INTRODUÇÃO
Os graus de direcionamento
das atividades na aula variam de professor para professor; podem ser
classificado em escala que vai do controle absoluto á situação em que é deixada
liberdade de iniciativa aos alunos, com pouca interferência. Num extremo temos
o que muitas vezes é definido como professor tradicional, no outro aquele
professor considerado aberto e moderno. Se observarmos bem a maior parte dos
professores situam-se em posição intermediária. O estilo de ensino está ligado
a peculiaridade do professor. Em geral, o professor impõe sua personalidade e
por isso determina um “estilo” na condução da classe.
O conhecimento é o processo
pelo qual o homem tem a possibilidade de interferir na natureza, transformá-la
e adaptá-la as suas necessidades.
A aprendizagem se modifica
na história e passa pela visão de homem e de mundo que possuí.
No processo ensino
aprendizagem o ser humano é capaz de reter na memória: usar os elementos
(apreendidos) em outras situações: transmitir para outros (socializar/mediar) e
permitir o aperfeiçoamento e a evolução científica.
No processo ensino
aprendizagem existe duas relações importantes:
Inter-psíquica = é a relação
aluno/professor/cultura (sala de aula);
• Intra-psíquica = é a
interação (síntese) que faz de um temática com outros conhecimentos já
adquiridos e com outros mediadores.
É estabelecer e mostrar o
estado em que se encontra o ensino-aprendizagem. Buscando como principal alvo o
aluno, através dos métodos da construção de conhecimentos. Transmitir
conhecimentos é determinar a aprendizagem a direção de classe está interligada
a situação de ensino. Podemos assim dizer que a direção de classe é um dos
fatores que leva o educando a formar e sistematizar determinados conhecimentos.
Há, porém vários discursos
em relação ao não diretivismo, alegando as diferenças individuais, criatividade
e respeito ao aluno, tendo como princípio que o aluno aprende o que quer e na
hora que estiver disposto a querer aprender.
Senso assim o professor fica
dispensado de ensinar pelo exposto houve uma confusão entre o respeito a
individualidade, e a criatividade, pois a educação é um processo diretivo.
Mesmo quando do professor educador deixa o aluno descobrir por si próprio tem
muitos objetivos a serem alcançados.
O educando constrói seu
próprio conhecimento ao aprender a diretividade na educação em geral, e no
ensino em especial é uma questão de grau.
Todos somos educadores e
educandos, ao mesmo tempo. No momento que ensinamos e somos ensinados nas
diversas circunstâncias de nossas vidas.
Antes de ser professor
devemos ser educadores protagonistas do novo, revendo, prevendo e organizando,
só assim podemos apresentar aos alunos situações didaticamente estruturadas no
sentido de auxiliá-los a perceber, generalizar e formar o conhecimento,
transformando-o num conhecimento cientificamente estruturado. Por isso a
direção de classe é uma necessidade como forma de estabelecer e propor
atividades de ensino–aprendizagem.
A direção de classe propõe:
Planejar as aulas;
Selecionar e estruturar os
conteúdos;
Prever e utilizar
adequadamente recursos incentivados e materiais audiovisuais;
Organizar atividades
individuais e em grupos interessantes e bem dosadas, que auxiliem o aluno na
construção do conhecimento;
Avaliar continuamente os
progressos realizados pelos alunos, mostrando os seus avanços e dificuldades, e
como podem aperfeiçoar o seu conhecimento.
Sugestões:
Prever os conteúdos e
atividades a serem desenvolvidos, bem como seus objetivos, interesses e
necessidades a nível do aluno. Planejando de forma flexível, satisfazendo as
reais necessidades do aluno.
Buscar fazer o aluno
participar com sugestões planejando a aula.
Clarear qual o objetivo que
se quer chegar com este ou aquele conteúdo.
Adotar atividades de diálogo
no seu dia á dia de docente na sala, não esquecendo da experiências anteriores.
Propor-lhes atividades
desafiadoras, situações problematizadoras, nas quais eles tenham que descrever,
falar, relatar, dialogar ,escrever, comparar , observar, localizar etc.
Ao expor um novo conteúdo,
verificar nos alunos novas experiências sobre tal assunto, buscando
relaciona–los sempre com a realidade diária dos alunos.
Ocupar o aluno o tempo todo,
com constante atividade, pois o trabalho garante também disciplina.
Perceber os avanços dos
alunos no processo de construção do seu conhecimento, avaliando continuamente,
fornecendo-lhes os resultados, não só com a nota mas mostrando os meios pelos
quais foram avaliados (prova, trabalho, etc.) e no que erraram ou acertaram e
como podem melhorar em todos os aspectos.
Ser breve na correção e
retorno das avaliações, pois quanto mais o retorno mais rápido os alunos
poderão corrigir-se e avançar na construção de seu próprio conhecimento.
Motivar os alunos para que
eles mesmos pratiquem a auto-avaliação, com atitudes críticas sobre seu
comportamento e em relação a seus próprios conhecimentos.
Enfatizar o progresso dos
alunos no seu processo de aprendizagem quanto ao esforço e valorização.
Dividir distribuindo tarefas
e funções de maneira que permita que cada aluno participe e coopere ativamente
da aula .
Lembrando que cada região
encontramos realidades diversificadas, como também encontramos cada classe com
sua particularidade. Realidades diferentes com características próprias requerem
que cada professor (educador) busque seu próprio aperfeiçoamento de
aprendizagem onde encontrará um caminho próprio para cada realidade e cada
classe diferente, se mostrando aí antes de ser um professor ,ele é um educador
por excelência.
No entanto vale lembrar aqui
que todo professor enquanto indivíduo tem sua personalidade orientada por
valores e princípios de vida, que direta ou indiretamente influi no seu
comportamento (atitudes) diária. Não esquecendo que o educador auxilia na
formação da personalidade do educando. Na relação professor–aluno o diálogo é
indispensável.
O professor tem duas funções
básicas: incentivador e orientador. Quanto há disciplina e fórmulas prontas
depende muito da postura de cada professor, sendo sua postura dependente da linha
da diretoria da instituição sendo também a postura relacionada com o estilo de
cada classe que varia muito. Professor–aluno devem sempre propor, analisar e
discutir juntos qualquer assunto. Motivação é um processo psicológico, que
depende de cada aluno e do seu nível de aspiração.
1.1 VERDADEIRA CONTRADIÇÃO
Como inverter o sentido
deste movimento? Como cortar esse círculo vicioso desagregador e estéril? Será
que, como dizem os conciliadores, a solução está no meio da contradição
repressão/liberdade? Não, o rompimento com este círculo vicioso se dá com a
compreensão de que a contradição “liberdade e repressão” é falsa, que só serve
para a desorientação pedagógica, dissipando sua energia criadora. Que a
verdadeira questão que se coloca para a construção do trabalho de sala de aula
se refere à participação coletiva e ativa.
1.2 PARTICIPAÇÃO ALIENADA E
PASSIVA
Participação alienada e
passiva é o que caracteriza a “integração” do aluno, de forma geral no processo
educacional como um todo. É um dado de partida, que existe objetivamente e que
não é específico de uma escola. Quando colocamos que o “aluno alienado” é nosso
ponto de partida, estamos nos referindo a um amplo processo social que torna a
pessoa como objeto, que embrutece os seus sentidos, que a torna egoísta e
preconceituosa, competitiva e agressiva, incapaz para um relacionamento
cotidiano de respeito franco (não formal) e coletivo. E como tal atinge tanto
os alunos quanto os professores.
Temos, na sala de aula,
tantos microcosmos quantas forem as pessoas lá presentes, cada uma com sua
história, seu quadro de valores, suas expectativas e ansiedades, seu potencial
intelectual, suas situações afetivas (remotas e recentes), suas idéias e
crenças, sua visão de mundo, sua classe social, tipo físico, sua participação
em grupos exclusivos (que às vezes possuem até linguagem), etc. O processo de
alienação e objetivação transforma todas estas diferenças em elementos de
competitividade e fechamento. E as desigualdades, mesmo que ocorram entre
“iguais” (como os alunos), transformam-se em verdadeiros abismos que separam
brutalmente as pessoas umas das outras. Acrescente-se a este mundo um elemento,
o professor, cuja função se destaca e se diferencia por sua própria dinâmica e
teremos uma brutal separação: a “terra de ninguém” que separa as duas
trincheiras é exatamente esta alienação.
Este processo de objetivação
não separa apenas as pessoas umas das outras. Separa uma pessoa, também, de si
própria. Os nossos destinos se desenvolvem sem que neles tenhamos quase que qualquer
interferência. Eles já se encontram determinados por um jogo cego e
inconsciente que independe da vontade de seus participantes: os alunos lá estão
porque a família assim determinou a esta determinação familiar não se origina
numa escolha de valores humanistas, mas geralmente de uma concepção
“financeira”, de manutenção ou de ascensão de status. Já o professor, que
descaminhos o conduziram para a sala de aula, onde o desânimo, a passividade, a
quase completa falta de estímulos predomina? São quase inexistentes os impulsos
conscientes que motivam o indivíduo a compor a sala de aula, seja aluno ou
professor. Porém eles estão lá, “forçados”, contra a vontade, submetidos a um
mecanismo cego e incompreensível. É este processo automático e mecânico da alienação
que toma a participação em sala de aula (tanto do aluno como também do
professor) totalmente passiva.
Esta separação brutal dos
indivíduos e a sua passividade mecânica são processos objetivos que brotam
diretamente do organismo social. As pessoas isoladamente não são culpadas, a
culpa encontra-se na relação social, que estrutura as pessoas sob a violência
objetivada. Ora, como podemos ter a ilusão de que um dos participantes deste
turbilhão, o professor, consiga desencadear um processo de aprendizagem num
universo tão diversificado quanto este? Se suas palavras não têm o mesmo
significado para as diferentes pessoas, se as expectativas são as mais
diversas, se o próprio conteúdo que o professor pretende passar não tem nada a
ver com a realidade de cada um, sendo que, muitas vezes, o próprio professor
não sabe justificar o porquê daquele conteúdo, a não ser com saídas evasivas
como “é matéria obrigatória”, “vai precisar no vestibular”? Como dizem que há
educação, se cada um mal conhece interesses imediatos, preconceitos,
superficialidade, funcionalidade? Se a vida tem que ficar de fora? Se não há
respeito pelo desejo de aprender de alguns, por parte daqueles que, em nome de
uma pseudo-liberdade, entregam-se a um vandalismo educacional?
Ao não perceber que o
processo de alienação e objetivação é um processo social, que se dá nas
relações entre as pessoas, o professor sucumbe, passa ver nos alunos a culpa,
ao invés de compreendê-los como vítimas que, igual a ele, encontram-se
triturados e amortecidos pela “morte em vida” da alienação. A partir deste
ponto o professor cai de cabeça nesta inconsciência coletiva. Já não consegue
distinguir entre liberdade e desrespeito coletivo, não se interessa mais em
motivar os alunos. Perde a sensibilidade de aprofundar o que é de interesse
geral e se perde em minúcias ou interesses particulares. Porém educar é romper
esta cadeia de alienação, é ativar o corpo e a mente, é desenvolver todas as
potências lógicas e afetivas, é fazer funcionar “cada um dos 16 bilhões de
neurônios”, verdadeiras usinas nucleares de criatividade. Então, como educar?
1.3 PARTICIPAÇÃO COLETIVA E
ATIVA
Ora, se a culpa é de relação
entre os indivíduos isolados, é esta relação que deve ser o nosso alvo
prioritário. Se as pessoas encontram-se brutalmente separadas, se existe “uma
terra do ninguém” entre elas, é necessário atravessá-la, quebrar os muros de
bloqueio, unir os microcosmos num universo criador. É necessário resgatar a
humanidade perdida, quebrar o automatismo e a passividade da participação, tornando
as pessoas conscientes e senhoras de seus destinos.
Repetindo: se a culpa é da
relação social, é necessária transformá-la, em nossa escola e na sala de aula.
Criar uma nova relação educacional entre os agentes da nossa comunidade. É esta
nova relação que vai gerar novos homens. A participação alienada e passiva
devemos, pois, opor a participação coletiva e ativa.
O aspecto coletivo da
participação deve ser visto, não como um processo despersonalizador mas, pelo
contrário, como o principal instrumento de construção de individualidade. Se a
realização da humanidade e das pessoas acontece quando elas sentem que
contribuem para a construção da felicidade coletiva; se a felicidade nunca pode
ser encarada como um bem individual, mas sim um bem coletivo; se o “mal” não
reside nas pessoas, mas nas relações entre as pessoas: então, a construção de
coletividade onde estas relações se transformam, perdendo seu caráter
embrutecedor, onde as pessoas se respeitam francamente, onde o relacionamento
não seja intermediado por preconceitos e agressões, onde o homem deixa de ser
uma coisa, é o meio mais eficaz de ser formar individualmente participantes de
forma ativa e responsável.
O fator predominante na
dinâmica interna em sala de aula é o posicionamento do professor. A medida que
o professor vai se posicionando, as coisas vão caminhando. Porém é preciso que
sejam repousados em conhecimentos transmitidos, como também no modo de
transmissão do professor.
O melhor livro didático
poderá ser inadequado e o trabalho ficará comprometido, pois ele apenas propõe
caminhos, estimula buscas, sugere roteiros que, no entanto, podem despertar
amplas e fecundas possibilidades. A maior parte dos livros didáticos apresentam
apenas uma face da realidade, não falsa, mas muitas vezes, pouco representativa
para a maioria dos alunos.
A transmissão de um conjunto
de conhecimentos desvinculado do cotidiano deles ou a quem se destina, de um
saber pronto e acabado, sempre ocupou o primeiro plano das preocupações de
muitas escolas voltada basicamente para a consolidação e manutenção da
dominação econômica, política e ideológica da sociedade capitalista. Ao
contrário de levar os alunos a um conhecimento mais profundo da realidade e a
um posicionamento crítico frente a essa realidade, a aula na maior parte das
vezes, parece servir apenas a propósitos de memorização.
Há professores que parecem
esquecer que para a assimilação dos assuntos, importa não só a quantidade como
também a qualidade dos conteúdos. O relacionamento com a realidade vivencial do
aluno é necessária a fim de levá-lo a pensar criativamente, a resolver
problemas, a manipular idéias, a fim de proporcionar-lhe também liberdade para
explorar e experimentar, em fim, de conduzi-lo á reflexão e a ação. É de suma
importância a presença do professor na prática diária de sala de aula, pois
cabe a ele a tarefa, tão necessária, deve fazer com que o conteúdo do livro
didático torne-se reflexo dos diferentes pontos de realidade que é dinâmica e
mutável.
“(…) Aquelas respostas a que
o aluno aspira, tem necessidade de ser guia do professor.”
Reformular e enriquecer cada
conteúdo, desenvolvido e facilitando a capacidade de percepção, aprender uma
totalidade mas ampla e universal pois somos nós, professores, os responsáveis
pela consciência crítica que nossos alunos obtém entre outras situações, pela
vivência coletiva, pela pesquisa do livro didático, da maneira cômoda adotado
por alguns professores não permite que tal fato ocorra.
Indagações a respeito do
plano de curso que leva em considerações os conteúdos abordados, os objetivos a
serem atingidos e as estratégias a serem empregadas em cada unidade, anexo ao
livro didático. Verifica se que o trabalho de alguns professores se limita a
reproduzir tópicos de programas de ensino. Estes professores se fazem
“repetidos” pois não interrogam-se sobre aquilo que transmitem, e os alunos,
sobre o que executam.
Cabe ao professor preparo e
senso crítico para a adaptação dos conteúdos metodológicos de ensino e
avaliação da realidade da clientela escolar. Parece existir uma preocupação
acentuada de alguns professores em preparar os alunos para as provas. Não
procuram relacionar com a aprendizagem anterior e a realidade vivênciada pelos
alunos, fazendo com que os conteúdos do livro didático, muitas vezes, pareçam
abstratos e de difícil compreensão.
Os professores eliminam a
etapa reflexiva da leitura ao fazer com que os alunos se encaixem na
interpretação fornecida no manual do professor, certa, pronta e acabada. Fica
reforçada a idéia de que o mais importante é a técnica de leitura em si, nada
mais. O texto, como é apresentado, não ajuda a desenvolver nos alunos a
reflexão, a criatividade e a criticidade. Transformando-os em consumidores
passivos de mensagem. Professor é aquele que guia e que tem autoridade para
guiar. É preciso reagir elevar os alunos a problematizarem, questionarem e
aprovarem com criatividade.
É preciso que o professor
ouça e se faça ouvir, faça com que os alunos não só compreendam as idéias
vinculadas pelos autores mas, os levam também a posicionarem-se diante delas,
dando início ao confronto das idéias evidenciadas. A partir da dinâmica interna
de sala de aula, do relacionamento professor-aluno, é possível também descobrir
formas de influenciar a dinâmica externa para tentar modificá-la e não apenas
constatar sua existência. Neste enfoque, a utilização do livro didático, a
análise da transmissão do conhecimento pelo professor diz respeito não somente
ao “como”, mas principalmente ao “que” e ao “quando” se ensina. Deve partir em
primeiro lugar do reconhecimento do contexto do qual e a partir daqui uma certa
mensagem esta sendo transmitida.
O professor deve ser aquele
que vai buscar caminhos, formas de organizar e executar o trabalho pedagógico
que respondam a uma nova concepção de educação, que definam outros fins e que
exijam novas metodologias. Nesta nova postura, o livro didático, a mensagem
transmitida por meio da linguagem oral e escrita tem outro sentido, partido do
aluno real que vive numa sociedade real, os fins últimos são a
instrumentalização do aluno para a modificação da sociedade. Este processo
ocorre na medida em que o professor e o aluno, ao utilizarem o livro didático.
Sintonizam o conteúdo discutido com o contexto escolar e cultural mais amplo.
Utilizando-se de estratégias
variadas, alguns professores procuram trabalhar os mesmos assuntos de novas
formas, não tornando o assunto cansativo, cada nova unidade exercícios de
revisão já vistas. “(…) Aprende-se muito através do uso de procedimentos e
atividades variadas e, principalmente da discussão dos erros (… )” – professor.
Dependendo da ocasião, aponta-se fontes complementares para os assuntos
estudados, incentiva-se o uso da biblioteca mostrando-se, de certa maneira,
abertos a intervenção dos alunos.
Uma das formas para resolver
o problema da dificuldade de certos exercícios que constavam no livro é
aumentar o número de exemplos até se tornarem familiares aos alunos. Através
dos mais variados exercícios, o aluno pode aprender e chegar a conclusões
normativas, anulando o trabalho de pura repetição. Na correção dos exercícios,
transcrever todas as questões no quadro e a parte de sua análise e correção,
utilizar dos acertos e dos erros para ensinar os alunos a encontrarem os
“concertos” possíveis, a compreenderem melhor, assim diminuía a possibilidades
de repetição mecânica.
Partindo de situações
típicas de mensagens orais e mesmo gírias, pedir aos alunos que a traduzam para
a linguagem formal e vice–versa. A valorização da própria linguagem dos alunos,
mostra-lhe a diferença entre linguagem coloquial (formas de expressão de acordo
com a cultura que pertencem) e a linguagem culta (de acordo com as normas
gramaticais). Para a correção das falhas é preciso naturalidade de expressão e
a espontaneidade na comunicação.
Após a determinada leitura
de um texto didático observou-se série de rupturas, em relação ao texto
original, haviam contradições entre a realidade textual e o contexto
relacionado com a vivência dos alunos. Devemos procurar ser cada vez mais
ligações em nossas idéias e atividades. Antes de abordarem qualquer texto, os
professores devem preparar o tema, procurar despertar o interesse da classe
para o tema falando sobre o autor, discutindo a importância ou a atualidade do
assunto ou ainda comparando-a com a experiência pessoal dos alunos. O professor
pode pedir comprovação, fazendo perguntas do tipo: “como você pode justificar
essa resposta”. Não se deve constatar com a simples obtenção da resposta certa.
Percebe-se que as respostas
no livro do professor constitui apenas uma sugestão, pois os professores
aceitam dos alunos respostas que revelem ser possíveis diante de um texto,
mesmo que não corresponda exatamente ao que constata no manual. Na verdade é
com as suas experiências pessoais que o aluno constrói a síntese da sua própria
conclusão. Devemos levar o aluno a se conscientizar de que os exercícios sobre
um material escuro não objetiva a simples guarda ou memorização, mas o
compreender e a crítica.
Construção da participação
coletiva e ativa:
- Ao professor cabe, pois
dirigir o processo de construção de coletividade da sala de aula. E esta
direção não pode ser guiada pelos parâmetros de contradições
liberdade/repressão, mas sim pelos da coletividade/alienação. O professor como
coordenador do processo não pode ser omisso, mas profundamente ativo.
Relacionamento:
- Muitos professores costumam
deixar levar-se por situações que não são significativas para toda a classe,
mas apenas a um pequeno grupo e até, para um só aluno. Não deve perder de vista
nunca o trabalho coletivo e a partir dele dar respostas as diferentes
solicitações, evitando sempre que uma só se imponha as outras, mesmo que
partindo dos mais brilhantes alunos.
O educador deverá estar
atento para os preconceitos, que são os fatores de marginalização, frutos da
ideologia dominante. Há que agir sobre eles sem discursos cansativos, mas com
firmeza e decisão suficiente que demonstram claramente o erro e que abre o
caminho da correção. Há que estar atento aos alunos mais frágeis, que escapam a
coletividade ou que resistem a ela, e saber desenvolver uma ação paralela de
orientação, dar ao aluno condições de compreender as origens de seus desvios e
que permitam a superação dos mesmos.
A construção do
relacionamento humano é fundamental para o processo educativo. Os próprios
alunos percebem que uma classe unida, onde há calor humano, respeito aceitação,
é motivo de “dar gosto de vir para escola”, ajudando, inclusive, a lidar com
seus defeitos.
A construção da coletividade
em sala de aula e da escola não tem nada a ver, devido a massificação. Pelo
contrário, quando o professor se volta para o trabalho coletivo e tem nele a
principal referência, é quando melhor vai poder avaliar os seus alunos e a si
mesmo, como integrantes da verdadeira prática libertadora.
2.1 AUTO-QUESTIONAMENTO
A construção da coletividade
na sala de aula exige um auto-questionamento constante do professor. “Será que
tenho convicção de que estou transmitindo algo importante para os meus alunos,
ou considero que a matéria que ensino é chata ou de pouca importância para a
vida deles? Tenho me preparado (dentro das limitações) para as aulas ou vou
apenas pelas experiências dos anos anteriores? Tenho procurado formas adequadas
de trabalhar o conteúdo? Que tipo de relacionamento tenho tido com os alunos
(em termos de maioria): confronto, defesa, agressão, compreensão, afetividade,
competição, hostilidade, poder, ameaça ou amizade, respeito, diálogo,
interesse, incentivo, desafio construtivo, motivação? Tenho jogado a culpa só
nos alunos: vocês são alienados, individualistas, consumistas, irresponsáveis,
bagunceiros, infantis, eximindo-me de qualquer responsabilidade? A consciência
crítica começa pela autoconsciência.”
2.2 DIÁLOGO E PODER
Um relacionamento novo na
construção da coletividade só se fará pelo diálogo franco; professores que estão dando aula apenas por
uma necessidade econômica, ou não tem afinidade psico-afetivas para trabalhar
com tal faixa etária, ou que cometam erros no decorrer do processo; que tem
limitações sensíveis, etc. Por mais difícil que possa ser este tipo de diálogo
é muito importante, pois as contradições podem aparecer e fica mais fácil,
tanto para a classe, quanto para o professor, trabalhar com elas.
Para haver diálogo
verdadeiro não pode haver formas agressivas de pressão e de poder. Isto é quase
impossível na escola, pois o professor detêm o poder numa série de situações
(notas, advertências, etc.). Entretanto, considerando o objetivo comum de
melhorar as aulas, o professor deverá abrir mão, o mais possível de algumas
destas formas de poder. Por outro lado, o poder pode ser utilizado, de forma não
agressiva, para o bem da coletividade. Para tanto, deve ser legitimado por essa
coletividade e novamente a legitimação é o diálogo. É necessário que cada ato
deste poder tenha o seu conteúdo o mais claro possível.
Por que deve haver
necessidade de exercer este poder? Devemos estar atentos para o fato de que
quando se inicia um processo de transformação, a primeira resposta pode não ser
a melhor, pois é fruto de autoritarismo assimilado, lembrando a questão do
opressor e do oprimido, levantada por Paulo Freire. De modo geral podemos dizer
que, se fossemos identificar opressor e oprimido numa sala de aula, os alunos
ficariam como oprimidos. Pois, cada oprimido “hospeda” um opressor dentro de si
(modelo que foi assimilado pela própria educação hierarquizada).Temos que
reconhecer que temos limitações, mas também muitas possibilidades inexploradas
pedagogicamente.
2.3 CONDIÇÕES INICIAIS DE
TRABALHO
Para que o trabalho em sala
de aula possa se desenvolver, há necessidade de se terem condições mínimas
favoráveis; estas condições devem ser construídas pelos elementos participantes
do processo educativo; deve-se destacar que a responsabilidade pela obtenção
desse ambiente de trabalho é tanto do educador quanto dos educandos:
freqüentemente esperamos que outros, os superiores nos passem as ordens, pois
vivemos numa sociedade marcada pelo mando e desmando, estruturada de cima para
baixo. A sociedade é dominada pelos adultos; na sala de aula o professor
representa o mundo dos adultos e isso já contribui para a criança ou jovem. Ter
um tipo de comportamento semelhante aquele que ele tem fora da escola com os
adultos que o rodeiam (agressão gratuita). As relações que são estimuladas
geralmente são as de obediência, submissão, silêncio, enfim de repressão de
toda possibilidade de manifestações interior mais autênticas e criativas.
O que fazer? Existem
inúmeras variáveis envolvidas no processo, mas o fato é que queremos e
precisamos dar nossas aulas, e da maneira mais satisfatória possível. Apesar
que, aparentemente, a partir do velho a perspectiva é nova: a superação do
velho; o que não pode ocorrer é parar no meio do caminho, pois aí seria, de
fato, o velho. Não podemos partir do pressuposto do falso, que todos os alunos
sabem por que estão na escola, na cabeça deles há uma mistura entre bagunça e
espaço para liberdade.
O professor tem uma
proposta, sendo em grande parte de sua responsabilidade, garantir que ela
aconteça, uma vez que sabe onde quer chegar, sabe o que quer e está
comprometido com o trabalho; assim não basta ensinar, deve estar atento para
que o ensinado seja aprendido (só há ensino quando há aprendizagem).
Uma classe é um conjunto de
pessoas diferentes; neste ponto entra a necessidade da clareza, para poder
assumir um certo grau de firmeza quando for preciso. “Não se trata do fim
justifica o meio”, mas de usar o meio preciso, coerente com o fim, numa visão
de totalidade. Não se perde a ternura quando se sabe porque se endurece. Vale
lembrar a frase de Santo Agostinho “Odeie o pecado, mas ame o pecador”.
Essas considerações são
apenas indicações de início de trabalho. Efetivamente o grande desafio é a
construção da proposta educacional no seu cotidiano de sala de aula; aí sim é
que teremos que possibilitar a superação de uma participação passiva e alienada
por uma participação ativa e coletiva; entendemos que sem um clima de trabalho,
por melhores que sejam as intenções, nada se fará de significativo. Trata-se de
lutar contra aquilo que impede a efetivação da educação libertadora. É
necessário uma tomada de posição do educador diante do ato educativo: assumir
uma postura pedagógica fundamentada. Trata-se realmente de defender um tipo de
educação educativa. Construção da participação coletiva e ativa supera a
pseudo-educação do repressor, supera também os limites da sala de aula e se
abre para um compromisso de transformação da sociedade.
Pela proposta não queremos
formar populistas de belos discursos e práticas fascistas. Desejamos contribuir
na formação de pessoas competentes em conhecimentos, inseridas e comprometidas
com a realidade, humanizadas, capazes de gerar uma sociedade nova.
A nova sociedade é sonho,
utopia e horizonte, mas plenamente realizável. É sociedade onde o saber, o
poder, o possuir e o viver sejam plenamente socializados.
GRAMSCI. Os intelectuais e a
Organização da Cultura. 4ª ed. Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 1982.
LIMA, L. C. Vasconcelos. C S
– Revista Ação Pedagógica. Número 01. São Paulo, 1984.
VASCONCELLOS, C. S.
Subsídios Metodológicos para uma Educação Libertadora na Escola. São Paulo,
Libertad, 1989.
Apostila Fornecida Durante o
Curso de Didática pela Professora Responsável.
Autora: Margarete
Cristina Bolson
Fonte: Pedagogia ao Pé da
Letra
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