"Não devemos permitir que uma só criança fique em sua situação atual sem desenvolvê-la até onde seu funcionamento nos permite descobrir que é capaz de chegar. Os cromossomos não têm a última palavra". (Reuven Feuerstein)

sábado, 25 de dezembro de 2010


oglobo.globo.com             Publicada em 25/12/2010 às 15h08m
AP
RALEIGH, Carolina do Norte - Victor Pauca desembrulhou muitos presentes neste Natal, mas o menino de cinco anos já tinha recebido o melhor presente possível esse ano: a capacidade de se comunicar. Victor tem um rara doença genética que atrasa o desenvolvimento de várias habilidades, entre elas a fala. Para ajudar ele e outras crianças com o mesmo problema, seu pai, Paul, e alguns estudantes da Universidade de Wake Forest criaram um aplicativo para o iPad que transforma a tela sensível ao toque numa ferramenta de comunicação.
Com o VerbalVictor pais e responsáveis podem tirar fotos e gravar frases relacionadas a elas. Essas imagens são transformadas em botões na tela que a criança usa para se comunicar. Uma figura de um quintal, por exemplo, pode vir acompanhada de uma frase como "Quero sair para brincar". Quando Victor toca essa imagem, seus pais ou professoras sabem o que ele quer fazer.
O usuário grava a voz, então a criança tem alguma familiaridade com aquilo. Não é robótico
- O usuário grava a voz, então a criança tem alguma familiaridade com aquilo. Não é robótico - explica Paul Pauca.
O aplicativo deve estar à venda na iTunes App Store na semana que vem por US$ 10. Ele faz parte de um grupo cada vez maior de programas feitos para facilitar a vida de pessoas com deficiências. A categoria vem se expandindo tão rápido que a Apple criou uma listagem especial na loja online.
Novos aplicativos surgem a cada semana, desde o Sign4Me, que ensina língua dos sinais com avatares animados, até o ArtikPix, que ajuda professores e fonoaudiólogos a melhores a articulação das palavras em crianças.
- O aplicativo abre a mente dele para nós, pois podemos saber o que ele está pensando - diz a mãe de Victor, Theresa.
O menino é portador da síndrome de Pitt Hopkins, que atinge apenas outras 50 pessoas nos EUA. A doença atrasa o desenvolvimento de habilidade cognitivas, motoras e de linguagem. O progresso de Victor tem sido muito bom em vários aspectos - ele aprendeu a andar com dois anos, quando muitos na sua condição só conseguem com 10.
A família Pauca tentou várias dispositivos para ajudar seu filho. Muitos exigiam papéis para imprimir os símbolos, outros eram muito caros. Um modelo similar ao usado pelo famoso físico Stephen Hawking pode custar até US$ 8.200.
Paul Pauca, um professor de ciência da computação, decidiu que ele e alguns de seus estudantes podiam fazer melhor. Em janeiro começaram a trabalhar num aplicativo que tirasse proveito da versatilidade do iPhone - e depois também do iPad. Como o hardware já existia e o trabalho foi feito como parte da aula, não houve custo de desenvolvimento. O protótipo ficou pronto no meio do ano.
- Não somos uma grande empresa, por isso podemos vender o aplicativo por US$ 10 - diz Tommy Guy, um dos alunos de Pauca e agora candidato a doutorado na Universidade de Toronto.
Jim Tobias, presidente da empresa de consultoria Inclusive Technologies e especialista em tecnologia acessível, comemora o fato do programa usar um aparelho popular, que custa centenas de dólares e não milhares. Quem já tem um iPhone ou um iPad paga apenas US$ 10, "em vez de se arriscar gastando US$ 1.000" com máquinas especializadas, diz ele.
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário