em 1943 e somente 1993 incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da Organização Mundial da Saúde como um transtorno invasivo do desenvolvimento. Muitas pesquisas ao redor do mundo tentam descobrir causas, intervenções mais eficazes e a tão esperada cura. Atualmente diversos tratamentos podem tornar a qualidade de vida da pessoa com autismo sensivelmente melhor. E vale destacar que o neurocientista brasileiro Alysson Muotri conseguiu um primeiro passo para uma possibilidade futura de cura, em seu trabalho na Califórnia (EUA). Ele curou um neurônio autista em laboratório e trabalha no progresso de sua técnica na Universidade de San Diego. Tão importante quanto descobrir a cura, é permitir que os autistas de hoje sejam incluídos na sociedade e tenham mais qualidade de vida e respeito.

Paiva Junior é jornalista, editor-chefe da Revista Autismo(http://RevistaAutismo.com.br



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

BIG BROTHER BRASIL


BIG BROTHER BRASIL
(Luiz Fernando Veríssimo)

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A  décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...


Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que  recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.

Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.


Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?


São esses nossos exemplos de heróis?


Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..


Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.


Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.


Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.


O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.


E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!


Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.


Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?


(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)


Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.


Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ler a Bíblia, orar, meditar, passear com os filhos, ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.


Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.

Um abismo chama outro abismo.

EU JÁ HAVIA COMENTADO SOBRE ESTE PROGRAMA NO TWITER DE BIAL. ACHO UM DESPERDÍCIO ELE A FRENTE DESTE PROGRAMA. CHEGA DE TANTA VIOLÊNCIA, BANALIZAR O SEXO, PERCA DE VALORES ÉTICOS E MORAIS. A TELEVISÃO TEM QUE TER COMPROMISSO E RESPEITO COM SEU PÚBLICO. VAMOS PENSAR NO FUTURO DE NOSSAS CRIANÇAS E JOVENS E PARAR DE CULPAR ESTE OU AQUELE POLÍTICO. VAMOS FAZER A NOSSA PARTE. A COMEÇAR A DAR UM BASTA A ESTES PROGRAMAS QUE NÃO NOS INSTRUI EM NADA E SERVEM DE REFERÊNCIA NEGATIVA PARA NOSSOS JOVENS. VAMOS SEGUIR AS SUGESTÕES QUE VERÍSSIMO TÃO GENTILMENTE NOS DÁ E PARAR DE DAR AUDIÊNCIA PARA PROGRAMAS QUE NÃO SÃO POSITIVOS EM NOSSAS VIDAS. 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Governo do Estado libera R$ 92,3 mi para atendimento a estudantes de APAEs e instituições filantrópicas


Quinta - feira , 27 de Janeiro de 2011 09h00
Investimentos são destinados ao aditamento dos convênios 
entre a Secretaria de Estado da Educação e 301 instituições 
assistenciais que atendem, juntas, cerca de 33 mil estudantes com 
necessidades educacionais especiais em todo o Estado

O Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin e o Secretário da Educação, Herman Voorwald assinaram nesta quinta-feira (27/01), o aditamento dos convênios firmados em 2010 entre a Secretaria de Estado da Educação e 301 instituições assistenciais responsáveis por educar crianças e adolescentes com deficiências graves e que não podem ser incluídas na rede regular de ensino. A iniciativa permitirá a continuidade da ação no exercício 2011 em todo o Estado de São Paulo e envolve investimentos de quase R$ 92,3 milhões. Os convênios prevêem repasse de verba às instituições para o atendimento de cerca de 33 mil alunos.
Os recursos vão auxiliar no pagamento de professores, diretores e coordenadores pedagógicos, além da manutenção das classes. Do total de instituições conveniadas, 260 são unidades da APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) e outras 41 são entidades assistenciais que também trabalham com alunos deficientes. Todas oferecem atendimento pedagógico e educacional em situações de deficiência motora, visual, mental ou auditiva, e também para alunos com autismo.
Capacitação e atendimento em Educação Especial
A rede estadual paulista é pioneira na oferta de atendimento educacional especializado a alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas públicas. No período de 2000 a 2010 foram capacitados 105.276 profissionais pelo Cape (Centro de Apoio Pedagógico Especializado), órgão da Secretaria de Estado da Educação responsável por promover cursos e orientações técnicas para profissionais da rede estadual de ensino, como supervisores, assistentes técnicos pedagógicos, professores coordenadores, professores especializados em Educação Especial, professores do ensino fundamental e médio. Eles vão atuar nos SAPES – Serviços de Apoio Pedagógico Especializado que têm previsão de atendimento a 14.101 alunos em 2011. Estes estudantes participam de aulas nas salas de recursos, classes especiais e hospitalares, por exemplo, promovidos exclusivamente pela SEE.
As instituições interessadas em firmar convênio com a Secretaria devem procurar as Diretorias de Ensino. As inscrições são abertas anualmente, no mês de outubro. Para que sejam selecionadas, as entidades precisam estar em dia com toda a documentação exigida no processo de seleção.




  Sabedoria de Avó...               

Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto, dizer a minha neta:
- Querida, venha cá. 

Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado. 
Tenho umas coisas pra te contar.
E assim, dizer apontando o indicador para o alto: - O nome disso não é conselho, isso se chama colaboração!
Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. 

E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte. 
Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.
Siga sempre seu coração. 

Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão.
Satisfaça seus desejos. 

Esse é seu direito e obrigação.
Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas a escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim.
Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália.
Cuide bem dos seus dentes.
Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro. 

Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito... " Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro é imprevisível.
Tenha uma vida rica de vida! Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor.
E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. 

Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.
Se for se casar, faça por amor. 

Não faça por segurança, carinho ou status.
A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode 

ser um saco!
Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você.
 Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. 
É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.
Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação.
Leia. Pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim.
Compreenda seus pais. 

Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão.
Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.
Era só isso minha querida. 

Agora é a sua vez. 
Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você? 


 
Isso vale para todos nós, pais, filhos, netos e amigas...
                      ( Enviado por Glória Eisenberg)

FILME: TEMPLE GRANDIN


Olá para todos!
Depois de merecidas férias, energias renovadas, estou de volta.
Espero que este seja um ótimo ano para todos nós e para nossos queridos alunos, filhos, sobrinhos, netos com autismo, um ano de boas surpresas, de superações e crenças.
Não sei se todos vocês já tiveram oportunidade de assistirem o filme de Temple Grandin. É emocionante, muito envolvente e de grande aprendizado. Deixo o site para vocês. Podem ir, é confiável.
Um abraço no coração de cada um de vocês e vamos em frente!
        
         
         

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

QUE VENHA 2011!

Dedico um desejo profundo de que possamos construir novas formas de afetar e sermos afetados, novos caminhos que se construirão a cada passo dado, novos amigos e amigas que serão conquistados a cada abraço sincero e doce, novas intensidades amorosas que se realizarão com novos e intensos amores, novos sentidos e novas subjetividades a serem criadas, produzidas e multiplicadas para todos os cidadãos e cidadãs do Brasil que agora se conjuga no feminino... e se o Mundo é um Útero que venham os "nascimentos" de novas formas de sensibilidade e suavidade nas ações macropolíticas de nosso Brasil... que possamos, micropoliticamente, acender a qualidade de vida onde ela ainda não exista, desejando a criação coletiva de novas cartografias do viver. E, que as mulheres, não se tornando enrijecidas pelos Poderes, possam nos ensinar/aprender a aprender, mais uma vez, que:

SOMOS TRANSMISSORES

Somos, ao viver, transmissores de vida.
Quando deixamos de transmitir vida, ela a vida também deixa
de fluir em nós.

Isto é parte do mistério do sexo, é um fluxo à frente.
Gente assexuada não transmite nada.

Mas se chegamos, trabalhando, a transmitir vida ao trabalho,
a vida, ainda mais vida, se lança em nós compensando, se mostrando
disposta a tudo
e pelos dias que vêm nos encrespamos de vida.

Mesmo que seja uma mulher fazendo um simples pudim, ou um homem
fazendo um tamborete,
se a vida entrar nesse pudim ele é bom
bom é o tamborete,
contente fica a mulher, com a vida nova que a encrespa,
contente fica esse homem.

Dê que também lhe será dado
é ainda a verdade da vida.
Mas não é assim tão fácil. Dar vida
não quer dizer passá-la adiante a algum bobo indigno, nem deixar que os
mortos-vivos te suguem.
Quer dizer acender a qualidade de vida onde ela não se encontrava,
mesmo que seja apenas na brancura de um lenço lavado.


Tradução: Leonardo Froés - Ed. Alhambra
POEMAS DE D.H.LAWRENCE - Edição bilíngue do centenário - Ed. Alhambra, Petrópolis, 1985
.
Fonte: http://infoativodefnet.blogspot.com

Educação e inclusão: ano-velho ou ano-novo?

Por France Jane Leandro (psicóloga da APAE de Itabira - MG)


Não somos contra o processo de inclusão, muito pelo contrário. Trabalhamos a décadas por este processo. Temos APAES itinerantes que vão às escolas para ajudarem neste processo. Sempre que nos procuram, estamos abertos a ajudar. Eu mesma já dei algumas palestras e dicas em escolas da rede de ensino comum, já trouxe autoridades para palestrar não só para nossos professores mas convidei também professores da rede pública. Dr. Eduardo Barbosa é uma pessoa que se preocupa muito com a pessoa com deficiência e programas para acelerar esta transição APAE – Escola Regular, estão sendo realizados. Um deles é o Programa de Autodefensoria (pesquisem no meu blog o que é este programa). Porém, volto a repetir, esta transição tem que ser feita de forma responsável. Muito bonito falar que o aluno com deficiência está inserido em tal e tal escola. Mas vocês tem acompanhado como é este aluno em sala de aula? Está realmente incluído? Está feliz? Temos no interior de Minas outra realidade. Falo pela minha cidade, onde alguns alunos estão se saindo bem e outros que desistiram, porque não se sentiram bem. Tenho um aluno autista, que fiz o que pude para ajudar a professora apoio em sala de aula. Ela é responsável pelos alunos. A professora da sala não estava nem aí, como muitas outras professoras que temos por aí. O interesse da professora é de suma importância nesse processo, certo? Em Gov. Valadares, por exemplo, cidade onde estou agora, minha tia que é professora de uma escola pública, disse que os alunos com deficiência vão para outra sala e lá ficam, desenhando, brincando… Isto que se chama de inclusão? Tenho acompanhado de perto nossos alunos que estão incluídos e é esta a nossa realidade. Mas claro, existem cidades que esta inclusão já acontece há muito tempo e muito bem. O que quero esclarecer, é que trabalhamos para que a inclusão aconteça. Temos que dar apoio às instituições que lidam com a pessoa com deficiência, que ainda não entendem este processo, às APAES, com programas que irão fortalecer este aluno e que ele saia da APAE altivo, confiante e certo que irá encontrar uma sociedade educacional pronta ou melhor preparada para recebê-lo.
Assim, sugiro que vocês leiam o meu blog (que surgiu com a idéia de partilhar informações e experiências da nossa APAE)ou o blog da APAE e também ao site da Federação para conhecerem o nosso trabalho, o trabalho que o Dr. Eduardo faz com tanto carinho, empenho e acima de tudo, com inteligência (ele é uma pessoa vanguardista). Enquanto este processo de inclusão acontece de uns tempos para cá, na APAE já existia o Projeto Águia, onde iniciamos o processo de autonomia do nosso aluno, de conscientização da pessoa com deficiência…enfim, leiam mais no site da federação.
Quanto ao Dr. Eduardo, eu o defendo porque é um homem digno de nossa confiança e não é à toa que está no seu 5º mandato como deputado federal.

Se vocês tiverem oportunidadede de ouví-lo, não deixem de fazê-lo, aí entenderão porque este senhor tem a simpatia de pais, alunos, funcionários e amigos da pessoa com deficiência de nossa instituição, as APAES. 
Somos uma instituição séria, comprometida com o aluno. E este é o nosso desafio e meta, proporcionar uma melhor qualidade de vida à pessoa com deficiência.


Sites:
http://www.apaeitabira.blogspot.com/

http://www.juventudeitabira.blogspot.com/

http://www.apaebrasil.org.br/artigo.phtml?a=11398

Educação e inclusão: ano-velho ou ano-novo?

Por Lucio Carvalho *
A universalização do atendimento escolar, preconizada como a segunda grande diretriz do Plano Nacional de Educação (PNE) 2011-2020, enviado ao Congresso Nacional em fins de dezembro (15/12) pelo Ministro Fernando Haddad, do MEC, enfrenta desde já um importante desafio pelo menos no que se refere à educação especial. Caberá aos deputados federais eleitos, que assumem suas funções em 1º de fevereiro de 2010, conhecer, analisar e decidir pelo PNE e também sobre proposta de Decreto Legislativo que visa anular a aplicação de regulamentação proposta pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) no que diz respeito à matrícula de estudantes com deficiência nas classes comuns do ensino regular.
É o que pretende o PDC-2846/2010 Link abrirá em uma nova janela ou aba., de autoria do Deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG) que também é presidente da FENAPAES, Federação Nacional das APAES (Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais). Barbosa alega a inconstitucionalidade da Resolução 4/10 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CBE/CNE) e propõe anular o artigo da resolução que trata do caráter complementar e/ou suplementar do atendimento educacional especializado, justificando que alunos com deficiência possam receber exclusivamente a educação oferecida pelas escolas especiais, deixando de frequentar o espaço comum das escolas regulares, tendo em vista que o projeto de decreto visa tão somente a suspensão do efeito da norma expedida pelo CNE e publicada pelo Ministro Fernando Haddad em julho de 2010 e a obrigatoriedade dos sistemas de ensino em matricular alunos com deficiência.
A principal barreira legal que o projeto do Deputado Barbosa vai encontrar pelo caminho é a legislação federal atual, que incorporou com força de emenda constitucional a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e que assegura, em seu Art. 24, um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e prevê que todos os apoios necessários sejam dirigidos a inclusão plena dos indivíduos na sociedade. A proposta ainda impacta o desejo da Conferência Nacional de Educação (CONAE) que confirmou em abril de 2010 o sentido de universalização a partir da instituição de uma escola unificada.

Avanço nas matrículas e na qualificação
O último ano foi o segundo em que o número de alunos com deficiência matriculados em classes comuns do ensino regular superou as matrículas em escolas especiais. De acordo com o Censo Escolar 2010, o número de alunos com deficiência matriculados em todos os sistemas de ensino aumentou cerca de 10% e, segundo o INEP, isso resulta de uma maior presença social através do desenvolvimento da educação inclusiva. Por todo o país, dezenas de cursos envolvendo professores e gestores na área de educação aconteceram no sentido de qualificar a escola comum como um espaço efetivamente democrático e capaz de atender às diferenças inerentes a população de alunos, seja através dos poderes públicos municipais e estaduais como no meio universitário, atingindo novos profissionais da educação. Muitas escolas especiais, inclusive algumas APAES, redimensionaram sua forma de atendimento e passaram a atuar em regime de colaboração com a escola regular. Elas oferecem, no contraturno, o atendimento educacional especializado (AEE), que é um serviço disponibilizado aos alunos com deficiência também pelas próprias escolas e constitui a base da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, sustentada pelo MEC e recentemente regulamentada pelo CNE.

Resistências não são novidade
Não são exatamente novidade as resistências em torno da atual política de inclusão. Além das escolas especiais, que vêem seus recursos ameaçados e seus serviços com uma clientela cada vez menor, também muitas escolas particulares ainda rejeitam essa nova perspectiva de atendimento. Mesmo sendo integrantes do sistema geral de ensino e obrigadas a cumprir a legislação educacional em vigor, ainda são muito frequentes situações de constrangimento às famílias de crianças com deficiência que encontram dificuldade inclusive para matricular seus filhos e imposições contratuais desiguais, como obrigações de pagamentos adicionais e outras necessidades específicas negociadas em particular. Sob o pretexto de aumentar custos em decorrência de necessidades não habituais, cria-se um espírito de animosidade que vai encontrar solução muitas vezes judicialmente. O judiciário, por sua vez, ainda vem assimilando os valores expressos na nova ordem constitucional sobre o tema e o resultado disso são prejuízos desnecessário à população, que apenas quer ver cumpridos os seus direitos. As decisões judiciais, entretanto, cada vez mais tem favorecido aos cidadãos e também o Ministério Público tem agido como indutor de políticas públicas, orientando e fiscalizando tanto escolas públicas quanto privadas, em todas as modalidades de ensino.
No legislativo, o tema tem sido objeto de disputa e debates há pelo menos dez anos, desde que o MEC assumiu posição em prol da educação inclusiva e despertou a reação das escolas especiais, principalmente através da FENAPAES. Desde então, o debate ganhou importância na comunidade escolar, no meio acadêmico e também na cobertura jornalística, escapando do discurso especializado e ganhando relevância na sociedade de um modo geral. Em dezembro, o Senado Federal promoveu o 6º Fórum Senado Debate Brasil, com o objetivo de capacitar os agentes legislativos a observar e efetivar os princípios propostos na Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Resta saber se o legislativo que irá tomar posse em fevereiro próximo irá acompanhar a vontade pública expressa na CONAE e no PNE e respeitar a hierarquia legal em vigor no Brasil ou se irá prevalecer o desejo de quem quer voltar atrás na implementação da educação inclusiva, abrindo brechas para que crianças com deficiência e suas famílias voltem a submeter-se à exclusão precoce do convívio social escolar e alijando-as do direito indisponível à educação e participação plena na sociedade.
* Coordenador da revista digital Inclusive: inclusão e cidadania (www.inclusive.org.br)

Transcrevo resposta do Dr. Eduardo Barbosa (presidente da Federação Nacional da APAE e Deputado Federal)

Caro Sr. Lúcio Carvalho,
Após tomar conhecimento da mensagem que Vossa Senhoria fez circular na internet com considerações contrárias ao Projeto de Decreto Legislativo 2846, de 2010, de minha autoria, tenho a liberdade de anexar arquivo com o nosso posicionamento a respeito da matéria.
Gostaria de ter a oportunidade de tê-la divulgada em sua rede, dada a importância do respeito à divergência de opiniões.
Desde já, agradeço.
Atenciosamente,
Deputado Federal Eduardo Barbosa
PSDB/MG


 Sobre o PDC 2846, de 2010 e a mensagem que circula nos e-mails, intitulada “Importante: é preciso bloquear o avanço da exclusão e o retrocesso na educação inclusiva”
Tomei conhecimento da mensagem acima, que tem como conteúdo um manifesto contrário ao Projeto de Decreto Legislativo (PDC) nº 2846, de 2010, de minha autoria, que propõe sustar os efeitos do § 1º, do art. 29 da Resolução CNE/CEB nº 4/2010, do Conselho Nacional de Educação – CNE.
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que a nossa proposta não tem como objetivo desobrigar as escolas comuns de acolherem as matrículas de pessoas com deficiência. Nessa perspectiva, é importante salientar que o meu posicionamento enquanto Deputado Federal e presidente da Federação Nacional das APAEs, nunca foi contrário à inclusão e, pelo contrário, faço a sua defesa com muita clareza. Defesa essa, no entanto, que entende ser necessária a existência da escola especial, com o mesmo espírito em que a educação especial foi insculpida na Constituição Federal. A nossa defesa pela inclusão, passa, ainda, pela exigência de assegurar à pessoa com deficiência e a sua família o direito de decidir sobre qual escola escolher para o seu percurso educacional, nos termos da Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Além do mais, o processo de inclusão escolar não pode ser reduzido à oferta de matrícula e de atendimento educacional especializado nos moldes propostos pelo Ministério da Educação.
Em segundo lugar, na condição de deputado federal, eleito por Minas Gerais para cinco mandatos consecutivos, tenho compromisso político com as pessoas com deficiência e com as suas famílias em meu Estado. E a manutenção do seu direito de escolha em relação à escola e à modalidade de ensino é um dos seus principais pleitos. Assim, a prerrogativa do Mandato me levou a apresentar o PDC 2846/10, por entender que a norma do CNE restringe o direito ao invés de ampliá-lo.
Por fim, o fato de todos nós defendermos a inclusão escolar não é suficiente para dar poderes ao Conselho Nacional de Educação de legislar contrariando normas hierarquicamente superiores à aludida Resolução nº 4, cujos efeitos do § 1º, do art. 29 a nossa proposição visa sustar.
Deputado Eduardo Barbosa, Dezembro/2010

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