As células-tronco desenvolvidas a
partir dos dentes se transformam em neurônios. A partir disso, é possível
entender melhor o que causa o autismo.
Pesquisadores de São Paulo estão
usando os dentes de leite de crianças em estudos sobre o autismo. A
pesquisa usa engenharia genética. A partir do dente de leite de crianças com
autismo, os pesquisadores conseguem desenvolver células-tronco que se
transformam em neurônios. Com isso, eles podem entender melhor o que causa o
autismo.
Rafael é só carinho com a mãe. O
menino foi diagnosticado autista quando ainda era um bebê, aos 15 meses. As
dificuldades dele alertaram os pais.
“A gente observou que ele tinha
de verdade um desenvolvimento muito diferente da minha filha mais velha. Muito
mais atrasado, entre aspas, do ponto de vista de fala, de início da tentativa
de comunicação”, conta Alessandra Camargo Ferraz, mãe de Rafael.
saiba mais
Agora, aos dez anos, Rafael é um
personagem importante em uma pesquisa inédita no Brasil. Os dentes de leite
dele e de outras crianças autistas vão para o laboratório de célula-tronco da USP e ficam sob os cuidados da doutora
Patricia e sua equipe.
“Assim que o dente chega aqui no
laboratório, a gente pega esse dente, extrai as células do recheio do dente,
coloca essas células em uma plaquinha e, a partir daí, a gente começa a nossa
brincadeira”, declara Patrícia Beltrão Braga, coordenadora da pesquisa.
Brincadeira é maneira de dizer.
Com base em uma descoberta do japonês Shinya Yamanaka, vencedor do Nobel de
Medicina de 2012, a cientista conseguiu reprogramar as células.
Dentro de placa estão
células-tronco adultas, que foram retiradas do dente. Os pesquisadores
colocam o vírus e elas se transformam em células-tronco embrionárias. É
como se elas voltassem no tempo, e essas células embrionárias podem se
transformar em qualquer tecido. Coração, rim, pulmão. E também neurônios. E
esse é o foco do estudo.
A ciência ainda conhece pouco
sobre o autismo. Sabe que causa alterações no cérebro, principalmente nos
neurônios. Com a pesquisa, os cientistas comparam os neurônios de uma criança
normal à de outra com a doença e começam a entender melhor como as células
funcionam.
O próximo passo é testar
medicamentos nesses neurônios e observar como eles reagem. “Se a gente
encontrar uma droga que seja capaz de reverter esse sintoma, de deixar essa
célula parecida com a de um paciente normal, que não tem autismo, a gente pode
acreditar que estamos muito perto da cura”, explica a coordenadora da pesquisa
É nisso que Alessandra acredita.
“Um adulto mais capaz, mais independente, mais forte, é tudo o que a gente
quer”, declara Alessandra.
Para esse trabalho continuar, os
pesquisadores da USP dependem da doação dos dentes de leite das crianças com
autismo, e já recebeu cem dentinhos.
Fonte: G1 Bom dia Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário