Tradução Claudia Marcelino.
Science
Daily (14 de setembro de 2012) - As pessoas com autismo sofrem de um
transtorno invasivo do desenvolvimento do cérebro, que se torna evidente na
primeira infância. Peter Scheiffele e Kaspar Vogt, professores do Bio centro da
Universidade de Basel, identificaram uma disfunção específica em circuitos
neuronais que é causada pelo autismo. Na revista Science, os cientistas também
relatam sobre o seu sucesso em reverter essas mudanças neuronais. Estas
descobertas são um passo importante no desenvolvimento de medicamentos para o
tratamento para o autismo.
Segundo estimativas atuais,
cerca de um por cento de todas as crianças desenvolvem um transtorno do
espectro autista. Indivíduos com autismo podem apresentar comportamento social
prejudicado, padrões rígidos de comportamento e desenvolvimento da fala
limitado. O autismo é um distúrbio hereditário de desenvolvimento do cérebro.
Um fator de risco principal para o desenvolvimento de autismo são inúmeras
mutações em mais de 300 genes que foram identificados, incluindo o gene
neuroligina-3, que está envolvido na formação de sinapses, a junção de contato
entre as células nervosas.
A perda da neuroligina-3
interfere com a transmissão do sinal neuronal.
As consequências da perda de
neuroligina-3 podem ser estudadas em modelos animais. Camundongos sem o gene
para a neuroligina-3 desenvolvem padrões comportamentais que refletem aspectos
importantes observados no autismo. Em colaboração com o laboratório Roche
grupos de pesquisa da Universidade de Basileia já identificaram um defeito
no sinal de transmissão sináptica que interfere com a função e plasticidade dos
circuitos neuronais.
Estes efeitos negativos são
associados com o aumento da produção de um receptor de glutamato neuronal
específico, o qual modula a transmissão de sinais entre os neurônios.
Um excesso desses receptores
de glutamato inibe a adaptação do sinal de transmissão sináptica durante o
processo de aprendizagem, assim perturbando o desenvolvimento e função do
cérebro, a longo prazo.
Da maior importância é a
constatação de que a impossibilidade de desenvolvimento do circuito neuronal no
cérebro é reversível.
Quando os cientistas
reativaram a produção de neuroligina-3 em ratinhos, as células nervosas
reduziram a produção de receptores de glutamato para um nível normal e os
defeitos estruturais no cérebro típico para o autismo desapareceram. Assim,
estes receptores do glutamato podem ser um alvo farmacológico adequado, a fim
de parar a desordem de desenvolvimento do autismo, ou mesmo inverter isto.
Visão para o futuro: Medicação para o autismo:
O autismo atualmente não pode ser curado. Atualmente, apenas os sintomas da doença podem ser aliviados por meio de terapia comportamental e outros tratamentos. Uma nova abordagem para o tratamento, no entanto, foi descoberta por meio dos resultados obtidos neste estudo. Em um dos projetos apoiados pela União Europeia, EU-Aims, os grupos de pesquisa da Biozentrum estão trabalhando em colaboração com a Roche e outros parceiros na indústria sobre como aplicar os antagonistas dos receptores de glutamato para o tratamento do autismo e esperança, de que, no futuro, esta desordem possa ser tratada com sucesso em crianças e adultos.
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