Ao longo dos últimos anos nos
EUA, as estatísticas têm apontado para um número crescente de
pessoas diagnosticadas com autismo. Mas, apesar do crescente número de
diagnósticos, tanto nos EUA como em muitos outros países, os motivos que levam
a esse aumento na quantidade de crianças diagnosticadas ainda não estão claros
e vêm sendo debatidos pela comunidade científica internacional.
Há cientistas que alegam que fatores ambientais têm
ocasionado o surgimento de mutações genéticas raras, elevando
o surgimento dos casos de autismo no mundo. Outros cientistas
apontam que o aumento no número de crianças com autismo sendo
diagnosticadas teria relação com aumento da idade dos seus pais. E
existem ainda aqueles que acreditam que a emergência de um crescente
número de casos do autismo deve-se, simplesmente, ao fato de que a
comunidade médica tem tido mais facilidade em diagnosticar
o transtorno. Em consonância com esta terceira via de pensamento,
a Revista
Time publica estudo sobre o diagnóstico do autismo e divulga
uma pesquisa recente apresentada no periódico científico JAMA
Pediatrics, que reforça a tese de que o aumento do número de casos de
autismo deve-se às mudanças no processo de diagnóstico.
No estudo mencionado na
reportagem da Time, 677.915 crianças dinamarquesas nascidas entre 1980 e
1991 foram acompanhadas e monitoradas por pesquisadores até obterem
o diagnóstico de autismo – as que não obtiveram o diagnóstico foram
acompanhadas até o final do estudo, que encerrou-se em dezembro de
2011. Os pesquisadores atentaram-se às mudanças que ocorreram antes e
depois de 1994, já que, neste ano, a Dinamarca alterou os critérios
para diagnósticos psiquiátricos e o autismo passou a ser percebido
como um espectro de transtornos. Os resultados obtidos pelos pesquisadores
indicaram que um número maior de crianças foi diagnosticada com
autismo a partir de 1995 e, então, a equipe estimou que 60% do
aumento no número de casos de autismo diagnosticados naquele país pode ser
atribuído às mudanças nos critérios do diagnóstico que foram lá
implementadas.
De acordo com a Revista Time,
embora as conclusões do estudo refiram-se à Dinamarca, nos
EUA, assim como em outros países, mudanças similares nos critérios de
diagnóstico também aconteceram nos últimos anos. A reportagem menciona que em
maio de 2013 a Associação Americana de Psiquiatria divulgou novos
critérios para o diagnóstico do autismo através de uma reformulação
no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).
Segundo as diretrizes anteriores estabelecidas no Manual, as crianças
analisadas deveriam atender seis dos doze critérios
listados para poderem ser diagnosticadas com o autismo (ou com a
Síndrome de Asperger). Atualmente, o mesmo Manual estabelece que os distúrbios
devem ser enquadrados em uma categoria única (que passou a ser denominada
“transtornos do espectro do autismo”), sendo que os critérios necessários
ao diagnóstico tornaram-se mais específicos. O Centro de
Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, estima que cerca de uma em 68
crianças norte-americanas está no espectro do autismo, o que é 30% maior do que
as estimativas feitas pelo órgão em 2012. Stefan Hansen, da Universidade
de Aarhus na Dinamarca (e autor do estudo recentemente publicado)
afirma que este aumento pode relacionar-se com uma
maior consciência pública acerca do autismo. Para Stefan, o fato
de as pessoas se tornarem mais conscientes sobre o termo autismo ao longo
do tempo faz com que os pais acabem levando os seus filhos para
serem examinados com mais frequência.
A comunidade científica concorda
que mais pesquisas são necessárias para entender como outros fatores podem
estar contribuindo para o aumento dos casos de autismo diagnosticados em todo o
mundo. O CDC fez um anúncio recente de que, ao longo dos próximos quatro anos,
serão investidos mais de US $ 20 milhões para acompanhar a prevalência do
transtorno do espectro do autismo entre as crianças nos EUA. A reportagem
menciona que, com um acompanhamento melhor da prevalência do autismo, a
esperança é que a comunidade científica e as famílias afetadas possam
compreender cada vez mais o surgimento do transtorno.
Fonte: Inspirados pelo Autismo
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